20 anos de jornalismo

Foto de 2004, quando já tinha um ano na redação (Foto: acervo pessoal)

Há 20 anos entrava pela primeira vez numa redação de jornal para nunca mais sair dela com suas devidas adaptações com a evolução tecnológica nossa de cada dia. Hoje a redação é na minha casa, mas também é no meu carro, no restaurante porque ela fica na palma da mão.

Lembro como se fosse hoje o dia que cheguei em O Mossoroense recepcionado por Emerson Linhares indicado por Cid Augusto, aluno do meu tio, o professor Emanoel Barreto na UFRN.

Sim, tive um empurrãozinho e agarrei a oportunidade.

Tinha acabado de me mudar para Mossoró e não fazia nem uma semana e ainda não tinha começado as aulas no curso de comunicação da UERN, mas já estava doido para aprender.

O “doido” aí não foi por acaso. Levei essa alcunha por um tempo tamanha empolgação do “foca”, apelido dado aos estudantes de jornalismo. Queria trabalhar com esportes. O sonho de ser jogador de futebol que não deu certo pela obviedade de que não dava para ser goleiro com pouco mais de um metro e setenta. O jornalismo foi o caminho, inspirado na minha referência familiar, “Tio Emanoel”, que com muito orgulho carrego o nome.

Sim, entre o Bruno e o Barreto tem Emanoel no meu nome também, num acerto da minha mãe, dona Miriam, que nunca deixou de acreditar que tudo daria certo, e sem ela não teria chegado aqui.

Aquele dia foi mágico e também um pouco decepcionante. Imaginava que receberia algum salário e fui informado que seria estágio não remunerado, apenas para aprender. Topei. Não tinha nada a perder nem menino para criar. Nos primeiros dias, escrevia umas matérias sofríveis, obviamente. Emerson ajeitava e dava uns toques. Depois fui fazendo uma, duas, três…

Aquele segundo semestre de 2003 foi inesquecível e nunca vai sair da minha memória era o início do menino virando adulto, do jornalista em formação, fazendo duas faculdades ao mesmo tempo a teórica na UERN e a prática n’O Mossoroense.

Lá tive pouco tempo com Emerson e sua cordialidade. Depois convivi com o estilo vibrante de Pedro Carlos, um caro que me incentivou bastante e sempre acreditou em mim. No fim de 2003 eu voltei para Natal para passar as festas de fim de ano e nos primeiros dias de janeiro recebi uma ligação: “você vai ser contratado com salário e precisa voltar”. Era um sábado. Corri para a rodoviária para comprar a passagem e no domingo à noite já estava em Mossoró e na segunda-feira de manhã estava na redação. Naquele dia caiu um “dilúvio” na cidade. Em janeiro de 2004 houve uma das maiores enchentes da história de Mossoró. Passei praticamente dois meses fazendo reportagens dentro de favelas e bairros periféricos, contando histórias dramáticas. Foi uma lição de vida e de humanidade.

Em 2006 foi assumi a editoria de política, em 2011 passei a assinar uma coluna de análise política.

Meu principal professor fora da faculdade foi Cid Augusto a quem devo demais, um cara que segurou na minha mão em momentos tensos e me ajudou a comprar boas brigas jornalísticas.

Quando fomos eleitos o melhor jornalista da cidade em 2015 (Foto: acerto pessoal)

Matérias marcantes. Cito duas pelo legado. A série de reportagens sobre o lixão de cajazeiras que resultou na construção de um aterro sanitário em Mossoró e as denúncias sobre os desmantelos da Câmara Municipal de Mossoró que resultaram na Operação Sal Grosso. Acredite, o nosso legislativo ficou bem mais organizado depois disso.

Em 2015 fui eleito o melhor jornalista de jornal impresso da cidade em votação popular feita pela Rádio Rural, uma boa lembrança que guardo.

Tive uma ótima experiência nos anos que trabalhei no Observador Político tendo uma ótima convivência com Iara Monteiro, o saudoso Emery Costa, Edmundo Torres, Lairinho Rosado e em especial Laíre Rosado, uma das pessoas mais humildes que conheci. Depois fui para a TCM viver a experiência como âncora de rádio foi bacana demais receber a confiança do saudoso Milton Marques, mas senti que meu tempo por lá já tinha passado.

Passagem na 95 durou quatro anos (Foto: acervo pessoal)

Hoje toco o jornalismo de forma independente (ou alternativa, como queira) no Blog do Barreto e no Foro de Moscow com muita alegria. Além disso, posso devolver a UERN aquilo que ela me deu sendo servidor e setembro vamos lançar um novo produto que espero que você goste.

Já errei, já comprei boas brigas em nome de gente injustiçada, sempre escolhi o lado dos mais fracos, não acredito em imparcialidade e prefiro trabalhar com a franqueza.

O jornalismo é minha vida. Não saberia fazer outra coisa.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto