
Em 7 de janeiro este operário da informação cantou a bola de que não era necessário unir a oposição em um bloco monolítico para vencer as eleições em Mossoró.
Bastava que um dos candidatos da oposição fosse capaz de polarizar com a desgastada prefeita Rosalba Ciarlini (PP).
Em outras análises expliquei que com duas candidaturas competitivas seria plenamente possível vencer Rosalba, com três seria mais complicado. A diferença de 6.263 votos mostra que foi uma vitória difícil.
Mas por que Allyson? Alguns vão atribuir ao carisma pessoal ou à bela história de vida do menino pobre da Zona Rural que saiu de lá para se tornar engenheiro, servidor público federal e depois deputado estadual. Outros vão falar que na largada da campanha ele usou uma estratégia de marketing político eficiente com “pesquisas de indução de voto” para enfraquecer as adversárias no campo da oposição e atrair o eleitor que queria acima de tudo derrotar Rosalba.
Tudo citado no parágrafo anterior forma um conjunto de fatores para a vitória de Allyson no dia 15. Mas tem mais aspectos envolvidos e estes vão além do que tem sido comentado por aliados e adversários.
Contrariando o discurso, Allyson não fez uma campanha pobre. Longe disso. Mostrou estrutura e organização em todo processo. Contou com apoio de grupos empresariais de Mossoró e região.
Allyson soube fazer com antecedência uma massificação nas redes sociais e criou um exército de militantes virtuais aguerridos e prontos para defendê-lo e achincalhar adversários ou críticos na imprensa. Foi um trabalho bem coordenado, mas também escancaradamente orquestrado.
Outro ponto importante: sem o sandrismo antagonizando o rosalbismo, uma parte considerável do eleitorado antirosalbista migrou para Tião Couto em 2016 e serviu de ponto de partida para Allyson.
O candidato teve uma vantagem que lhe ajudou a polarizar com Rosalba. É que o eleitor mossoroense entrou numa pegada de desoligarquizar a política. Em 2018, rejeitou Carlos Eduardo Alves (PDT) que tinha o filho da prefeita como vice, preferindo uma Fátima Bezerra (PT) que mal andou por aqui. Também reduziu a votação de Larissa Rosado (PSDB) para deputada estadual e preferiu Zenaide Maia (PROS) e Styvenson Valentim (PODE) à Garibaldi Alves Filho (MDB) e Geraldo Melo (PSDB) na disputa pelo Senado.
No contexto atual, Allyson era dentre os principais candidatos o que tinha mais perfil antissistema. Não era da base da governadora Fátima Bezerra (PT), que está mal avaliada em Mossoró, nem nunca teve relações políticas com a prefeita.
Esse fato ajudou a posicionar ele como o diferente em relação a tudo que está aí.
O posicionamento de sua marca política no mercado do voto foi o fator principal para convencer como melhor alternativa de mudança no imaginário do eleitor. Os demais fatores usados para explicar essa vitória de domingo são alegóricos ou complementares.
Respondendo a pergunta título: foi Allyson porque ele conseguiu convencer a maior parte do eleitorado que era o mais diferente entre os nomes da oposição.
