Por que os meios de comunicação social estão fechando?

Será que tem alguma relação com a politicagem?

No Brasil inteiro se noticia o fechamento de vários meios de comunicação social, tanto jornais impressos como emissoras de rádio e televisão.

Não se olvida que há forte influência do avanço da internet e suas tecnologias, que permitem a disseminação da informação em tempo real, acessível a qualquer pessoa em qualquer lugar, bastando um simples aparelho de celular para que a informação chegue até o leitor interessado, de modo que a informação estática do jornal impresso ou mesmo o jornal “falado”, com hora marcada, já não atendem a contento a rapidez com que as informações são consumidas.

Mas a grande pergunta que se deve fazer é se o fechamento se dá tão somente pela questão do avanço das tecnologias da internet e das redes sociais, ou mesmo por causa da patente crise econômica que assola o país ou se existe alguma relação com a forma tradicional de controle desses meios pelos grupos políticos?

É mais do que comum, e na realidade é a grande tônica em nosso país, que as concessões desses meios de comunicação sejam dados a grupos políticos.

Sabe-se que os grupos políticos, em especial nos Estados, são detentores da maioria das subsidiárias das redes de televisão mais vistas pelos brasileiros, e, infelizmente, o uso desses meios de comunicação nas eleições é uma realidade que não pode ser negada.

O abuso de poder midiático – que para nós reside no que tem a maior potencialidade em termos eleitorais – foi uma constante nas últimas eleições, contudo, como o próprio sistema de dominação política está entrando em declínio, por força da conjuntura econômica, o poder público tem deixado de financiar emissoras e jornais, o que tem levado muitas a ter que fechar as portas.

Para nós, entretanto, o problema vai muito além do aspecto financeiro!

Pensamos que o sistema de se fazer politicagem com o uso dos meios de comunicação de massa está desgastado e com os dias contados, pois o próprio povo está percebendo esse patente abuso, o que tem levado ao insucesso de muitos empreendimentos como veículos de informação, principalmente de emissoras que tão somente repassam a notícia com fins politiqueiros, fazendo com que o problema se agrave, já que além de não ter os recursos públicos, não tem a credibilidade necessária junto ao setor privado para conseguir os apoios financeiros, condenando-os a um fracasso anunciado.

O povo, no exercício da verdadeira cidadania, tem sido vigilante, especialmente após o advento da internet e das redes sociais, meios de comunicação livres e democráticos, manifestando-se veementemente quando da identificação de abusos e episódios de manipulação da informação por parte de veículos de comunicação, o que tem repercutido de forma impactante na credibilidade dos órgãos de imprensa.

As facilidades de manifestação e a dimensão que tais manifestações possuem na sociedade atual, de certo modo tem contribuído para a derrocada que está acontecendo Brasil afora, tendo, como tudo na vida, seu lado negativo e o positivo, este último ligado à cobrança de qualidade da informação. Não se admite mais que as emissoras sejam meros fantoches dos interesses não republicanos dos políticos que as controlam.

Não estamos aqui generalizando a assertiva, contudo nos parece que essa situação é corrente na maioria dos casos, logo, em uma perspectiva a médio e longo prazo, com a fiscalização do povo, os nossos meios de comunicação serão obrigados a se afastarem dessa politicagem, pois a mesma não contribui em nada com os verdadeiros interesses coletivos e ao mesmo tempo atrapalha os interesses econômicos das emissoras e jornais, fazendo com que esses encerrem suas atividades, justamente por que não conseguirem mais sobreviver no novo cenário.

Herval Sampaio Junior é juiz de direito

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto