
Por Cesar Amorim
No 7 de setembro, embora estivessem impedidos os desfiles em razão da pandemia, a agenda nacional, as redes sociais e os veículos de comunicação estiveram cheios de “patriotismo”, foi o multi proclamado Dia da Independência do Brasil.
Diante desse quadro, o momento é oportuno para repensarmos História como de fato ela aconteceu. Não falo da história feita para agradar “príncipes e reis”, da história encomendada, que transforma heróis em traidores e traidores em heróis. Falo da história real, crua e desnudada.
Não sou contrário à comemoração deste dia, é preciso relembrar, no entanto, não com tanto entusiasmo! Diria que, no mínimo, é preciso ter consciência do contexto e dos fatos que levaram à independência, bem como do pós-independência, para que possamos olhar para as nuances o passado e projetar o futuro, afinal, a história é um profeta com o olhar voltado para trás, como bem disse o escritor uruguaio Eduardo Galeano.
É preciso compreender que em 7 de setembro de 1822 o Brasil deixava de ser uma colônia de Portugal e passava a ser uma Monarquia (a única na América do Sul), diferentemente das outras colônias espanholas que declaravam independência e proclamavam Repúblicas.
No Brasil pós-independência, a escravidão e o latifúndio permaneciam como base econômica que sustentava um território completamente dominado pelas elites aristocráticas. A estrutura do sistema econômico continuou basicamente igual, privilégios de uma minoria não cessaram. Nada ou, quase nada mudou!
Não bastasse, quando Dom João VI voltou para Portugal, levou no porão do seu navio todo o dinheiro que havia nos cofres do Banco do Brasil, deixando, sem nada as pessoas que tinham dinheiro guardado no Banco.
Como garantia do seu domínio e com a intenção de recolonizar posteriormente, D. João VI deixou o Brasil sob o poder do seu filho, Pedro de Alcântara (Dom Pedro I). A partir daí, sem dinheiro, sem nada, com apenas uma independência que saiu de um grito fingido, tivemos que inaugurar aquilo que ficou conhecido como dívida externa, tendo em vista que, posteriormente, para Portugal “reconhecer” nossa independência, fez-se necessário ser pago um valor 2 milhões de libras esterlinas (uma média de 9 milhões de reais) a título indenização.
Tal fato nos custou um empréstimo junto aos banqueiros ingleses, desse modo, deixamos de ser colônia de Portugal e passamos a súditos econômicos da metrópole comercial inglesa, que era a grande potência da época.
Portanto, em verdade, o trecho “o sol da liberdade, em raios fúlgidos, brilhou no céu da pátria nesse instante” do hino nacional não retrata bem a realidade. Pode até ter brilhado naquele instante, mas sem muitos méritos.
Não bastasse, não é a realidade a conhecida fotografia de Dom Pedro I, as margens do Rio do Ipiranga. Para quem não sabe, o famoso quadro foi feito, sob encomenda, em 1888 (66 anos após a independência ser proclamada), ao pintor Pedro Américo, pelo filho de Dom Pedro I, o então imperador Dom Pedro II, retratando um ato heroico que jamais existiu.
O quadro retrata uma grande comitiva, no entanto, existiam ali cerca de 14 pessoas, que sequer estavam vestidos com aqueles uniformes de gala. Tão pouco D. Pedro I estava montado em um imponente cavalo, e sim em uma mula (uma burra, nome dado ao cruzamento entre um jumento com uma égua ou vice versa) pois estava voltando de uma viagem do litoral para São Paulo, sendo que mulas eram os animais utilizado na época, para grandes viagens.
Hoje, só temos certeza apenas de uma coisa, a terra é adorada, amada e idolatrada por nós, bem como pelos visíveis exploradores. Contudo, na hora do “… Salve! Salve!”, ninguém quer salvar o Brasil.
Uma coisa haveremos de aplaudir: O Brasil ainda é o “gigante pela própria natureza”. Com as suas riquezas naturais, com a sua extensão territorial e sua grande diversidade étnica e cultural. Viva um Brasil, para brasileiros!
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