O contraditório silêncio de Allyson sobre a lei dos 20% do ICMS é a demonstração de que as cobranças públicas nunca passaram de politicagem

Allyson Bezerra faz pirotecnia quando é conveniente (Foto: redes sociais/Allyson Bezerra)

No dia 29 de agosto quatro secretários municipais reuniram a imprensa para uma entrevista coletiva em que disseram que a Prefeitura de Mossoró vivia dias de aperto por causa de uma oscilação do Fundo de Participação dos Municípios (FPM), que vinha acumulando alta acima da inflação ao longo do ano.

Para o prenúncio da chegada do apocalipse. Em setembro os salários poderiam atrasar. A ameaça nunca passou de retórica fantasiosa tanto que a folha de setembro e a de outubro foram quitadas antes do último dia útil do mês.

Allyson, sempre alheio as lutas coletivas, apareceu no protesto de prefeitos na frente da Governadoria poucos dias antes para cobrar pagamentos devidos pela gestão estadual aos municípios. Ele já havia protagonizado duas cobranças públicas, inclusive uma em uma audiência com a governadora Fátima Bezerra (PT).

O assunto, inclusive, foi abordado na coletiva. Curiosamente o secretário da fazenda, Edilson Junior, que é auditor fiscal do Estado, permaneceu toda a coletiva em silêncio.

Ainda naquela terça-feira o secretário estadual de fazenda Cadu Xavier rebateu ponto por ponto da coletiva e mostrou que a dívida anunciada como sendo de R$ 117 milhões era na verdade de R$ 26.195.281,38 e classificou a coletiva como “pirotecnia”.

Este operário da informação já tinha alertado que tudo não passava de jogada política para desgastar a governadora. O prefeito agia apenas por conveniência porque quando o então presidente Jair Bolsonaro (PL) feriu de morte o ICMS dos combustíveis Allyson se calou.

O Allyson que precisa muito de repasses estaduais e federais anda sumido do debate sobre a manutenção da alíquota de 20% do ICMS. O prefeito do Natal Álvaro Dias (Republicanos) já defendeu a proposta publicamente. A Femurn desceu do muro e está lutando para manter o atual patamar.

O prefeito é de um partido que tem dois deputados e poderia usar a influência de comandar a segunda maior cidade do Estado para ajudar na aprovação da matéria. Mas ele prefere se calar.

O Rio Grande do Norte deve perder R$ 700 milhões caso a matéria não seja aprovada, os municípios terão um prejuízo de R$ 125 milhões e Mossoró terá R$ 14,3 milhões a menos para investir em 2024.

Allyson escolheu o silêncio. Seguiu sendo aquele prefeito que preferiu inaugurar um supermercado enquanto os colegas estavam lutando pela reparação pelas perdas do FPM.

O tempo mostrou que eu tinha razão quando critiquei o jovem alcaide: todo o movimento de cobrança pública não passou de jogada política.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto