Quando foi candidata em 2016 um dos jingles de Rosalba Ciarlini (PP) dizia que ela sabia fazer Mossoró dar certo. Bem avaliada nas outras três passagens pelo Palácio da Resistência turbinada pela bonança econômica dos primeiros anos do Plano Real, ela tinha bons argumentos para vender essa imagem.
O tempo passou e o terceiro ano do quarto mandato de Rosalba vai se encerrando de forma melancólica com ela mês a mês contando moedas para pagar a folha, atrasando obras e com avaliação negativa nas duas pesquisas do Instituto Seta realizada este ano.
A prefeita não conseguiu fazer Mossoró dar certo como prometido há três anos. Neste caso, o “dar certo” seria recuperar a capacidade de investimento do passado quando cobriu a cidade de praças, criou as festas que existem até hoje e fez a primeira Unidade de Pronto Atendimento (UPA) do Rio Grande do Norte. Esta última realização foi visionária, reconheça-se.
Mas isso tudo está no passado.
O presente traz uma realidade dura que a propaganda conseguiu conter num primeiro momento, mas agora não mais. Rosalba precisa ter o que mostrar em 2020 para se reeleger.
Na Câmara Municipal será votada a qualquer momento um empréstimo de R$ 150 milhões de reais que usará como garantias os repasses do Fundo de Participação dos Municípios (FPM).
Ora! A Prefeitura de Mossoró depende demais do FPM para pagar a folha. Não tem cumprido com regularidade suas obrigações com a Previ, atrasa pagamentos com terceirizados e fornecedores. São constantes as reclamações de servidores municipais que estão com os nomes sujos na praça porque a prefeita desconta consignados e não repassa as instituições financeiras.
Ainda assim, Rosalba exalta a capacidade de endividamento do município ao falar sobre o empréstimo. Não foi isso o prometido em praça pública.
Mas é preciso um contraponto.
A prefeita faz o que qualquer faria no lugar dela: buscar dinheiro extra para garantir a reeleição. O empréstimo vai passar sem dificuldades na Câmara Municipal que atual como um mero cartório, ou como diria o grande Emery Costa, a “Secretaria Municipal de Assuntos Legislativos”. Ainda assim haverá um debate duro por parte da oposição, mas no fim a Câmara não justificará a sua necessidade de existir.
Rosalba sabe que quando a praça do bairro ficar pronta ou a rua for calçada o morador não vai se importar se foi empréstimo ou recursos ordinários. O povo quer resultados até porque não sabe que praticamente todas as edições do Jornal Oficial de Mossoró (JOM) trazem aberturas de créditos suplementares por meio de excedentes de arrecadação.
Ao assinar o pedido de autorização para o empréstimo, a prefeita assinou o próprio atestado de fracasso administrativo. Ao fazer isso ela desce da condição mítica de que Mossoró só dá certo com ela no comando para a de uma gestora comum que não conseguiu dar conta das dificuldades como tantos outros prefeitos e governadores deste país e precisam endividar a máquina pública para sobreviver politicamente.
O ano de 2020 será decisivo para Rosalba e seu clã político. Os R$ 150 milhões extras serão para isso, por mais que o povo momentaneamente goste das blitzen de obras que será prometida.