Médico alerta para riscos da automedicação em casos suspeitos de Covid-19

Em meio ao medo provocado pela pandemia do novo coronavírus, as informações sobre medicamentos em fase de testes contra o Covid-19 ou que supostamente teriam efeitos sobre ela não devem ser consideradas como uma indicação para automedicação. A ingestão de medicamentos sem prescrição médica e sem comprovação científica pode ser perigosa. O alerta é do médico infectologista Fabiano Maximino.

“Os riscos da automedicação com relação ao coronavírus são enormes, porque as medicações que têm sido colocadas através de grupos de WhatsApp ou redes sociais podem trazer inúmeros efeitos colaterais, inclusive, em alguns pacientes pode levar à morte. Então, é importante que as pessoas saibam disso para que não façam uso dessas medicações sem orientação médica”, orienta o infectologista.

Um desses medicamentos é um remédio usado para o combate de parasitas, como piolhos e sarna, que é alvo de um estudo realizado na Austrália. “Assim como outros medicamentos que têm ação contra parasitas intestinais e outros parasitas, se provou in vitro também ter ação contra o vírus, mas não existe nenhum estudo divulgado a respeito dessa utilização dessa medicação in vivo. Então, isso é bastante importante, porque às vezes a pessoa está utilizando uma dose inadequada de um medicamento que nem tem essa comprovação, através de trabalho cientificamente bem desenhado para a sua utilização”, esclarece Fabiano Maximino.

O médico também chama a atenção ainda com relação aos riscos de interações com outros medicamentos, no caso de pessoas que já fazem uso de algum remédio para tratamento de outra condição de saúde, como hipertensão arterial, insuficiência cardíaca, diabetes, dislipidemias e asma. “Há sim a  possibilidade de interações medicamentosas e interações medicamentosas importantes. Com alguns grupos de medicamentos, as interações medicamentosas, principalmente, com relação à hidroxicloroquina e com a cloroquina podem ser muito graves ou mesmo letais, causar óbito”, explica.

O infectologista conta que já atendeu pessoas que se automedicaram, muitas delas, em dosagens absurdas, justamente por terem visto alguma informação em site ou redes sociais.

Ele também lembra que há várias epidemias se desenvolvendo ao mesmo tempo, como a influenza, dengue, Chikungunya, e algumas delas podem ter sinais semelhantes aos do coronavírus. “Então, é importante que se os sinais e sintomas forem leves, a pessoa permaneça em casa e poderá sim fazer uso de algum analgésico que correntemente ela já faça. Geralmente, a pessoa já tem hábitos de utilizarem alguns medicamentos como, por exemplo, paracetamol, como por exemplo, dipirona que são os que os colegas, os médicos mais indicam para essas circunstâncias de alívio como medicações sintomáticas”, afirma.

Outra orientação se refere à alimentação que deve ser balanceada. “A gente sabe que quanto mais variada for a alimentação em termos de frutas, legumes, verduras, proteínas, melhor conjugada estará uma alimentação que possuirá em quantidade, em qualidade todos os micronutrientes para uma boa conjugação de uma boa resposta imune”, comenta.

De acordo com o infectologista, além de evitara ingestão de remédios por conta própria é importante estar atento às altas doses de vitaminas. “Tentar evitar também essa automedicação com mega doses de vitaminas. Ainda não há nenhuma comprovação científica de que isso funcione ou de que isso estaria atrelado a uma melhora do sistema imune dessas pessoas. O que pode ocorrer é que na vontade, até às vezes numa boa intenção, de fazer com que a pessoa se sinta melhor, ela pode sim  produzir em si mesma uma alteração mais grave”, diz Fabiano Maximino.

Outra questão mencionada pelo médico é sobre a importância da vacinação contra a gripe.  “Acredito ser bastante importante no contexto do Covid-19 a vacinação contra a influenza. Os grupos que, eventualmente, precisem da vacina precisam buscá-la. Ela é gratuita dentro dos postos de saúde, poderá ser facilmente encontrada e vai desempenhar para o médico eventualmente que estiver atendendo o paciente um importante diagnóstico diferencial. Dentro desse contexto, se o médico já sabe que a pessoa se vacinou fica mais fácil para que ele possa conjugar o seu raciocínio clínico”, finaliza o infectologista.

Ingestão de medicamentos sem orientação médica pode ser perigosa – Foto: Reprodução/ Internet

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto