Jean profere palestra sobre energia na “The November Conference – Brazil and Norway”

Jean Paul Prates fala em encontro Brasil/Noruega (Foto: reprodução)

O enfrentamento da emergência climática e a efetividade da transição energética exigem a atuação em diversas frentes, inclusive na busca por tornar o setor de óleo e gás menos impactante e mais eficiente. O alerta é do líder da Minoria no Senado, Jean Paul Prates (PT-RN), que voltou a ressaltar a urgência da redução das emissões de gases de efeito estufa (GEEs) para conter os impactos ambientais decorrentes dessa atividade.

O senador Jean Paul Prates foi um dos palestrantes da “The November Conference – Brazil and Norway”, que ocorre no Rio de Janeiro nesta segunda-feira (7).

INTERLOCUÇÃO

O evento é realizado anualmente e reúne expoentes do setor energético do Brasil e da Noruega, que discutem os desafios e as oportunidades para o estreitamento de laços entre os países. Neste ano, a conferência debate a implementação de uma agenda voltada para a transição energética e para uma economia de baixo carbono.

Importante interlocutor na área de óleo e gás, a Noruega detém o segundo melhor Índice de Desenvolvimento Humano do planeta — muito graças aos investimentos sociais do lucro obtido com a exploração do petróleo.

O país escandinavo é o principal investidor estrangeiro do Fundo Amazônia, criado para promover projetos de prevenção e combate ao desmatamento e promoção da conservação e o uso sustentável das florestas na Amazônia Legal e responde por mais de 90% dos valores doados a este fundo.

PROTAGONISMO

O Senador Jean lembrou que a Petrobras está perdendo a oportunidade de se posicionar como uma empresa de energia estratégica e protagonista na descarbonização da economia alinhada à segurança energética.

“Paralelamente à diversificação da matriz energética com base em energias renováveis, outras tecnologias surgem para auxiliar na descarbonização de atividades, sobretudo naquelas em que a transição energética para fontes limpas apresenta maiores dificuldades”. Ele citou como exemplo o sequestro de carbono, ou Carbon Capture and Storage (CCS).

RECUPERAR A CREDIBILIDADE

Jean Paul Prates enfatizou que durante o novo governo Lula o Brasil trabalhará para recuperar sua credibilidade junto à comunidade internacional e o protagonismo na agenda socioambiental, abrindo, assim, novas oportunidades para investimentos no país.

O senador petista ressaltou que o Brasil já desponta como referência no quesito renovabilidade das matrizes energética e elétrica e pode assumir um protagonismo na transição energética mundial, sobretudo se transformar suas vantagens comparativas em vantagens competitivas.

“O grande potencial do Brasil — em particular, do Nordeste — para a geração de energia eólica e solar a preços competitivos vem despertando o interesse de investidores de todo o mundo, que enxergam no país um promissor fornecedor de hidrogênio verde (H2V). O Brasil tem potencial, inclusive, de se tornar exportador de energia limpa”, destacou.

FONTES ALTERNATIVAS

Prates ressaltou que a diversificação da matriz energética, ancorada em fontes renováveis, deve ser o norte do país.

“Merecem destaque outras fontes alternativas de geração de energia, algumas já exploradas no país, ainda que distantes de todo seu potencial. É o caso da biomassa, do biogás e de biocombustíveis líquidos”. O senador lembrou que há, ainda, várias outras fontes em fase de pesquisa e desenvolvimento, caso do denominado hidrogênio sustentável.

COOPERAÇÃO

Para o Senador Jean, o enfrentamento da questão climática e implementação da transição energética é fundamental a cooperação. “Não apenas entre países, como Brasil e Noruega, mas também entre setores, como a academia e a indústria”.

Ele aponta a atuação conjunta e o fortalecimento da cooperação como “o único caminho possível, diante da magnitude e da urgência dos desafios climáticos”.

DEBATE

O debate desta segunda-feira (07) na conferência Brasil-Noruega foi sobre “Indústrias de energia na Noruega e no Brasil após o COVID e as perspectivas de transição dupla – digital e sustentável”.

Além do senador Jean Paul Prates, foram ouvidos Veronica Coelho, gerente da Equinor (estatal norueguesa de energia); William Christensen, do Ministério de Petróleo e Energia da Noruega; o Professor Morten Dæhlen, da Universidade de Oslo; e Beatriz Cotia; gerente da Hydro Energia. O debate foi moderado por David Cameron, da Universidade de Oslo.

COOPERAÇÃO DA NORUEGA

Logo no dia seguinte à vitória de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) nas eleições presidenciais, o ministro do Meio Ambiente da Noruega, Espen Barth Eide, afirmou que está disposto a retomar o financiamento do Fundo Amazônia, que tem por objetivo apoiar financeiramente a proteção à floresta amazônica.

Atualmente, as empresas do país nórdico estão presentes em 86 cidades brasileiras e empregam diretamente mais de 29 mil pessoas. Muitos investimentos noruegueses no Brasil estão ligados à energia eólica onshore e offshore, solar, captura de CO2, hidrogênio e novas tecnologias de combustíveis limpos.

Entre 2019 e 2020, foram investidos US$ 7 bilhões no Brasil. O investimento no setor de energia alcançou um nível recorde, com 71% do total investido. A Equinor é responsável por uma grande parcela do montante, resultado de um plano de investimentos no Brasil anunciado em 2018.

Os setores marítimo e offshore celebraram contratos importantes durante esse período, que garantirão sua presença no Brasil por muitos anos. Atualmente, tais setores correspondem a 7% do total investido.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto