Mossoroense que mora na Itália relata rotina de quarentena causada pelo Coronavírus: “parece filme de ficção cientifica”

Isolina passou a estocar comida (Foto: cedida)

A mossoroense Isolina Melo Gambbiani está no olho do furacão social provocado pela pandemia do Coronavírus. Ela vive na Itália desde que se aposentou do cargo de servidora da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) em 2017 após 28 anos de dedicação, dos quais 15 dirigindo o cerimonial da instituição.

Ela reside em Piacenza, na região da Emília Romana, no Norte da Itália. A área atrativa para o turismo por causa de suas cidades medievais está com as ruas completamente esvaziadas desde que o Governo Italiano decretou quarentena para todos dos moradores.

Para a ex-servidora da UERN, o cenário é de ficção científica com as pessoas só saindo de casa apenas para ir a farmácias e supermercados. As filas formadas exigem que as pessoas mantenham uma distância (ver foto abaixo) de um metro umas das outras. Além disso, começa a faltar produtos básicos e artigos primordiais na prevenção de gripes estão sendo racionados ou estão em falta. “Mais parece cenário de filme de ficção científica. Por exemplo: álcool em gel e vitamina C só pode comprar duas unidades de cada. As máscaras não consegui comprar. Estamos ligando todo dia pra farmácia. Álcool em gel e vitamina C é uma luta pra encontrar, mas, como sou muito atenta, não faltou”, conta.

A Itália é o país europeu mais atingido pela pandemia. Já são mais de 17 mil casos registrados sendo que 1.266 resultaram em mortes (até o fechamento desta reportagem). O que assusta é que 250 destas foram nas últimas 24 horas.

Pessoas precisam manter distância nas filas (Foto: cedida)

Isolina está a 20 km de Codogno, onde surgiu o foco do Coronavírus na Itália. Ela explica que desde então as pessoas têm tratado o assunto com seriedade e disciplina na cidade onde ela vive. “Aqui em Piacenza as pessoas são mais obedientes, salvo alguns mais rebeldes. Mas, a Polícia está muito atenta. No geral estamos todos em casa com muita atenção, cuidado e apreensão”, relata.

A situação é tensa porque dificulta a rotina das pessoas. Somente uma pessoa por família pode sair de casa apenas para comprar comida e medicamentos. Em algumas farmácias as pessoas não podem entrar (ver foto abaixo). Isolina conta que desde ontem (13) passou a estocar comida. “Estamos saindo o indispensável, quando saímos usamos máscara, luvas descartáveis e portando a auto certificação, que é o documento que se a polícia te parar, você deve apresentar”, explica.

Nem todas as farmácias permitem entrada de clientes (Foto: cedida)

No meio da crise, a situação da família de Isolina ainda tem um agravante: o esposo dela, que é italiano, está passando por um tratamento de câncer desde dezembro e a quarentena dificulta a locomoção que só está sendo feita por meio de ambulância. “Os profissionais que viriam a nossa casa fazer a assistência domiciliar foram suspensos. Isso inclui fisioterapia e curativos. Tivemos que suspender o início da quimioterapia devido ao pânico de sair e exposição para ele, que está com a imunidade baixa, e é um paciente de alto risco. Isso está atrapalhando um pouco sua recuperação”, avaliou.

Documento de auto identificação obrigatório para sair de casa (Foto: cedida)

A preocupação na Itália se explica, dentre outras coisas, porque a letalidade lá está acima da média com 7% das pessoas infectadas indo a óbito.

Em Mossoró a semana iniciou com três casos suspeitos de Coronavírus, todos de pessoas que viajaram a Itália recentemente. Uma das suspeitas já foi descartada.

Na quinta-feira o primeiro caso no Rio Grande do Norte foi confirmado em Natal. Trata-se de uma jovem que esteve recentemente na Itália, França e Áustria.

Órgãos públicos do Rio Grande do Norte já começam a adotar medidas.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto