O Brasil vive um momento de desejo profundo por mudanças. As manifestações nas redes sociais são invariavelmente no sentido de rejeitar os políticos tradicionais e seus parentes.
Trocando em miúdos: o povo cansou. É um cansaço que em vez de gerar revolta e manifestações de rua é expressado numa apatia política típica de nossa sociedade, mas ainda assim o ambiente não é bom para os grupos tradicionais.
O Rio Grande do Norte é um dos Estados mais presos ao sistema oligárquico no Brasil. Aqui Alves, Maias e Rosados (divididos ou juntos) ditam as cartas há mais de 60 anos.
Pouca gente percebeu, mas vivemos um período de hiato no poder desses grupos. Robinson Faria (PSD), com o apoio velado (e não velado) do rosalbismo, derrotou Alves e Maia e hoje é adversário das três oligarquias. O modelo de gestão dele foi tão igual ao dos seus antecessores tanto que ninguém nem notou que esse pessoal está longe do erário estadual.
A decadência do governo Robinson não favoreceu a ascensão dos grupos tradicionais, pelo menos por enquanto eles seguem merecidamente ignorados.
Os grupos tradicionais foram parcialmente rejeitados em 2014. Juntos perderam Governo e Senado, mas dominaram vagas na Assembleia Legislativa e Câmara Federal.
Mesmo com a fragorosa derrota na eleição majoritária em 2014, os grupos tradicionais ignoram o sentimento do eleitor e trabalham para fazer uma chapa misturando Alves, Rosados e Maias, juntando a fina flor da velha política potiguar.
Carlos Eduardo Alves, o prefeito de Natal que andou atrasando salários, quer pintar como solução para substituir um governador que também atrasa salários. É um paradoxo difícil de entender e explicar ao (e)leitor. Filiado ao PDT e posando de diferenciado, ele começa a pôr a cabeça para fora para formar chapa ao lado dos senadores Garibaldi Alves Filho (MDB) e José Agripino Maia (DEM), que tentam a reeleição ao Senado. O trio sonha com um vice made in Mossoró com sobrenome Rosado.
É como se a política do Rio Grande do Norte ainda estivesse nos anos 1990 quando estes sobrenomes não sofriam resistência eleitoral de hoje.
Garibaldi e Agripino nunca tiveram intenções de voto tão baixas nas pesquisas como em 2018, mas seguem competitivos. Suas derrotas dependem de quem serão os oponentes. Em entrevista ao Conversa de Alpendre da TCM, o emedebista admitiu que essa será a eleição mais difícil da vida dele.
Na pesquisa do Instituto Consult, contratada pela FIERN, o eleitor mostrou-se disposto a mudar a nossa elite política e ignorar as orientações de prefeitos e cabos eleitorais. O problema é, repito, qual a alternativa a tudo isso que está aí?
A utopia do eleitor potiguar médio é mudar a classe política e seu modelo de gestão cansado, mas há um movimento remando no sentido contrário que sabe o caminho das pedras que levam aos votos e vitórias e isso pode levar o eleitor apático a sufragar votos em quem não quer por falta de alternativas.
A postulação de Carlos Eduardo Alves ao Governo do Estado é uma distopia política por representar o sentido inverso dos desejos dos eleitores potiguares, mas não pode ser subestimada.
Entenda: Utopia e distopia são dois conceitos que fomentam a discussão acerca da realidade. A utopia pode ser compreendida como a ideia de uma civilização ideal, imaginária, perfeita e, por isso, inalcançável.
A distopia ou antiutopia, por sua vez, é a antítese da utopia, apresentando uma visão negativa do futuro, sendo geralmente caracterizada pelo totalitarismo, autoritarismo e pelo opressivo controle da sociedade.
Fonte: www.estudopratico.com.br