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Tião precisa de uma bandeira além do antirrosalbismo

Política é símbolo. O empresário Tião Couto (PR), atualmente candidato a vice-governador, não tem sido bem orientado neste sentido. Não se trata de ocupar espaço por ocupar ou se posicionar na oposição por se posicionar. É preciso muito mais do que isso e propostas para engajar uma parcela da sociedade.

A disputa presidencial polarizada está aí para nos ensinar um pouco sobre tudo isso. De um lado temos Jair Bolsonaro (PSL) com uma pauta conservadora nos costumes, liberal na economia e, principalmente, usando e abusando do argumento da honestidade para se proteger de eventuais ataques. Do outro lado temos o PT representado por Fernando Haddad se pautando nas políticas inclusivas dos governos Lula e Dilma e usando-as como escudo no tema corrupção.

No centro os candidatos que vão ficar de fora no segundo turno não conseguiram abraçar nenhuma das simbologias que vão além das meras ideologias.

Nas eleições de 2016, Tião teve quase 52 mil votos ao conseguir encarnar o antirrosalbismo. Naquele momento isso por si só valeu a pena, mas para um projeto de longo prazo é preciso muito mais do que isso.

Para se tornar de fato um ativo eleitoral o empresário travestido de político precisa ter uma bandeira de luta, uma causa a defender. Até aqui ele segura-se num atirrosalbismo que tem valor enquanto a gestão dela for impopular. Se a administração municipal apresentar sinais de melhora o republicano terminará pregando apenas para convertidos se afastando do grosso do eleitorado.

Tião tem diante de si um grupo com tradição e símbolos. Não me refiro aqui a “rosa”, mas a algo que vai além no imaginário popular. A prefeita é carismática e tem em torno de si a simbologia de que só ela dá jeito em Mossoró. “Se não está dando certo com a Rosa não dará com outro”, pensa o cidadão médio.

Combater a prefeita apenas batendo nela é uma estratégia preguiçosa de quem planeja o marketing de Tião. Desconstruir é importante, mas o adversário não pode ser dependente de uma única ação.

Só bater na gestão de Rosalba Ciarlini (PP) é pouco e joga Tião na vala comum da politicagem que sempre marcou a antiga polarização Rosado x Rosado. Assim ele apenas ocupa o espaço ocupado antigamente pelo sandrismo sem acrescentar nada para si.

É preciso fazer uma crítica honesta a gestão, mas é preciso provar que pode fazer melhor.

Se Tião seguir apenas nessa linha, sem uma simbologia para chamar de sua, fará de Rosalba uma vítima e ficará dependente do desempenho dela para crescer ou não para 2020.

Isso não fideliza eleitorado.