Pró-tempore sugere censura na comunicação do IFRN

Josué tenta intervir na comunicação do IFRN (Foto: web/autor não identificado)

O reitor pró-tempore do Instituto Federal do Rio Grande do Norte Josué Moreira (PSL) se reuniu com os servidores do setor de comunicação da instituição. O encontro realizando entre 14h e 15h de ontem foi marcado por situações constrangedoras.

Por meio de uma nota os servidores da comunicação do IFRN relataram que uma delas foi a sugestão de que as notícias sobre as reuniões dos conselhos fossem lidas pelo reitor antes de serem publicadas no site da instituição.

Diz a nota: “O interventor comentou que a sociedade não deveria observar as brigas internas e que a comunicação não deveria dar ênfase aos embates. Então, disse que gostaria de ter acesso aos nossos textos e ler as notícias antes de publicadas. Segundo ele, assim “as mensagens teriam o respaldo da gestão pro-tempore’”.

Os jornalistas relataram na nota que falaram que este não é o procedimento padrão. “Reforçamos que não era essa a nossa prática, que a comunicação é institucional e que nos respaldamos na Política de Comunicação do IFRN, aprovada pelo Consup, documento que coloca a perspectiva da comunicação pública, voltada para atender a sociedade e a instituição, e não a gestão”, afirma.

Segundo o relato bem ao estilo Luís XIV, Josué alehou que pelo fato da comunicação sem direçãom o chefe é o reitor pró-tempore.

Josué Moreira será alvo de questionamentos na próxima reunião do Conselho Superior do IFRN (CONSUP) conforme fomos informados.

O Blog do Barreto fez contato com Josué Moreira, mas o telefone dele (aquele disponibilizado nesta matéria) estava desligado.

Nota do Blog: trabalho há nove anos na comunicação institucional da UERN e esse, de fato, não é o procedimento padrão. Esse tipo de pedido fere a autonomia do profissional. Não é demérito acontecer de a matéria ser lida antes quando a iniciativa parte do jornalista e, neste caso, o usual ocorre em matéria sobre temas científicos como prevenção a eventuais erros jornalísticos. Mais um papelão do pró-tempore.

Nota do Blog 2: isso diz muito sobre o tamanho da ilegitimidade de Josué Moreira no cargo de reitor.

Segue a abaixo a nota assinada pelos profissionais da comunicação do IFRN:

Pessoal, a equipe de Comunicação Social da Reitoria teve uma reunião na tarde de hoje, 2 de junho, com a equipe da intervenção (Josué, Cleverton, Samuel, Bruno, com a participação em alguns momentos de Calistrato e Ribeiro). No início, se mostraram interessados no trabalho e disseram que estavam fazendo esta reunião primeiro com o grupo porque a comunicação seria a “alma da Instituição” e precisa passar uma “mensagem de confiança”. Que o setor está sem chefia, mas que estão procurando um jornalista para assumir, já que a instituição estaria gozando agora de uma certa calmaria. Pediram que nos apresentássemos e falássemos como o setor funciona.  Questionamos essa calmaria, pois o que vemos são servidores angustiados e em sofrimento, principalmente os da Reitoria.

Pontuamos, cada um em sua fala, que não concordarmos com a situação, inclusive com a forma a qual foi nomeado o pro-tempore, através de indicação política e externa à Instituição (conforme soubemos através da imprensa).

Falamos da tristeza em ver os projetos paralisados e a comunicação ser vista como mera ferramenta de publicação de notícia, sem considerar os aspectos da construção da cidadania.

Foi aí que chegou onde eles queriam: as notícias sobre as reuniões dos conselhos.

O interventor comentou que a sociedade não deveria observar as brigas internas e que a comunicação não deveria dar ênfase aos embates. Então, disse que gostaria de ter acesso aos nossos textos e ler as notícias antes de publicadas. Segundo ele, assim “as mensagens teriam o respaldo da gestão pro-tempore”.

Falamos da nossa insatisfação em ouvir isso, uma vez que tal procedimento nunca aconteceu na Instituição. Até então, a postura sempre foi de autonomia para fazer as publicações da forma que consideramos necessária à Instituição e aos preceitos de transparência.

Um dos membros da equipe sugeriu mudanças na forma de lidar com a Central de Serviços, dando acesso aos gestores da Reitoria desde a abertura dos chamados pela comunidade acadêmica.

O interventor declarou que “a mensagem deve ser da gestão”. Reforçamos que não era essa a nossa prática, que a comunicação é institucional e que nos respaldamos na Política de Comunicação do IFRN, aprovada pelo Consup, documento que coloca a perspectiva da comunicação pública, voltada para atender a sociedade e a instituição, e não a gestão. Josué disse que, como estamos sem chefe, o chefe é o reitor.

Sugerimos então que enviasse um questionamento à Procuradoria Jurídica a fim de esclarecer sobre o papel da comunicação social. Se, como chefe direto, exige o encaminhamento das notícias para aprovação, que formalize de alguma maneira essa necessidade. E que lessem a Política de Comunicação do IFRN, disponível de forma pública no site do Instituto. O pro-tempore respondeu que fariam isso e que, até que as respostas chegassem, continuássemos fazendo da forma que achamos que deve ser feito.

Como grupo de comunicadores e de servidores participantes diretos da elaboração de tal política, enquanto não vier uma notificação formal de que não podemos, continuaremos dando publicidade ao que é discutido em nossos Conselhos, trabalho que consideramos essencial para a manutenção de uma instituição (e de uma sociedade) democrática.

 

Equipe de comunicação da Reitoria do IFRN

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto