Quem paga a conta

 

O empresário chega na mesa de bar para conversar com os amigos. Cabisbaixo, lamenta ter tido que demitir cinco empregados. “É a crise”, lamenta.

Não tenho dúvidas que ter que demitir um funcionário é doloroso para qualquer empregador. Pode ser pela consciência social de ser obrigado a desempregar um pai de família, por ver seu negócio enfraquecer ou simplesmente pura vaidade de poder dizer que gera mais empregos que os colegas.
Mas o fato é que o empresário continua sendo empresário. Após a turbulência ele vai se reerguer e suas contas pessoais não vão atrasar. Já o trabalhador… bem o trabalhador é o maior penalizado.
Não é um problema do Brasil. É do capitalismo. O sistema é cruel e penaliza a parte mais fraca da sociedade, o trabalhador.
Dentre preservar os lucros, ou a saúde financeira da empresa (como costuma-se dizer na linguagem empresarial), e manter o trabalhador nas funções a escolha é pelo instinto de autoproteção. Não condeno o empresário. É um instinto humano de proteger primeiro a si.
Quando se aumentam impostos. O empresário se prejudica, é claro. Ele precisa aumentar os preços e o consumo cai. Não há como negar. Mas a conta no final é paga por nós trabalhadores. O imposto é repassado aos preços e é o nosso orçamento que fica mais limitado.
Veja no poder público. Se uma recomendação do Ministério Público ou Tribunal de Contas é no sentido de cortar benefícios dos trabalhadores qualquer governante não pensa duas vezes em cumprir. Mas quando MP ou TC mandam atender a uma demanda dos servidores os governos recorrem até as últimas instâncias. A regra é sempre punir quem trabalha.
No Rio Grande do Norte, norteado pelos rumos das greves e por governantes incompetentes, dois ex-governadores recebem pensão vitalícia. Agripino pelo período em que governou o RN entre 1983 e 86, e Lavoisier Maia entre 1979 e 83. Injusto!
O detalhe é que Robinson Faria em vez de cortar decidiu dobrar os salários deles e ainda por cima ignora uma sentença do STF que considera inconstitucional pagamento de pensões a ex-governadores. Imagine se recebêssemos pensões em todos os nossos ex-empregos? Seria maravilhoso. Mas a realidade só vale para os políticos.
Pelo visto, a Lei de Responsabilidade Fiscal só penaliza os trabalhadores. Para os políticos jamais.
Sou daqueles que defendem que os políticos devem ter o mesmo tratamento dos demais trabalhadores. Nada de auxílio moradia, paletó, transporte, etc… etc… O mesmo vale para o pessoal do Judiciário e Ministério Público que são cheios das benesses e ainda têm alguns deles com a audácia de ir às redes sociais falar mal do Bolsa Família que mata a fome dos miseráveis.
Falta aos trabalhadores consciência do verdadeiro papel deles na sociedade. Por isso eles terminam sendo os mais penalizados. Paciência.

Comments

comments

Reportagem especial

Canal Bruno Barreto