O prefeito Allyson Bezerra (SD) ao fazer a leitura da mensagem anual adotou uma postura contraditória. Quando é o estilingue o embate. Quando é a vidraça a calma.
Assim, ele chamou a governadora Fátima Bezerra (PT) para a briga ao dizer que ela está “penalizando Mossoró”. Abre aspas para o prefeito:
“Todas essas dívidas pretéritas penalizam o poder de investimento da cidade, assim como o Governo do Estado tem penalizado Mossoró e nossa gestão com dívidas milionárias com o município. Dívidas essas que fiz questão de detalhar em recente reunião com a Governadora do Estado em Natal. São R$ 69.748.623,00 de dívidas de repasses não realizados de ICMS e IPVA, obrigações constitucionais obrigatórias que somam ao caixa de recursos próprios do município. E são R$ 55.466.783,00 referentes a repasses de prestadores de serviços hospitalares como cirurgias oncológicas, cardíacas, leitos de UTI, exames complexos. Dívida essa da saúde que faz com que a Liga de Combate ao Câncer de Mossoró esteja passando por sérios problemas de continuidade dos serviços”.
Em outro trecho ele sugere aos vereadores que façam audiências públicas para discutir as dívidas do Governo com a Prefeitura:
“Peço o apoio desta Casa e das instituições aqui presentes para que reforcemos apelo ao Governo do RN, para tentarmos viabilizar o recebimento desses recursos. É dinheiro do nosso povo que faz muita falta à cobertura de importantes compromissos, mas acredito que contaremos também com a sensibilidade da Governadora nessa causa. Solicito, inclusive, que os senhores vereadores e vereadoras realizem audiências públicas com nossas equipes técnicas para conhecerem mais de perto esse gargalo financeiro, pois a falta desses recursos impede que o município possa avançar em pautas que necessitem aumento de recursos próprios”.
Não tiro a razão do prefeito em cobrar do Governo do Estado, mas ele não tem a mesma compreensão que exige dos professores quando o assunto é pagamento do reajuste do piso nacional da categoria de 14,95%.
Pouco importa para ele se são dívidas da gestão passada que estão judicializadas e outras em processo de negociação com a Femurn. Quem conhece os bastidores sabe dos melindres que esse tipo de discurso causa.
O próprio prefeito tem os dele. O pagamento do piso é um direito dos professores. Ninguém é louco de negar que a aplicar o reajuste numa lapada só é difícil. Mas como o prefeito em relação a governadora, os professores têm razão em relação ao prefeito.
Mas aí Allyson adota uma outra postura ao se referir aos docentes mandando uma indireta comprando-os consigo:
“Anuncio que ainda neste mês estaremos formando as demais comissões que vão elaborar os projetos e relatórios necessários para a implementação dessas conquistas, como por exemplo da Guarda Municipal. A base de tudo será o diálogo e respeito com os servidores, pois foi assim que fui forjado durante toda minha vida. Aprendi, enquanto presidente do sindicato de servidores da UFERSA, o mais jovem entre todos os presidentes das universidades federais do país na época, que devemos levar a categoria ao êxito viável e não ao acirramento público inglorioso. O caminho é sempre o diálogo e aqui estou junto às nossas equipes para o bom debate que produz resultados possíveis”.
Parêntese: a aprovação da greve foi justificada como uma reação a falta de diálogo de Allyson que não recebeu os professores, apesar dos vários pedidos de audiência.
Com a governadora, o prefeito acirra os ânimos jogando a população contra ela. Aí ele é estilingue e a pedra. Quando vira vidraça, Allyson pede calma.
O nome disso é incoerência.