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Análise

Desembargador usa argumento de tiozão do zap para desobrigar passaporte vacinal em Natal

“Inexiste comprovação de que a medida estadual seja capaz de arrefecer os efeitos da pandemia no sistema de saúde, na medida em que os documentos trazidos pelo MP, com chancela da Secretaria estadual de Saúde, demonstram um crescente e vertiginoso aumento do número de casos e internação, mesmo com mais de 70% da população completamente vacinada”.

Não. Essas aspas não foram retiradas de uma postagem de um tiozão do zap. Faz parte de uma decisão judicial assinada pelo desembargador Virgílio Macedo que derrubou a liminar que obrigava o prefeito de Natal Álvaro Dias (PSDB) a cumprir a cobrança do passaporte vacinal no comércio, em especial nos shoppings.

Como bom tiozão do zap, Macedo tomou a decisão com base em um argumento sem base técnica, enviesado, pautado pelo achismo e ignorando os dados mais relevantes.

Macedo não levou em consideração que 86% das mortes por covid são de não vacinados e que esse número sobe para 95% se incluirmos os que tomaram apenas a primeira dose. Além de não levar em consideração que 84% dos internamentos são de pessoas que abriram mão de tomar a vacina.

São dados do LAIS/UFRN que o desembargador não levou m consideração ao tomar uma decisão que é a cara da elite natalense.

Ele ignorou que o passaporte vacinal aumentou a procura pelo imunizante em 347% nos primeiros dez dias.

O desembargador adotou um argumento antivax por ignorar os benefícios da cobrança para a saúde coletiva.

Não por acaso Natal é a capital nordestina com maior número de internados por covid. Lá o vírus tem aliados em vários setores da sociedade, sobretudo na elite mesquinha e ignorante.