A decisão da governadora Fátima Bezerra (PT) em abrir uma exceção da cobrança de passaporte vacinal para templos religiosos atende, sobretudo, a demanda dos pastores evangélicos.
É este segmento religioso que endossa, através de seus líderes, discursos antivax. A maioria esmagadora dos evangélicos está se vacinando então não faz sentido a liberação da cobrança.
A governadora comete um erro absurdo de cálculo político que só favorece o ngacionismo do deputado estadual Albert Dickson (PROS) que tenta arregimentar votos com uma bíblia na mão e uma caixa de ivermectina na outra.
A medida é politicamente ineficaz porque, repito, a maioria dos evangélicos é favorável ao passaporte da vacina embora este seja o segmento religioso mais suscetível ao discurso antivax. Essa minoria jamais terá simpatia pela governadora.
A medida joga contra a imagem da governadora de defensora da ciência e de quem coloca a vida das pessoas em primeiro lugar.
A desculpa de que no culto os evangélicos ficam de máscara não faz sentido porque a exigência do passaporte da vacina visa criar restrições sociais para induzir os antivax a se vacinarem, logo a decisão é completamente incoerente.
O acesso ao culto seria uma motivação para vacinar mais gente que se perde com a decisão equivocada.
Agradar Alberte Dickson é um péssimo negócio. Ele é da base da governadora e ao mesmo tempo é casado com a deputada federal Carla Dickson (PROS) que endossa a pauta bolsonarista no Congresso Nacional.
É pouco provável que ele ajude a governadora nas eleições de outubro.
Fátima conseguiu se desgastar com a própria base e sacrifica o discurso dos setores da mídia potiguar que apoiam o passaporte da vacina, além de dar um argumento, ainda que pífio, para a turma antivax.
Na prática a única coisa que a governadora conseguiu com essa medida foi tocar pandeiro para negacionista dançar.