Há 80 anos Vargas recebia Rooselvelt em Natal para fazer a Conferência do Potengi. O RN ganhava destaque na II Guerra Mundial

Há 80 anos a entrada do Brasil na Segunda Guerra Mundial era selada em Natal (Foto: reprodução)

Há 80 anos Natal se tornava protagonista internacional com a Conferência do Potengi que decidiu uma série de estratégias envolvendo o Brasil na II Guerra Mundial. Naquele dia a pronvinciana capital do Rio Grande do Norte recebia o Franklin Delano Rooselvelt, o presidente estadunidense.

O ditador Getúlio Vargas, que flertou com os nazistas, acabou se alinhado as potências democráticas e o encontro em Natal, cidade considerada estratégica, formalizou a aliança.

O Brasil rompera relações com os países do eixo (Alemanha. Itália e Japão) em janeiro de 1942 e nos sete meses seguintes 20 navios foram alvos de bombardeios dos alemães, levando mais de 700 brasileiros a morte. A pressão para o país entrar na guerra era grande na opinião pública.

Mas faltava um entendimento com os aliados (EUA, URSS, Franças, Reino Unido e China), o que viria ter como marco a Conferência do Potengi há oito décadas.

Na provinciana Natal, que estava longe do protagonismo nacional desde 1935 quando aconteceu o fracassado levante comunista (saiba mais AQUI), ninguém imaginava que naquele 28 de janeiro dois dos maiores líderes da história estariam na capital potiguar.

Nem o então governador do Rafael Fernandes imaginava.

Ele foi convocado para ir sozinho a base naval e quando chegou lá teve um susto ao se deparar com os dois chefes de estado. “No encontro foi confirmada a utilização de Natal como base para a conexão de tropas americanas e discutido o plano de prevenção de prevenção quanto a um possível ataque nazista no Hemisfério Sul a partir de Dakar, no Senegal. Também foi acertado o envio de tropas brasileiras ao front”, diz trecho do livro Natal do Século XX de Carlos Pinheiro e Fred Rossiter.

Assim foi montado na capital do Rio Grande do Norte o principal quartel general do Hemisfério Sul durante a Segunda Guerra Mundial.

Natal foi escolhida por conta de sua localização geográfica, sendo uma das cidades brasileiras mais próximas da África. Na época eram “apenas” oito (atualmente são três) horas de voo até Dakar levando soldados e armas para lutar no Norte do continente.

O movimento era tão grande que Natal que no dia 28 de janeiro tinha 36 mil habitantes dobrou de tamanho ao longo da participação na Segunda Guerra.

O papel de Parnamirim

A principal base área do Brasil na Segunda Guerra Mundial estava na cidade hoje conhecida como Parnamirim. Não é por acaso que a cidade da Região Metropolitana de Natal é conhecida como “Trampolim da Vitória”.

Em 1943 a cidade tinha um dos aeroportos mais movimentados do mundo com pico de 800 pousos e decolagens por dia.

Em um curtíssimo período foi construída uma estrada ligando Natal e Parnamirim e a base aérea, conhecida como “Parnamirim Field”. Mais de 6 mil trabalhadores fizeram o serviço.

Natal e Parnamirim foram palcos de atos de espionagem alemã entre 1943 e 1944. Foi necessário instalar um escritório do FBI em Natal que formulou mais de 400 relatórios para Washington identificando mais de uma centena de potiguares e estrangeiros que mantinham simpatia com os nazistas e colaboravam como espiãs.

PS: Esta reportagem é apenas um recorte do fato histórico, mas uma vasta bibliografia sobre a presença estadunidense na capital para quem quiser conhecer mais sobre o período. Parte dela foi consultada para este material.

Bibliografia consultada:

Contribuição Norte-Americana à Vida Natalense. Autor: Protásio Pinheiro de Melo.

Natal do Século XX: memória, fatos e fotos marcantes. Autores: Carlos e Frede Sizenando Rossiter Pinheiro

Natal, USA: II Guerra Mundial: a participação do Brasil no teatro de operações no Atlântico Sul. Autor: Lenine Pinto.

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