A comuna urbana do MST em Mossoró foi atingida a tiros pela terceira vez em dez dias. Famílias pobres estão desesperadas não só por não ter onde morar e produzir o sustento como também pelas próprias vidas.
Segundo a advogada Thariny Teixeira Lira, da Rede Nacional dos Advogados e Advogadas Populares, revelou hoje no programa Meio-Dia Mossoró (95 FM) pelo menos três crianças se encontram em estado de choque por conta da violência.
O que me deixa assustado é saber que existem pessoas comemorando esse tipo de violência política por puro ódio a um movimento social. É inaceitável que assistamos isso em silêncio. Não gostar do MST lhe dá o direito de combate-lo em várias frentes, mas nunca no campo da violência.
Segundo a Oxfam Brasil, com base no censo agropecuário, vivemos no país com a maior concentração de terras do mundo. Acredite: 0,91% das propriedades têm 45% da área rural do país. Lutar por uma distribuição de terras improdutivas para quem não tem onde plantar e colher não pode ser tratada como uma causa injusta.
Segundo o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), o Brasil possui 6 milhões de pessoas que não tem onde morar e 7 milhões de imóveis desocupado.
Tudo isso é reflexo de uma desigualdade brutal materializada na existência de 6 pessoas que tem fortunas que somadas atingem a renda equivalente a de 100 milhões de brasileiros.
Em vez de estarmos discutindo soluções para esses três problemas a discussão predominante no país gira em torno de criminalizar os movimentos que justamente lutam contra essas situações brutais. O pior: pessoas que se beneficiariam dessas conquistas aplaudem a violência contra as entidades representativas.
Se existem bandidos nos movimentos que se apure e se puna, mas a discussão maior deve ser em torno dos problemas que terminam gerando um outro que atinge o pobre e o rico: a violência produzida por essa desigualdade.
Não refletir sobre isso é fazer o jogo de quem ganha com a desigualdade.