Um dia cinzento

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Acordei por volta das 6h30 e fui para a academia tentar cuidar um pouco da saúde para garantir um pouco mais de tempo neste mundo. Sem tempo a perder não liguei a TV nem olhei o celular. Chegando lá olho a TV e vejo Galvão Bueno falando. Antes de prestar atenção no que era dito fiquei me perguntando: “o que ele está fazendo a essa hora?”. Afinal de contas naquele momento deveria ir ao ar o Bom Dia RN.

Ainda sem entender perguntei a instrutora. Só quando ela me explicou a ficha caiu. Eu não queria acreditar. Hoje não tive a menor vontade de escrever, confesso. Poucos dias na minha vida não senti vontade de trabalhar. Não só por ser amante do futebol, mas por ser acima de tudo humano não consegui ficar um minuto sequer sem pensar no que aconteceu na madrugada de hoje.

Como pode jovens, no auge da carreira, fazendo o impossível, um clube de pouca expressão se tornando modelo para um país inteiro… uma tristeza tomou conta do meu coração.

Quem me conhece de perto sabe que odeio pegar a estrada para viajar. Por isso vou pouco a Natal rever amigos e parentes, por isso meu lazer é sempre restrito a Mossoró. Talvez por isso minha esposa sempre diga que sou “cangueiro na cidade e piloto na estrada”. Deve ser meu instinto de sobrevivência que faz superar minha inabilidade ao volante.

Toda vez que saio de Mossoró a serviço da UERN um pânico me toma. Hoje consegui me colocar nas inúmeras história como a do ex-jogador Mário Sérgio que não queria ir a essa viagem, ou de Edmundo que numa escala trocada com o colega acabou se livrando de ser uma das vítimas do acidente. “Quantas vezes viajei no lugar de um colega ou um colega foi no meu lugar?”, me perguntei.

De tudo que senti hoje, uma coisa é certa: a gente precisa viver. Precisamos dar menos importância a coisas pequenas e sermos mais solidários. Sou sentimental, piegas, etc… não consigo não me comover com tragédias como essa.

Que as famílias dessas pessoas consigam ter forças e que os sobreviventes consigam se recuperar.

O dia foi cinzento. Se teve brilho do sol escaldante de Mossoró eu não percebi.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto