Aí complica

As várias faces de James Bond (Foto: reprodução)

Por Marcelo Alves Dias de Souza*

Eu sempre digo e repito que, das franquias do cinema, a minha preferida é, de longe, a que tem como protagonista o espião 007. Eu sempre invejei – inveja, boa – o Bond, James Bond.

Suas aventuras, sejam na pele de Sean Connery, de Roger Moore ou de qualquer dos seus sucessores. E, sobretudo, cobicei as bond girls. Honor Blackman, Diana Rigg, Lois Chiles, Maud Adams e a oficiosa Kim Basinger, entre as minhas preferidas. Mas isso, falo da minha simpatia para com as bond girls, que fique cá entre nós.

Como sabemos, James Bond e suas aventuras são uma criação do britânico Ian Fleming (1908-1964), mestre dos romances de espionagem. “Casino Royale”, de 1953, é o primeiro título da série de enorme sucesso. Ele já nos mostra um espião 007 “charmoso, sofisticado, bonito,

friamente implacável e mortal”, como consta da edição que possuo da obra, em inglês, da Penguin Books, de 2006. E as estórias de Bond foram transpostas para a tela grande. O filme de estreia foi “Dr. No” (“007 contra o satânico Dr. No”, no Brasil), de 1962, com direção de

Terence Young e com Sean Connery e Ursula Andress no elenco, entre outros. O legado da dupla Fleming/Bond é indiscutível. E o sucesso no cinema foi e é mais que estrondoso.

Todavia, estes dias, revisando as minhas anotações do já distante ano de 2013, anotações que sempre faço para poder escrever as minhas crônicas, acabei reencontrando uma reportagem alarmante da Folha de São Paulo: “Estudo diz que James Bond era alcoólatra com risco de

cirrose e impotência”. E ainda confirmei a informação numa matéria, da mesma época, da BBC/Brasil: “De tanto beber, James Bond seria impotente, dizem médicos”. Aí a coisa complica!

Entre outras “maldades”, relata a Folha: “O famoso espião britânico James Bond corria o risco de sofrer de ‘cirrose, impotência e outros problemas de saúde’ devido ao seu alcoolismo, segundo um estudo publicado nesta sexta-feira (13) pela revista científica British Medical Journal (BMJ). A pesquisa, divulgada em uma edição especial de Natal do BMJ e baseada na análise dos 14 romances de Ian Fleming, concluiu que o Agente 007 consumia cinco martínis (‘batido, não mexido’, como costumava pedir) por dia e que seus hábitos de consumo podiam gerar ‘risco de morte’. De acordo com o estudo, realizado por pesquisadores de Nottingham e Derby (Inglaterra), Bond ingeria 92 unidades de álcool (736 gramas) por semana, taxa quatro vezes maior que o máximo recomendado no Reino Unido para um homem. Ao todo, 007 consumiu 1.150 unidades de álcool (9.200 gramas) em 88 dias e ficou apenas 13 dias sem beber ao longo de todos os livros. ‘O nível de funcionamento físico, mental e sexual de Bond é incompatível com o nível de álcool que consumia’, conclui o estudo, acrescentando ainda que Bond ‘não era um homem confiável para desativar uma bomba nuclear’”. Eu também não sou confiável para desarmar a tal bomba atômica, mas essa de cirrose e impotência é de lascar.

Estou até meio indignado. E tenho as minhas contraditas a essas “aleivosias” dos especialistas britânicos, até porque, segundo a BBC, os médicos “deixaram claro que suas

observações não vieram de um estudo científico, mas apenas de anotações coletadas após leituras

nas horas vagas (…)”. Assim, até eu posso dar alguns “pitacos”.

Primeiramente, os mais famosos Bonds, Sean Connery (1930-2020) e Roger Moore (1927-2017), só vieram a falecer nonagenários, o que não é pouco. George Lazenby (1939-), octogenário, mesmo com a esposa morta em “007 – A Serviço Secreto de Sua Majestade”, está ainda entre nós. E, pelo que sei, os mais jovens, Timothy Dalton, Pierce Brosnan e Daniel Craig, “vão muito bem, obrigado”.

Ademais, de 2013 para cá, já vieram mais dois filmes da série, “007 – Contra Spectre” (2015) e “007 – Sem Tempo para Morrer” (2021), ambos sucessos retumbantes de crítica e público. E a coisa não para: a atual produtora da série já revelou estar em busca de um novo ator para o papel do protagonista Bond, James Bond. Quem sabe não me ofereço? Por fim, de toda sorte, pedia sempre Bond “Vodca martíni, batido, não mexido” (“shaken, not stirred”, no idioma de Fleming). De minha parte, descomplicando, a partir de agora, só bebo uísque ou uma boa cachacinha.

*É Procurador Regional da República e Doutor em Direito (PhD in Law) pelo King’s College London – KCL.

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