“Nada mais cretino e mais cretinizante do que a paixão política. É a única paixão sem grandeza, a única que é capaz de imbecilizar o homem”, já dizia Nelson Rodrigues. Essa semana o país assistiu atônito a condução coercitiva do ex-presidente Lula.
Mesmo sem que Lula tenha se recusado a prestar depoimento, o badalado juiz Sérgio Moro decidiu que o ex-presidente deveria ir na marra. A justificativa era de que se marcasse um depoimento geraria tumulto. A decisão causou o efeito contrário. Pessoas foram para as ruas trocar agressões e no meio disso estava a imprensa fazendo o seu trabalho.
Por mais que se ache injusto o que fizeram com Lula cabe ao jornalista narrar os fatos e dar ampla divulgação dos acontecimentos. É o nosso ofício.
Fiquei chocado com as imagens de petistas agredindo jornalistas que estavam apenas fazendo o trabalho deles. Pura imbecilidade de quem está despreparado para lidar com o contraditório, de quem não respeita o trabalho de quem acorda todos os dias para manter a sociedade informada.
É salutar que o cidadão cobre do jornalista a famosa e inalcançável imparcialidade, que a corrupção dos demais partidos tenha o mesmo tratamento da do PT. Até concordo com essa cobrança. Mas agredir e xingar um jornalista não resolve. Pelo contrário, piora as coisas.
Há quatro anos, na tumultuada eleição de 2012, senti na pele o que meus colegas sentiram em São Paulo. Estava na sabatina da TCM cuja entrevista era Cláudia Regina (DEM). Fiz a seguinte pergunta: “o seu partido nos últimos 24 anos passou 20 governando Mossoró e o problema do transporte público não foi resolvido. Como acreditar que a senhora fará diferente?”. A partir desse momento fiquei horas sendo xingado pela militância dela no Twitter.
Ao sair da TCM tinha uma horda de militantes fanáticos na porta da emissora. Ouvi a orientação do então secretário de comunicação Ivanaldo Fernandes: “Ele está vindo”. Senti medo nessa hora, mas não me acovardei. Fui vaiado e teve uns que me xingaram. Outros foram me acompanhando até o carro.
Claro que não fiquei triste com aquilo. Sabia que era coisa de fanático. Pelo contrário só reforçou a certeza de que eu estava no caminho certo.
Tomara que meus colegas superem esse momento triste como eu superei e que os imbecis entendam que agredir um jornalista é agredir a liberdade.