O abandono das Unidades Básicas de Saúde

Por Maitê Ferreira

Sindsaúde

As Unidades Básicas de Saúde são as portas de entrada preferenciais no Sistema Único de Saúde (SUS). Responsáveis por garantir atendimento clínico, odontológico, a validação de exames e a distribuição de medicamentes – as UBS são distribuídas territorialmente e deveriam garantir um nível de atenção básica de saúde para as populações dos bairros urbanos e rurais.

Todavia, a situação da saúde pública começa a se complicar quando suas portas de entrada se encontram fechadas. É o caso da Unidade Básica de Saúde Dr. Helênio Gurgel (UBS dos Pereiros), que já se encontra fechada desde o começo do ano de 2019. Os mais de 9 (nove) meses de abandono já se tornam evidentes nas condições físicas e estruturais do prédio. Em frente à unidade, acumulam-se morros de entulho e lixo. Uma cratera se abre no chão da calçada: água está jorrando. As paredes externas da unidade se encontram totalmente deterioradas.

Durante a visita, o vizinho esclareceu à assessoria de comunicação do Sindsaúde Mossoró a origem oculta da deterioração estrutural do imóvel: “um dia sim, outro não, quando enchia a caixa d’água, a água infiltrava pelas paredes, inclusive alagando por fora e chegando até minha calçada. Quando (a unidade) estava funcionando, eu vivia pedindo para resolverem”. Todavia, o problema das infiltrações nunca foi resolvido, e provavelmente piorou com o tempo, levando ao fechamento da unidade. Nenhuma reforma se encontra em andamento no local, e não há previsão oficial anunciada pela Secretária Municipal de Saúde/Prefeitura Municipal de Mossoró.

Enquanto a equipe do Sindsaúde Mossoró estava em frente à unidade, um idoso que estava passando na rua no momento perguntou se haveria alguma previsão de reabertura. Diante da negativa, o idoso informou que “quando funcionava, (a unidade) fazia consultas todo dia, distribuía fichas” para as pessoas do Alto da Conceição. Com o fechamento da unidade, muitos usuários (as) do SUS estão se encaminhando a pé para a UBS Dr. José Leão, no Belo Horizonte – local para onde foram realocados os(as) profissionais que lá trabalhavam.

A situação da UBS do CAIC-Belo Horizonte, por sua vez, é muito mais crítica. Abandonada por vários anos, a unidade se encontra praticamente em ruínas, sem portas, nem janelas, com a infraestrutura comprometida e tomada pela mata fechada. A condição física do prédio é certamente de difícil reparação (com situação igual ao imóvel vizinho da antiga escola pública – CAIC). Não existe previsão de reforma ou reconstrução por parte da Prefeitura tampouco.

A situação de abandono das UBS, juntamente com a carência de profissionais e medicamentos necessários, é a porta de entrada do problema do SUS. Os problemas estruturais da atenção básica geram efeitos de sobrecarga nas demais unidades funcionais, ao mesmo tempo que se refletem em todo o atendimento de urgência e emergência oferecidos pelas UPAs e hospitais públicos.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto