Olavo de Carvalho: um mártir às avessas e ícone dos intelectualmente ressentidos

Olavo morreu deixando legião de seguidores (Foto: reprodução)

O assunto do dia hoje no Brasil é a morte de Olavo de Carvalho, considerado por muitos o “guru” do presidente Jair Bolsonaro (PL).

A alcunha é um tanto exagerada. Os gurus de Bolsonaro são Donald Trump e o torturador Carlos Alberto Brilhant Ustra. Olavo era guru dos filhos do presidente Carlos e Eduardo Bolsonaro.

Mas suas ideias influenciaram o bolsonarismo e indiretamente Bolsonaro.

O autodeclarado filósofo, apesar de só ter estudado até a quarta série, era sim um homem culto e inteligente. Escrevia bem, apesar de usar esta qualidade para distorcer tudo e ludibriar uma legião de pessoas intelectualmente ressentidas.

Olavo manipulou o debate público fazendo uma parcela da sociedade acreditar que estamos sob uma ameaça comunista globalista financiada por George Soros, um mega investidor do mercado financeiro.

A junção do personagem com essas ideias é um desafio a lógica, mas ele convenceu uma parcela da elite nacional.

Olavo não tinha nada de conservador. Era um reacionário que combatia a ciência e usava a inteligência para distorcer o conhecimento. Se ele queria conservar alguma coisa eram as injustiças que assolam o Brasil daí o conceito de guerra cultura sob o pretexto de atacar negros, LGBTs e mulheres.

Olavo deixou a vida na madrugada neste 25 de janeiro para entrar no lixo da história.  Seu (des)legado ainda vai durar algum tempo, mas não para sempre. Será no futuro uma nota de rodapé quando os historiadores forem tentar explicar o governo Bolsonaro.

Olavo contribuiu muito para a piora na qualidade do debate público no Brasil, incluindo posturas incivilizadas ao pregar o insulto como método no debate público.

Ele conseguiu dar um (falso) verniz intelectual a uma gente ressentida pelo fracasso acadêmico e até fez alguns deles chegarem ao cargo de ministro como Ernesto Araújo, Vélez Rodrigues e Abraham Weintraub. Uma gente excluída da academia que se escudava nos ataques as universidades.

Olavo morreu antes de assistir o funeral do fracasso de suas ideias cujo cortejo fúnebre será no dia 2 de outubro.

Defensor do tratamento precoce contra a covid que se empenhou em desqualificar a eficácia das vacinas, ele morreu nove dias após ser diagnosticado por covid, o que faz dele um mártir às avessas.

Sua morte prova que ele estava errado também nisso.

Olavo morto não o redime do mal que ele causou e continuará causando por algum tempo ao Brasil.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto