Divisão do eleitor lulista, estratégia pragmática e uso da máquina federal foram fundamentais para a vitória de Rogério

Rogério Marinho se elegeu senador por três fatores importantes (Foto: reprodução/redes sociais)

O ex-ministro do desenvolvimento regional Rogério Marinho (PL) não entrou para brincadeira na disputa pela vaga do Rio Grande do Norte no Senado. Ele montou uma estrutura política só comparável com a de Henrique Alves (MDB) nas eleições de 2014.

Diferente de Henrique, Rogério saiu das urnas vitorioso porque encontrou do outro lado um eleitorado dividido. Enquanto ele afagava o bolsonarismo mantendo o terço de eleitores que aprovam o presidente Jair Bolsonaro (PL) ao seu lado, numa estratégia pragmática de quem sabia que não teria chances de ganhar a maior parte do eleitorado.

Aí foi completar o restante com a influência dos prefeitos e chegar a maioria simples, neste caso 41,85% dos votos válidos, necessária para se eleger senador.

Do outro lado, Rogério encontrou o eleitorado lulista, majoritário no Rio Grande do Norte, dividido entre duas candidaturas fortes: Carlos Eduardo Alves (PDT) e Rafael Motta (PSB). Como escrevi no processo eleitoral, o cenário dos sonhos de Rogério era que o eleitor lulista chegasse dividido a ponto de inviabilizar o voto útil, que acabou não acontecendo no volume esperado.

Carlos e Rafael somaram juntos 950.510 votos. Só a título de comparação a governadora reeleita Fátima Bezerra (PT) recebeu 1.066.496 votos e o ex-presidente Lula (PT) recebeu 1.264.179.

A divisão favoreceu Rogério que estava turbinado pela distribuição de recursos do orçamento secreto e do esquema conhecido como tratoraço. Ele deitou e rolou no uso da máquina pública federal.

Rogério venceu porque reconheceu os próprios limites, por saber juntar apoios importantes com a máquina federal e pela divisão dos adversários. Agora será senador por oito anos e candidato natural ao Governo do Estado em 2026.