A saída da Petrobras do RN é um projeto

A reunião que não trouxe os resultados esperados (Foto: arquivo)

Não. Não começou no governo Bolsonaro. É coisa mais antiga. A saída da Petrobras do Rio Grande do Norte é um projeto que se iniciou após o início da exploração do pré-sal e ganhou apoio de boa parte da nossa classe política.

Ontem a empresa anunciou que está pondo à venda seus últimos ativos no Rio Grande do Norte. Não se trata apenas de campos maduros ou poços que estavam parados. É tudo.

O projeto se iniciou no início desta década com Graça Foster na presidência da estatal. Em abril de 2013, foi realizada uma audiência pública na Câmara Municipal com a presença do então todo poderoso presidente da Câmara dos Deputados Henrique Alves.

Dali foi acertada uma reunião com Graça Foster na semana seguinte. Foi apresentada uma série de promessas, mas lembro bem de uma conversa com o então deputado estadual Fernando Mineiro (PT) em que ele me alertava: “Não vai dar em nada. Só o Rio Grande do Norte não reverte a situação. Tem que ser uma ação de todo o Nordeste”.

Dito e feito! Foi até apresentada uma “Carta de Mossoró”. Por um tempo a política segurou os interesses econômicos da empresa.

Das promessas algumas foram cumpridas, houve uma retomada das atividades, mas o projeto não estava paralisado e com a queda de Dilma Rousseff a ideia ganhou força.

A audiência na Câmara Municipal de Mossoró resultou na única mobilização da classe política sobre a permanência da Petrobras no RN (Foto: reprodução/Blog do Barreto)

Enquanto uns poucos político cobravam a permanência da Petrobras a maioria se calava e Beto Rosado herdara do pai o entusiasmo pelas substituição da empresa estatal pelo capital privado que geram menos e precários empregos. Na última sexta-feira o deputado celebrava com o presidente Jair Bolsonaro (ver vídeo abaixo) a bandeira pela privatização dos campos maduros sob o silêncio cúmplice da prefeita e tia Rosalba Ciarlini (PP).

Da atual bancada federal somente Jean Paul Prates (PT) manteve o alerta constante do que estava para acontecer. A governadora Fátima Bezerra arrancara a palavras ao vento dos dirigentes da estatal de que ela permaneceria no Rio Grande do Norte. Agora ela tenta novamente uma reunião com o presidente Carlos Castello Branco. Será em vão.

O projeto de desinvestimentos da Petrobras é antigo, repito. Começou com a sabotagem nas concessões de terra para diminuir a produção propositalmente e de forma lenta. Foi um sucateamento para desvalorizar os ativos e vende-los mais facilmente gerando uma falsa impressão de que a privatização vai aumentar a produção.

Permanência da Petrobras sempre passou pela política (Foto: reprodução/Blog do Barreto)

O que mais envergonha a nossa classe política é que essa tragédia vem num momento em que o Rio Grande do Norte conta com dois ministros pela primeira vez na história. Não são dois ministros qualquer. Rogério Marinho (desenvolvimento regional) e Fábio Faria (comunicações) são conselheiros do presidente. Mas estão compromissados com a pauta neoliberal e preferiram a omissão.

Bolsonaro veio na sexta-feira, foi muito bajulado pela elite política e econômica potiguar, na segunda presenteou os “amigos” daqui com a perda da Petrobras.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto