Por Daniel Menezes
A opinião publicada majoritária, sobretudo em Natal, já divulgou seu lado. Não, não disse o nome diretamente de ninguém. Porém, basta ver o modo como cobre os casos de corrupção. Ou deixa de cobri-los.
No caso da compra dos respiradores pelo consórcio nordeste, em que o RN participou com cinco milhões junto aos estados consorciados, cada passo merece grande estardalhaço. Raramente se comenta que o próprio Tribunal de Contas do Estado e o Ministério Público de Contas já isentaram o governo de qualquer ato de corrupção. A governadora sequer é investigada. Por fim, foi o próprio governo do RN quem denunciou a empresa por não entregar os respiradores e já conseguiu na justiça o direito à devolução do dinheiro. É o cenário sem tirar nem acrescentar.
Enquanto isso, parlamentares de oposição são chamados à imprensa para falar sobre o assunto – o que é justo e correto -, mas sem qualquer contraditório. Microfones são entregues para que eles mintam à vontade. Hoje, por exemplo, com a operação deflagrada pela Polícia Federal, eles mais uma vez vieram à tona com a mentira – não tem outro nome – de que a ação se devia aos trabalhos da CPI Da Covid na Assembleia. O Rio Grande do Norte sequer foi listado entre os estados que sofreram busca e a investigação dizia respeito ao inquérito da PF que corre no Superior Tribunal de Justiça. Os parlamentares só mentem porque sabem que suas falsidades não serão confrontadas pelos fatos. Com isso, elas podem correr na esfera pública local como alegações e na bolha dos apoiadores como verdades. É o modus operandi.
Por outro caminho, as mais variadas denúncias que estouram na Companhia do Vale do São Francisco, empresa ligada ao ministério do desenvolvimento regional no tempo em que Rogério Marinho era líder da pasta, gravitam cotidianamente nas páginas nacionais sem sequer receberem atenção local. O bilionário orçamento secreto, atravessado por suspeitas de favorecimento e de superfaturamento que pelo referido ministério circulou, vira assunto sem importância. Tratores superfaturados, asfaltos que se desmancharam em pouco tempo, obras feitas por aliados com suspeitas de sobrepreço, tem de tudo um pouco. Trata-se de algo explicitamente injustificado, já que estamos falando da principal liderança hoje da oposição no RN que tem seu nome comumente citado pela imprensa profissional nacional. Ele é culpado? Óbvio que não é possível tirar conclusões precipitadas e o direito a ampla defesa deve se fazer presente. Mas o silêncio de quem deveria falar e acompanhar os fatos é sintomático. Ou melhor, uma declaração.
*É professor da UFRN e editor do Blog O Potiguar.
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