Por Fernando Mineiro*
A sociedade potiguar precisa ficar atenta às manobras para servir fatias do nosso estado no banquete de fake news de pessoas, grupos e partidos alinhados com a perversão da política em politicagem. Nas últimas semanas, um deputado federal e um ministro potiguar têm citado sistematicamente o Governo do RN, atribuindo-lhe o que não fez e subtraindo a autoria do que está fazendo. Porém, no angu servido pelos dois, há caroços bem visíveis: os interesses de ambos nas eleições deste ano e de 2022.
O parlamentar já tornou público o desejo de disputar a Prefeitura de Natal. O ministro quer emplacar candidatura ao Senado ou ao Governo do Estado daqui a dois anos. Em resumo: os dois falam e agem por puro cálculo político. Sem obras concretas, feitos significativos ou força popular para impulsionar voos mais altos, eles tentam construir uma carteira de realizações disputando ações e atribuições do governo local.
Nos meios e nos fins, os dois revelam-se discípulos aplicados do seu guru, que age cada vez mais como candidato e cada vez menos como governante. E daí? E daí que, ao dizer que o Governo do Estado abandonou a barragem de Oiticica, o parlamentar não serve à verdade nem ao povo potiguar. Terça-feira (18), a governadora Fátima Bezerra esteve em Oiticica para entregar o projeto de urbanização da Nova Barra de Santana, comunidade das famílias removidas da área a ser inundada.
As obras realizadas sob administração do Governo do Estado em Oiticica estão em ritmo normal. A construção de Nova Barra de Santana, com 217 casas, escola, unidade de saúde e outros serviços públicos, já chegou a 56% de execução. A construção da parede da barragem, a 83%. E, o mais importante, a atual gestão encaminhou ao Governo Federal um novo Plano de Trabalho, corrigindo as omissões e incluindo todos os serviços necessários à conclusão da obra e que não foram observados em governos anteriores. E daí? E daí que a oposição não quer ver o Governo do Estado trabalhando bem, fazendo obras que melhoram a vida nos municípios.
O que aconteceu em outra barragem do Seridó, a Passagem de Traíras, mostra bem o que está em curso. A barragem estava sem manutenção havia décadas, com risco de rompimento. O atual Governo do Estado elaborou o projeto da reforma e tocava normalmente o trabalho, de forma transparente, inclusive divulgando que parte dos recursos veio da União, mas foi afastado pelo Governo Federal, que assumiu a execução da obra.
A obsessão por esconder o bom trabalho do Governo do RN e assumir a paternidade das obras levou o presidente da República a ignorar a governadora em agenda no estado. Uma pirraça pessoal e também uma descortesia com o Rio Grande do Norte, que tem dois ministros no Governo Federal. Um comportamento antirrepublicano, um vale-tudo que apequena o cargo e a institucionalidade necessária nas relações entre os entes federativos.
O presidente, o parlamentar e o ministro deveriam saber que a sociedade vê e pune os métodos dos quais se valem. Aliás, o ministro já sabe. Em 2018, foi rejeitado nas urnas, como troco por ter sido o relator no Congresso Nacional da lei que retirou direitos dos trabalhadores e instituiu modalidades abusivas de relações trabalhistas.
*É Secretário de Gestão de Projetos e Metas do RN
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