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A lição de Mossoró que a oposição no RN se recusa a aprender

Fátima tem situação hoje parecida com a de Rosalba em 2019 (Foto: autor não identificado)

Os índices de popularidade e intenções de voto da governador Fátima Bezerra (PT) são semelhantes aos da então prefeita Rosalba Ciarlini (PP) no penúltimo ano de governo.

A diferença é que Rosalba liderava as pesquisas com um pouco mais de folga e não há segundo turno na eleição para prefeito de Mossoró. Tanto que havia uma análise equivocada de que era necessário unir as oposições. Esta página sempre lembrou que o voto útil seria um fator determinante e quem conseguisse polarizar poderia vencer, mas isso é tema para outra discussão.

A questão aqui é comparar o que é feito hoje com Fátima com o que foi feito com Rosalba no passado.

Ainda que desunidas, as oposições atuaram de forma equilibrada para combater a então prefeita imbatível. Ninguém partiu para fake news nem para a crítica pela crítica.

E olhe que a oposição tinha que lidar com uma máquina de moer reputações sempre azeitada do rosalbismo.

A mídia não alinhada ao grupo da então prefeita atuou dentro dos limites da ética jornalística. As denúncias eram pautadas em documentos, dados do Portal da Transparência, Jornal Oficial de Mossoró e os questionamentos eram feitos de forma objetiva.

O espaço ao contraponto nunca foi negado. Muito pelo contrário. A comunicação da prefeita é que muitas vezes abria mão de prestar esclarecimentos.

Rosalba não pode se queixar de que foi alvo de fake news nem factoides plantados na imprensa. Inclusive, ela e o marido Carlos Augusto Rosado reconhecem em conversas reservadas que a derrocada política passou pelo péssimo relacionamento com uma imprensa que estava fazendo apenas o trabalho dela.

Deu certo. A maior líder política de Mossoró do fim do Século XX e início do Século XXI, alguém considerada mais popular que a padroeira santa Luzia e tida como invencível acabou derrotada nas eleições de 15 de novembro.

Desconstruir Rosalba não foi fácil para a oposição. Havia um mito de que a cidade só dava certo com ela e uma paixão irracional de parcela da população semelhante ao que Bolsonaro e Lula provocam em nível nacional.

Fátima Bezerra não tem nada disso. A militância do PT está apática e ela tem contra si o antipetismo. Sua vantagem na corrida eleitoral é baixa, os índices de aprovação x desaprovação caminham próximos nas pesquisas e um adversário encaixando bem um discurso pode derrota-la.

A oposição tem errado na mão. O exagero na crítica e na abordagem dos temas pode ter um efeito contrário. A pesquisa Seta realizada na pior semana do Governo Fátima mostrou que a petista mantém índices semelhantes aos do mês de agosto.

A pancadaria sem contraditório e o exagero nas abordagens na mídia podem levar Fátima à condição de vítima.

A aposta em factoides, distorções de informações e fake news até aqui não deu resultados. Fátima lidera as pesquisas e tem aprovação maior que desaprovação. Vale lembrar que seus antecessores Rosalba Ciarlini e Robinson Faria finalizaram o terceiro ano dos seus mandatos completamente inviabilizados à reeleição. Fátima tem sobrevivido e se mantém competitiva.

Rosalba estava competitiva em 2019 e se manteve assim até o final, mas sua desconstrução foi consistente, sustentada pela realidade e fez a diferença durante a eleição.

Fazer oposição é uma arte e Mossoró está aí para contar a história.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto