Li no Blog de Saulo Vale a informação da jornalista Anna Ruth Dantas que a prefeita Rosalba Ciarlini (PP) cogita adotar uma postura de neutralidade nas eleições deste ano. A prioridade seria eleger o filho deputado estadual e o sobrinho ser reeleito federal.
Fala-se nos bastidores que ela só desceria do muro no segundo turno, de preferência votando em que tiver mais chances de vitória.
Não seria a primeira vez que ela adotaria tal postura. Há quatro anos Rosalba era uma governadora impopular e cheia rancor no coração. Não queria apoiar o “acordaço” de Henrique Alves nem queria estar vinculada ao vice-governador dissidente Robinson Faria (PSD). Cinco meses antes do pleito, ela já ficara neutra nas eleições suplementares para a Prefeitura de Mossoró.
Encerrados os dois pleitos, sua militância deixou claro que ela dera apoio por “debaixo dos panos”. Fazia sentido. Mas veja a matreirice rosalbista. Ela ficou oficialmente neutra, mas ao final do pleito se posicionou ao lado dos vencedores. A fama de maior eleitora de Mossoró ficou intacta.
A história pode se repetir? Pode.
Faz sentido? Não deveria fazer.
Política é movida também por simbologias. Rosalba vai passando a impressão de ter se tornando uma política que só apoia candidatos majoritários se ela for o nome escolhido ou se tiver alguém de dentro de casa no meio da parada.
Mas tem outro problema aí: o medo de apoiar um candidato derrotado no primeiro turno dentro de Mossoró. Isso colocaria em xeque a sua posição de “maior eleitora” de Mossoró. É esse mito que faz com que o apoio dela seja disputado por todos os candidatos mesmo ela amargando impopularidade.
Não seria a primeira vez que a Rosalba prefeita veria seu candidato ao Governo do Estado não ser o mais no primeiro turno em Mossoró. Em 2002, o marido dela, Carlos Augusto Rosado, era o vice de Fernando Bezerra. Mas o mais votado na segunda maior cidade do Estado foi outro Fernando, o Freire, que tinha como vice o então deputado federal Laíre Rosado.
A diferença foi apertada: 30.017 x 28.465. Wilma de Faria que terminaria vencendo o pleito, e sendo a mais votada em Mossoró no segundo turno com apoio de Rosalba, ficou com 21.968.
Evitar um susto desses talvez ajude a explicar a possível neutralidade. Afinal de contas temos um cenário bem parecido com 2002 com três candidaturas fortes: Fátima Bezerra (PT) que lidera as pesquisas, Carlos Eduardo Alves (PDT) com a estrutura oligárquica do RN e o governador Robinson Faria (PSD) com a máquina pública a todo vapor.
O badalado desdém de Rosalba aos candidatos ao Governo do Estado no fundo pode visar esconder o que é perceptível a olho nu: a Rosa não é a mesma de antes (para saber mais clique AQUI).
Não se trata de subestimá-la, mas de trazer os fatos ao devido lugar. A prefeita governa com muitos problemas e o Mossoró Cidade Junina que sempre ajuda o inquilino de plantão do Palácio da Resistência se revelou um gol contra em ano de Copa de Mundo.
Por enquanto Rosalba é de todo mundo e não é de ninguém num jogo de cena que pode terminar em apoio declarado ou numa capciosa neutralidade como em 2014.
Plantar a Rosa em cima do muro pode ser a confissão sem palavras da queda do potencial de transferência de votos da prefeita.
Em cima do muro a Rosa murcha.