A conveniência da política ou a política da conveniência?

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Por Herval Sampaio e Joyce Morais

Por diversas vezes presenciamos no meio político candidatos outrora aliados passando a se acusarem e se agredirem, enquanto inimigos partidários de décadas, de um hora para outra, passam a fazer acordos, alianças e se dão as mãos num gesto de amizade. Mas o que os levam a tais mudanças? A conveniência da política com a possibilidade de se poder mudar de opinião ou a política da conveniência, conforme interesses próprios?

É bem verdade que como ser racional, o homem está em constantes transformações, adaptações e suscetível de mudança de juízos. Isso é natural. Mas infelizmente esta não é a realidade da política brasileira. O que vemos rotineiramente, infelizmente, são artimanhas para se permanecer no poder a todo custo, um vergonhoso jogo de interesses e deslealdade para com os ideais e valores defendidos e com a população que lhe confiou um mandato.

Políticos que se atacam, se desmerecem, se acusam, mas coincidentemente são amigos ao aproximar-se no período eleitoral, na qual constituem alianças em busca de voto objetivando mandatos eletivos e cargos públicos, escancarando essa política da conveniência.

Corre na internet um texto de autoria desconhecida, mas que poderia ter sido escrito por qualquer cidadão indignado com essa política da conveniência, pois reflete o pensamento de que é muito fácil calar-se ou apontar o erro quando nos convém.

Fora Temer, quem mais os petistas odeiam?

Todo mundo que participa do seu governo (ilegítimo, inconstitucional, fisiológico, entreguista, feio, bobo, golpista etc).

Compactuo do horror que os petistas têm ao Temer, ao seu governo, aos seus ministros.

Com a ressalva de que eu não votei no Temer.

Eles, sim.

O Temer me caiu de paraquedas, me foi enfiado goela abaixo.

Os petistas, ao contrário, escolheram-no.

E não uma vez só, mas duas.

Aceito o Temer como quem aceita uma injeção de Benzetacil.

Não quero, não gosto, é horrível – mas ou é isso ou a infecção generalizada.

Respiro fundo, prendo o choro, xingo a mãe do moço da farmácia e toco o barco.

Como os petistas, não suporto olhar para a cara do Edison Lobão, nobre presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado.

Mas, ao contrário dos petistas, eu também não o suportava quando ele era Ministro de Minas e Energia de Lula e de Dilma.

Compartilho com os petistas uma profunda antipatia pelo Presidente do Senado, Eunício Oliveira.

Só que eles o achavam simpaticíssimo quando era Ministro das Comunicações de Lula.

Eliseu Padilha, braço direito do golpista, quem consegue confiar nesse sujeito?

Os petistas, certamente – pelo menos enquanto foi Ministro da Aviação Civil da finada Presidenta.

Como não me solidarizar com os petistas no asco pelo Geddel Viera Lima, o do apartamento com vista pro mar em Salvador?

Mas o asco deles é recente, só desabrochou depois que ele deixou de ser Ministro da Integração Nacional do viúvo de D. Marisa.

Ah, Romero Jucá, o surubático Romero Jucá…

Impossível não ser tomado de ojeriza ao vê-lo, ouvi-lo, imaginá-lo.

Exceto os petistas, que surubaram com ele sem pudor algum enquanto era Ministro da Previdência Social do Lula.

E Silas Rondeau, encalacrado na Lava Jato, indiciado por tráfico de influência?

Abominável, diriam os petistas – e eu concordo.

Mas os petistas só acham isso depois que ele deixou de ser Ministro de Minas e Energia.

De quem?

Ganha um sítio em Atibaia quem adivinhar.

E tem ainda Moreira Franco, estrategicamente nomeado pelo nefasto Temer apenas para adquirir foro privilegiado.

Se bem me lembro, ele teve o mesmo foro como Ministro de Assuntos Estratégicos de Dilma, e ninguém falou nada.

Eu não gosto do Temer, mas desde sempre.

Os petistas, esses só começaram a desgostar quando ele se cansou de ser um vice decorativo e resolveu partir para novos desafios e se reposicionar no mercado.

Por isso entendo quando entram transe (e em loop) com seu mantra “Fora, Temer”.

É que levaram cinco anos para perceber que ele existia (e que existiam Moreira Franco, Jucá, Eunício, Rondeau, Padilha, Geddel), e só aí começar a ladainha.

Sabe como é, ficha de petista demora um pouco a cair.

(Autor desconhecido).

Independentemente dos partidos ou dos políticos que o texto cita, o importante é buscar combater esse jogo sujo de interesses e que tanto tem nos prejudicado. O cidadão deve ficar atento e observar os políticos que agem dessa maneira tão desleal com seu eleitor e sua ideologia, não se contentando em somente ir votar.

O ex-vereador, ex-secretário, ex-vice-prefeito e ex-prefeito de São Vicente-SP, o cirurgião dentista Dr. Francisco Bezerra Neto ao sair da política declarou: “A Política é a arte da conveniência, do interesse próprio e do jogo sujo, onde só entra quem não conhece e só permanece quem topa tudo.”

Na política, o apoio e a repúdio andam juntos, um de cada lado da calçada, transitando facilmente entre os sentidos, mas ela não pode ser a forma para se alcançar o interesse particular. Temos que acabar com essa nefasta prática.

Nem sempre os fins justificam os meios, nem tudo é legitimado pelo universo político-partidário, mas apenas o que está dentro da legalidade e da moralidade.

Esse jogo sem limites pelo poder e para sua manutenção não pode mais perdurar em nossa política. Enquanto não alterarmos o nosso sistema para atingir esse tumor maligno de nossa politicagem, continuaremos sofrendo as consequências desse círculo vicioso e pernicioso em que a política nada mais é do que um meio legítimo para satisfação de interesses próprios.

Pense você leitor em quantos casos se identificam com esse pequeno texto e procure fazer algo para mudar essa triste realidade!

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto