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Fui bloqueado por Rogério Marinho

Raramente interajo com o senador eleito Rogério Marinho (PL) em qualquer rede social. Uma das poucas vezes foi no último domingo quando ele defendeu o descumprimento da decisão do TSE de proibir fiscalizações em carros que transportavam eleitores.

Critiquei o post lembrando que Rogério entende de aparelhamento do Estado e tasquei um “Rei do Tratoraço”. Confesso que saí um pouco da linha ao dar o apelido, mas justifico: não suportei tamanha hipocrisia do bolsonarista.

Mas nada que se compare aos insultos diários que recebo de bolsonaristas. Tenho como critério para bloquear alguém que ela precisa gabaritar todas as listas de ofensas.

Mas Rogério não gostou e me bloqueou. Só percebi hoje de manhã quando fui conferir mais um de seus tuítes hipócritas quando ele critica a PEC da transição quando endossou o rombo nas contas públicas para medidas eleitoreiras do ainda presidente Jair Bolsonaro (PL) e se beneficiou do orçamento secreto e tratoraço.

Rogério sempre evita me dar entrevistas porque sabe que não vou fazer perguntas camaradas e conheço bem seus desmandos. Agora ele me bloqueou no Twitter para que eu não possa criticar suas postagens aqui no Blog do Barreto.

Poderia dizer que foi “Grande Dia” para ironizar, mas na verdade lamento que um ex-ministro e futuro senador tenha esse tipo de postura ao cercear um jornalista de sua missão de acompanhar a rede social de um político relevante não só no Rio Grande do Norte, mas no país.

Mas esse bloqueio terá efeito zero porque terei a ajuda dos meus leitores que vão mandar prints quando você aparecer condenando medidas em favor dos trabalhadores e dos mais necessitados.

Não vai adiantar fugir, Rogério.

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O que erramos e acertamos nas eleições 2022

Como fazemos em todas as eleições ao final apresentamos um balanço de nossas análises e projeções cruzando com as respostas nas urnas. Reconhecendo erros e também registrando os acertos.

Avaliações são resultantes de textos, comentários no Foro de Moscow e entrevistas que concedi.

Então vamos lá.

Erramos na eleição para o Governo do Estado ao avaliar que o senador Styvenson Valentim (PODE) sustentaria o segundo lugar. Nos baseamos nas pesquisas, mas isso não aconteceu nas urnas. Também acreditamos que haveria voto útil para o Senado, mas o eleitor lulista permaneceu dividido entre Rafael Motta (PSB) e Carlos Eduardo (PDT). Também não conseguimos perceber o desempenho do PL, que elegeu quatro deputados federais e quatro estaduais. Projetamos entre uma e duas cadeiras para a Câmara e entre duas e três para a Assembleia Legislativa.

Por outro lado, acertamos quando dissemos que a chance de Rogério Marinho (PL) vencer residia na divisão da base lulista e no sentimento de dúvida entre Carlos e Rafael (o que se manteve até a reta final e as pesquisas não captaram). Acertamos quando afirmamos que se Fátima Bezerra (PT) adotasse a estratégia de cozinhar a campanha ela venceria com tranquilidade como fez Álvaro Dias (PSDB) em 2020 quando se reelegeu prefeito do Natal. Ela fez isso e venceu batendo recordes. Acertamos quando dissemos que se Pablo Aires (PSB) saísse candidato a deputado federal teria uma boa votação em Mossoró e sairia maior destas eleições mesmo que não conquistasse um mandato. Acertamos ao avaliar que Marleide Cunhas (PT) não tinha chances e que sua candidatura não atrapalharia a reeleição de Isolda Dantas (a mulher mais votada para deputado estadual na história do RN) e que no máximo impediria que Isolda fosse a mais votada em Mossoró. Foi o que aconteceu.

O que indicamos aconteceu em relação a estratégia do prefeito de trocar Tony Fernandes por Jadson Rolim como candidato palaciano. As urnas evidenciaram o erro porque Tony mesmo sozinho teve uma votação próxima a de Jadson em Mossoró. A soma dos votos deles na capital do Oeste seria suficiente para ser o primeiro da nominata do Solidariedade.

Atentamos para a possibilidade de Mossoró ficar sem deputado federal pela primeira vez em 77 anos por causa do quadro de dúvidas em relação ao Solidariedade e o PP. Acertamos quando dissemos que o grupo de Sandra Rosado (União) teria um desempenho pífio nestas eleições (essa foi fácil, reconheço).

Na projeção para deputado estadual (não confunda com o agregador de pesquisas) os eleitos estavam na nossa lista enquanto na de deputado federal apenas Sargento Gonçalves (quem poderia acertar essa?) foi o único nome de fora da lista de deputado federal.

Foi um quadro de mais acertos do que erros mais uma vez. Não sou dono da verdade e estou aqui voluntariamente para reconhecer no que errei, mas também registrar os acertos sem afetação.

Faço análise política dispondo dos dados que tenho em mãos e pesquisas não são adivinhação e se limitam a indicar tendências. Foi isso que sempre dissemos em nossos comentários. Elas podem não alcançar mudanças na véspera da eleição.

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Meus votos em 2022

Como sempre faço em todas as eleições anuncio meus votos.

Então vamos lá:

Deputada estadual: Isolda Dantas

Deputado federal: Fernando Mineiro

Senador: Carlos Eduardo Alves

Governadora: Fátima Bezerra

Presidente: Lula

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Pausa para um descanso

O corpo clama por uma pausa, um descanso, uma fuga deste mundo de tanta gente insuportável. As condições não permitiram parar antes e será pelos próximos cinco dias e não tem início de campanha que impeça.

Nada de pesquisa, rede social, gente reclamando porque não sabe o significado da palavra “impugnação” e outras coisas típicas de uma cobertura eleitoral.

São cinco dias sem Blog, Foro de Moscow e UERN.

Para um viciado em trabalho é mais do que suficiente para recarregar as baterias. Que eu não sucumba ao tédio de não ter nada para fazer em um paraíso do nosso belo e amado RN.

Segunda-feira estou de volta para ajudar a contar a história de mais um processo eleitoral junto com você.

Inté!

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Decisão judicial dá esperanças ao Blog do Barreto de recuperar conta hackeada no Instagram e e-mail

Li em sites e blogs de Natal que uma cidadã que vivenciou uma história bem semelhante a minha, a de ter as contas nas redes sociais invadidas por hackers, foi vitoriosa em uma ação judicial no 12º Juizado Especial Cível da Comarca de Natal.

Assim como Blog do Barreto e o perfil pessoal do editor desta página, a mulher teve a conta invadida por criminosos que ofertaram falsas promessas e compra e venda de bens.

Além da indenização ela terá direito a devolução do perfil.

Os dois perfis no Instagram (Blog e pessoal) que mantemos também foram usados para aplicação de golpes desde o dia 13 de julho. Hoje tomamos conhecimento de que algumas pessoas caíram nas armadilhas dos criminosos.

Estamos buscando na Justiça recuperar o perfil do Blog (o pessoal já foi recuperado) e reparação por danos morais. Também estamos na luta para retomar a conta da Microsoft.

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Tentando voltar ao normal numa situação anormal

Na tarde da quarta-feira fui surpreendido com um ataque hacker as minhas contas no Instagram, Facebook, Microsoft e no WhatsApp do Blog.

Não tive tempo hábil de evitar o estrago e o transtorno que isso me causou profissionalmente é incalculável. São informações que deixei de receber, mas também uma série de crimes que atingem em cheio a minha reputação enquanto jornalista com ofertas criminosas de pix de R$ 200 em troca de R$ 700 (tem que ser muito desligado para cair numa dessas) e posts que contrariam a nossa linha editorial e layout do Blog, inclusive usando material de terceiros.

O que mais me impressionou foi eles terem trocado a linha do meu chip da OI e colocando nele um outro número no nome de uma mulher chamada Jessilene Barbosa. A OI dificulta ao máximo que tenhamos contatos com seres humanos nos empurrando no looping com robôs. Mas essa questão eu consegui resolver e em breve reaverei meu número, que uso há 17 anos. De posse do meu números eles conseguiram tomar minhas redes sociais.

A sensação é de impotência também porque as políticas de privacidade da Microsoft e Meta (dona do Facebook, Instagram e WhatsApp) privilegia os criminosos invertendo os papéis.

Quem quer recuperar suas contas é tratado como alguém malicioso enquanto os criminosos seguem chafurdando nosso nome na lama.

Tentei de todas as formas resolver o problema com a Microsoft. Com a Meta é quase intransponível. Dão muitas “dicas” e nenhum caminho para que possamos aplicá-las.

Também acionei a Polícia Civil por meio de um Boletim de Ocorrência, mas não vou deixar barato. Estou tomando todas as providências e recebi a garantia de que o caso será investigado.

Outra providência tomada foi entrar com uma ação na Justiça contra a Microsoft e Meta pedindo a recuperação das minhas contas e indenização por danos morais.

O meu trabalho está bem prejudicado. São 17 mil seguidores no Instagram, um e-mail com 18 anos de uso, um contato telefônico de 17 anos, um WhatsApp com mais de 250 grupos e lista de transmissão com cinco mil pessoas.

O alcance das minhas postagens ficou limitado e isso agrada setores da política potiguar.

Ultimamente este Blog vinha desagradando gente graúda no Rio Grande do Norte e com redes de contatos em nível nacional. Não quero aqui dizer que tenho certeza de que há interesse político nisso tudo. Num primeiro momento até descartei essa possibilidade, mas a postura dos que roubaram minha conta no Instagram indica que não é teoria da conspiração de que há interesses políticos em diminuir o meu alcance. Bloquearam minha esposa, familiares e amigos próximos nas redes sociais hackeadas.

Peço a você que denuncie minhas contas hackeadas para que a Meta tome providências e que pessoas não sejam alvo de criminosos. É inevitável cogitar que se trata de alguém que conhece meu ciclo de amizades e rotina. Não tenho mais condições de descartar a possibilidade de crime político.

Já fiz o que estava ao meu alcance. Agora é aguardar que a Justiça. Enquanto isso vou tentando voltar a normalidade numa situação anormal.

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Vagabundo se passa por assessor de prefeito para divulgar informação falsa

Um vagabundo está se passando por assessor de imprensa do recém-empossado prefeito de São Gonçalo do Amarante Eraldo Paiva (PT) e enviando relise (material produzido por assessorias de imprensa) com a informação falsa de que a nova gestão faria processo seletivo para parte do secretariado.

O Blog do Barreto recebe centenas de relises de assessorias de imprensa de governos, políticos, entidades empresariais e sindicatos e isso nunca tinha acontecido.

Assim que tivemos a certeza de que se tratou de uma fraude jornalística apagamos a postagem em nossa página e nas redes.

Indignados com essa canalhice pedimos aos leitores desculpas pela divulgação.

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Médica que defende “liberdade de expressão” para atacar vacina usa advogado para ameaçar o Blog do Barreto

A médica negacionista Roberta Lacerda enviou através de um advogado uma notificação extrajudicial pedindo retratação pelo texto Vergonha! Médica potiguar convoca protesto contra vacinação de crianças que publicamos no último dia 6 de janeiro.

O texto informa que ela é contra o passaporte da vacina para crianças e propôs um protesto contra a ideia que terminou fracassando por falta de mobilização.

Roberta pede para que eu retifique uma informação já dada dentro da matéria. E deixo bem claro: quem é a favor da vacina e da ciência não se incomoda com a exigência do passaporte vacinal.

A reação é de quem é contra como  Lacerda que passa o dia nas redes sociais pondo a vacinação em dúvida (ver imagem abaixo a título de exemplo).

A médica ainda pede que eu inclua um “estudo” que aponta eficácia da ivermectina (remédio usado para verme e piolho) contra a covid-19.

Esta página segue a ciência e os estudos respeitáveis e jamais publicará qualquer coisa que engane as pessoas e as leve a por suas vidas em risco.

Larcerda que apele ao judiciário.

Será interessante ser processado por esta senhora que vive pregando a liberdade de expressão para defender remédios comprovadamente ineficazes e atacando uma vacina que está salvando vidas. Lógico que isso não vale para quem a critica.

Recebi um prazo, que será ignorado, de 24 horas para fazer as mudanças exigidas e postar e compartilhar na mesma proporção.

Aviso a Lacerda e aos nossos leitores que não cedo a intimidação. Nunca me furtei ao contraditório mesmo de gente negacionista e publicaria tranquilamente um direito de resposta convencional como sempre fiz.

A médica negacionista escolheu o pior caminho. Acionar um advogado para enviar um PDF arrogante e ameaçador quando poderia contratar um assessor de imprensa para redigir uma nota objetiva defendendo sua posição.

É um gerenciamento de crises às avessas.

Não me julgo melhor ou pior do qualquer jornalista por nunca ter respondido a um processo, mas adoraria ser processado por uma pessoa como Roberta Lacerda. Vários advogados já falaram comigo se dispondo a me defender gratuitamente caso ela leve o assunto aos tribunais.

Já estou colhendo provas para minha defesa que será mostrar que ela é sim contra a vacina e terei um rol de testemunhas qualificadas para rebater as teses negacionistas dela no tribunal.

Será um orgulho encarar esse processo. Contarei a meus netos sobre essa época e esse será certamente um dos meus tópicos preferidos.

Roberta Lacerda, a gente se encontra nos tribunais!

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Blog do Barreto tem 8,2 milhões de visualizações em 2021 e registra crescimento de 57,63%

O primeiro post do ano é de agradecimento. A você caro leitor que leu e compartilhou nas redes sociais links do Blog do Barreto.

Agradecer também a todos que sempre acreditaram em nossa marca desde o nosso primeiro anunciante, a Tecvip, até os atuais.

Foram 8.295.393 visualizações em 2021, um recorde, Isto significa um crescimento de 57,63% em relação ao ano de 2020 quando recebemos 5.262.473.

Outro dados que subimos foi relação a quantidade de visitantes únicos. Foram 5.745.227 contra 4.924.738 em 2020, crescimento de 16,66%.

Os textos mais lidos foram os seguintes:

1 – Quem era Luan? Conheça a história e os sonhos do rapaz que foi brutalmente assassinado pela PM de Mossoró: 74.449 acessos

2 – De Província à Estado: o RN no contexto do golpe republicano de 1889: 71.006 acessos

 

3- Rosalba deixa a Prefeitura de Mossoro pela porta dos fundos: 57.392 acessos

4- As primeira medidas de Allyson: 56. 932 acessos

 

5- Efeitos da campanha eleitoral: óbitos por covid-19 crescem 180% no RN. Casos confirmados aumentam 92%: 56.329 acessos

 

6- Entenda porque Álvaro Dias é o vilão da pandemia no RN: 53.448 acessos

 

7- É preciso compensar para fechar: 53.143 acessos

 

8- O exagero na dose do veneno da “terra arrasada” pode ter efeito bumerangue: 49.677 acessos

9- Fábio Faria mentiu sobre relação política com Rosalba: 47.033 acessos

 

10- Restaurante mossoroense inova em método de cobrança de clientes que comeram e não pagaram: 46.920 acessos

A força do Blog do Barreto passa pelas redes sociais. A mais influente é o Facebook onde temos um grupo ativo com quase 15 mil membros e gerando 65,24% dos acessos seguido pelo Twitter com 32,83%. Sem contar os mais de 230 grupos de WhatasApp e mais de quatro mil contatos na lista de transmissão que geram acessos diretos a blog.

As cidades que mais acessam o Blog do Barreto são pela ordem Mossoró, Natal, São Paulo e Fortaleza. No RN ainda se destacam Assu, Parnamirim e Caicó.

 

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Texto do Blog do Barreto é objeto de análise em livro de pesquisadora de nível internacional

O Blog do Barreto teve um texto analisado pela pesquisadora Mércia Regina S. Flannery no livro “Nós versus eles — discurso discriminatório, preconceito e linguagem agressiva na comunicação digital no Brasil”.

A obra a aborda a linguagem sobre os estereótipos que marcam o debate público na política brasileira nos últimos anos.

Ela analisa o texto “O Bolsominion” (ver AQUI) que integrou uma série de crônicas que escrevi em 2018 sobre os tipos da Internet. No texto destaco a postura intolerante dos bolsonaristas em relaçã à esquerda.

O Blog aparece no capítulo 9 cujo título é “Coxinhas, Esequerdopatas e Bolsominions: a intolerância no discurdo político no Brasil” no item 9.3 intitulado “O quadro aumenta: bolsominions e esquerdopatas”.

No texto ela trata sobre a linguagem de insulto do bolsonarismo contra mulheres, negros e comunidade LGBTQ (ainda sem o IA+). Ela cita a conceituação filológica que o Blog faz do termo “bolsominion” e em seguida comenta:

Em linha com a tendência a empregar uma linguagem e termos que aproximam a cultura popular das discussões políticas, o emprego do termo “bolsominion” pelos partidários e simpatizantes da esquerda brasileira salienta, como característica representativa dos eleitores da direita, a indiferença aos fatos, em uma adesão cega ao seu candidato, tal como os personagens do desenho animado (Minions), em indiscriminada obediência ao seu líder (Gru). O termo aparece com frequência nas discussões online, em redes sociais e em comentários em fóruns de notícias, marcando as diferenças entre esquerda e direita na troca de insultos prevalente nessa modalidade discursiva.

Em outro recorte Flannery aborda o trecho em que explicamos a estratégia usada pelos apoiadores de Jair Bolsonaro para neutralizar a esquerda em pautas indenitárias.

Empregando uma série de paralelismos, Barreto prossegue com a identificação dos chamados “bolsominions”, indicando, por exemplo, que eles reduzem a importância das reivindicações da esquerda (“para o Bolsominion tudo é ‘mimimi’”).

O termo “mimimi” (uma onomatopeia para representar o choro infantil) também tem sido amplamente usado nas discussões online para denotar falta de substância nas reclamações dos partidários da esquerda, ou uma excessiva atenção a um tema ou episódio específico. Ao serem etiquetadas como “mimimi”, destaca-se que as questões defendidas pelos esquerdistas seriam baseadas em interpretações negativas de fatos corriqueiros, motivadas por orientações políticas e ideológicas que, de outro modo, não mereceriam a importância e atenção recebidas. Com esse comentário, o autor do blog analisa o que identifica como a estratégia mais recorrente dos partidários da direita, que seria tentar enfraquecer os argumentos dos oponentes pela caracterização deles como falsos e desprovidos de mérito. Na sequência, o autor comenta a postura desse grupo em relação ao feminismo (“Feminismo é coisa de mulher feia”), indicando que é superficial, desprovida de justificativas razoáveis, e intolerante. De fato, a definição do feminismo para os “bolsominions”, de acordo com o autor do blog, constitui um ataque às mulheres, já que se trata de um insulto, pois apenas mulheres não atraentes seriam adeptas a esse movimento.

Ela ainda aborda outros temas (que você poderá conferir na íntegra abaixo) e conclui que o texto mostra a forma como o outro é vilificado. Na sequência ela traz um relato que confirma a conceituação feita pelo Blog em uma  trocas de insultos ocorrida no fórum de notícias da Rádio Jovem Pan (seguindo o artigo Bolsonaro fala em “ordem e hierarquia” durante inauguração do 3o colégio da PM do Rio de Janeiro).

O livro tem 13 capitulos distribuídos em 304 páginas e pode ser adquirido tanto em versão on line como física nos sites de vendas de livros.

Quem é?

A pesquisadora Mércia Regina S. Flannery é licenciada em Letras, mestre e doutora em Linguística, com especialização em Sociolinguística e Análise da Narrativa Oral. É diretora do Programa de Língua Portuguesa e Cultura Lusófona do Departamento de Estudos Hispânicos e Portugueses da Universidade da Pensilvânia, na Filadélfia, Estados Unidos.

Nota do Blog: fiquei muito honrado em ter um texto meu analisado positivamente em uma obra desse nível. O texto que escrevi descreve a forma como o eleitor de Bolsonaro enxerga a esquerda e a autora trouxe fatos práticos que confirmam a nossa tese.

Leia o texto de Flannery na íntegra:

O quadro aumenta: bolsominions e esquerdopatas

                                                          

As eleições presidenciais no Brasil em 2018 foram marcadas por intensa polarização, supostamente em linha com as tendências que se verificavam em outras partes do mundo e da região. Depois das investigações de corrupção envolvendo vários líderes políticos importantes, inclusive o maior representante do Partido dos Trabalhadores, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e o impedimento de Dilma Rousseff, a atmosfera política no Brasil encontrava-se ainda mais dividida. As discussões acerca do mérito do impedimento de Rousseff ou sobre a prisão de Lula ganharam cada vez mais atenção nos meses que precederam as eleições. Com a prisão de Lula, e sua inviabilidade como candidato, o Partido dos Trabalhadores escolheu Haddad como seu representante, enquanto o que se identificava como a extrema direita ganhou força e voz na figura de Jair Bolsonaro, então deputado, sem grandes referências políticas no que tange à implementação de leis e políticas públicas reconhecíveis no cenário brasileiro. A ascensão de Bolsonaro é explicada, em parte, como resultado do desgaste político que o Partido dos Trabalhadores sofreu, graças aos muitos escândalos de corrupção, inclusive a condenação de Lula à prisão, e ao contexto econômico e social do Brasil na época. Depois de um período de ascensão e mobilidade, motivados por uma fase de intenso desenvolvimento econômico no início dos anos 2000, o Brasil passa a enfrentar uma forte recessão econômica. O poder de compra da classe C cai, e o desemprego aumenta. Acresce-se a isso o aumento da violência, tendo o Rio de Janeiro, por exemplo, atravessado um período de intensificação de assassinatos e uma crise na segurança pública, de modo mais amplo. Bolsonaro se populariza com uma retórica, que à guisa do que aconteceu com Donald Trump, nos Estados Unidos, apelava a um discurso agressivo, e à condenação cabal e explícita de posições associadas à esquerda, atitudes politicamente incorretas. Como candidato, ele assume extremos, quer fazendo com as mãos a representação de uma arma — o que se transformou em uma espécie de signo identificador de seus apoiadores, que defendiam a facilitação do acesso ao porte de armas —, quer empregando linguagem que insultava mulheres, negros e membros da comunidade LGBTQ. Com Bolsonaro, a tendência para campanhas políticas ao modelo reality TV é levada a expoente máximo. Conforme a discussão de Marcelo Alves dos Santos Júnior (2017: 126), a conexão entre eleitores e políticos é semelhante à de fãs, havendo um alto grau de envolvimento afetivo por essas figuras, manifestando-se por meio de um engajamento coletivo intenso. No plano ideológico, as chamadas “guerras culturais” também eram travadas com cada vez mais intensidade. Se durante o governo progressista do PT as agendas das minorias recebiam mais atenção, com a deterioração da situação econômica e as mudanças políticas proporcionadas pela troca de governo quando do impedimento de Rousseff, todos os modelos de fazer política associados a esse governo passaram a ser vistos com suspeita. O PT passava de partido promotor dos ideais das minorias desprivilegiadas a agente da corrupção institucionalizada. Como a discussão nas seções precedentes já mostrava, as divisões entre esquerda e direita intensificaram-se e a polarização foi expressa por meio do uso de rótulos. Desprovidos de qualquer profundidade de conteúdo, os rótulos simplesmente evocavam as posições atribuídas aos respectivos rivais políticos. Apesar de ter havido 11 candidatos a presidente no Brasil em 2018, as discussões políticas eram expressas como um embate entre o PT e a oposição. Outros rótulos, expressivos de novos personagens e de novas posturas políticas, surgiram, tais como “bolsominions” e “esquerdopata” (que, apesar de não ser menos recente, cresceu em ocorrência, superando a utilização do “petralha” das discussões de 2014 e 2016), para se referir, respectivamente, aos eleitores de Jair Bolsonaro e do PT. Os próximos exemplos, extraídos também do Blog do Barreto, exemplificam o uso das demais etiquetas identificadoras dos membros da direita e da esquerda, empregadas como insultos, durante e após as eleições presidenciais de 2018. Tratar-se-á, primeiro, do termo “bolsominion”, amplamente empregado pelos partidários da esquerda para designar os eleitores e apoiadores de Jair Bolsonaro. No Blog do Barreto, há a seguinte explicação filológica sobre o termo “bolsominion”: Ex. 12: Os Minions são personagens do Desenho Meu Malvado Favorito. O termo Bolsominion é a junção dos Minions com o sobrenome do malvado favorito deles, o pré-candidato a presidente Jair Bolsonaro (PSL/RJ). Em linha com a tendência a empregar uma linguagem e termos que aproximam a cultura popular das discussões políticas, o emprego do termo “bolsominion” pelos partidários e simpatizantes da esquerda brasileira salienta, como característica representativa dos eleitores da direita, a indiferença aos fatos, em uma adesão cega ao seu candidato, tal como os personagens do desenho animado (Minions), em indiscriminada obediência ao seu líder (Gru). O termo aparece com frequência nas discussões online, em redes sociais e em comentários em fóruns de notícias, marcando as diferenças entre esquerda e direita na troca de insultos prevalente nessa modalidade discursiva. De acordo com ao autor do blog, os chamados “bolsominions” podem ser identificados por tendências ideológicas específicas, conforme a seleção de excertos abaixo ilustra. No próximo exemplo, Barreto continua a caracterização dos eleitores de Bolsonaro, indicando algumas das suas posturas acerca de questões defendidas pela esquerda. Ex. 13: Aliás, para o Bolsominion tudo é “mimimi”. Feminismo é coisa de mulher feia, “mal-comida”. Lutar por justiça social é coisa de “vagabundo”. A causa dos negros é “vitimismo”. O LGBTQ+ que reclamar também é “vitimista” com um agravante: será acusado de querer impor a própria orientação sexual fazendo do Brasil uma “ditadura Gay”. Empregando uma série de paralelismos, Barreto prossegue com a identificação dos chamados “bolsominions”, indicando, por exemplo, que eles reduzem a importância das reivindicações da esquerda (“para o Bolsominion tudo é ‘mimimi’”). O termo “mimimi” (uma onomatopeia para representar o choro infantil) também tem sido amplamente usado nas discussões online para denotar falta de substância nas reclamações dos partidários da esquerda, ou uma excessiva atenção a um tema ou episódio específico. Ao serem etiquetadas como “mimimi”, destaca-se que as questões defendidas pelos esquerdistas seriam baseadas em interpretações negativas de fatos corriqueiros, motivadas por orientações políticas e ideológicas que, de outro modo, não mereceriam a importância e atenção recebidas. Com esse comentário, o autor do blog analisa o que identifica como a estratégia mais recorrente dos partidários da direita, que seria tentar enfraquecer os argumentos dos oponentes pela caracterização deles como falsos e desprovidos de mérito. Na sequência, o autor comenta a postura desse grupo em relação ao feminismo (“Feminismo é coisa de mulher feia”), indicando que é superficial, desprovida de justificativas razoáveis, e intolerante. De fato, a definição do feminismo para os “bolsominions”, de acordo com o autor do blog, constitui um ataque às mulheres, já que se trata de um insulto, pois apenas mulheres não atraentes seriam adeptas a esse movimento. Ao tratar dos supostos atributos dos chamados “bolsominions”, porém, o autor do blog parece empregar uma estratégia semelhante à que descreve, uma vez que usar uma frase-etiqueta, sem acrescentar qualquer informação contextual, serve como um insulto e contribui para universo de generalizações e estigmas criados em tais discussões. A sequência do comentário atribui mais uma característica aos “bolsominions”, desta vez identificando sua postura em relação a um dos projetos ou tendências da esquerda mais reconhecíveis, que é a “Lutar por justiça social” (“é coisa de vagabundo”). A seleção lexical nessa oração também auxilia na construção da definição negativa e discriminatória dos “bolsominions”, uma vez que eles generalizariam a busca por justiça social enquanto tendência (“coisa de”) indivíduos improdutivos. A sugestão talvez seja a de que, para os partidários da direita, a chamada busca por uma sociedade mais justa seria apenas um subterfúgio para se conseguir benesses do governo. A próxima frase-etiqueta definidora das posturas dos “bolsominions” no comentário diz respeito às questões relativas aos negros no Brasil, cujas reivindicações (“A causa dos negros”) seriam “vitimismo”. Essa posição destaca um caráter de intolerância e incompreensão atribuídos aos partidários da direita como mais uma forma de situá-los em uma posição negativa relativa à esquerda. O acúmulo de atributos negativos, assinalados aos partidários da direita nessa postagem, vão acentuando sua postura em um extremo no qual se encontrariam aqueles que se orientam por uma visão de mundo limitada, não razoável. Note-se que, para cada um dos grupos implicitamente citados até aqui (as mulheres, os que carecem de justiça social, populações pobres, os negros), a posição atribuída aos “bolsominions” é uma que não enxerga qualquer justificativa plausível para suas reivindicações. O comentário do bloguista acentua as diferenças entre os grupos, posicionando esquerda e direita em extremos. É interessante observar também que, enquanto os simpatizantes da esquerda são definidos por suas posições reconhecidamente meritórias de consideração (i.e., defesa da mulher, luta por justiça social, defesa dos direitos do negros), os da direita são referidos tanto pelo modo negativo em que figuram suas posições, como pela atribuição de utilização de insultos (“coisa de ‘mulher feia’”, “coisa de ‘vagabundos’”). Além disso, apesar de, como se viu na seção anterior, haver uma designação correspondente para os partidários da esquerda (“Petralhas”), apenas os simpatizantes da direita são aqui apontados por meio do apelido, “bolsominions”. A explicação apresentada no blog reforça o discurso sobre o outro, que, como visto nos exemplos anteriores, é vilificado e tem a si posições atribuídas que são em direta oposição às opiniões e orientações políticas direta ou indiretamente manifestadas pelo adversário. O emprego desses termos pode ser visto em embates travados assincronicamente, em diferentes plataformas e mídias sociais. Nos próximos excertos, observa-se a troca desses insultos em uma discussão em um fórum de notícias da Rádio Jovem Pan (seguindo o artigo Bolsonaro fala em “ordem e hierarquia” durante inauguração do 3o colégio da PM do Rio de Janeiro). O texto comenta o evento da inauguração de uma escola no qual o então presidente eleito fez um discurso, elogiando a instituição e sua orientação para a disciplina, que ele contrastou com o surgimento de novas ideologias, como a “de gênero”, e afirmou que haveria mais instituições do tipo. Na seção de comentários, os autores de posts fazem indagações sobre um possível escândalo envolvendo o presidente eleito e seu filho, incluindo o uso de recursos provenientes de doações suspeitas para a difusão de notícias falsas no Whatsapp, e, até então, uma investigação envolvendo o filho do presidente e o membro de uma das milícias no Rio de Janeiro. Um dos comentaristas reage a esses posts, com a seguinte mensagem: Ex. 14: TS: Esquerdopata fascista e analfabeto, esse discurso decorado dos petralhas para tentar encobrir as falcatruas de 16 anos roubando o Brasil, não convence ninguém, a não ser a manda de jumentos que segue o líder luladrão que está preso em Curitiba. Você, esquerdopata fascista, não quer saber de nada, quer apenas postar idiotices para mostrar que não gosta do novo governo e que defende uma quadrilha de bandidos. O choro é livre, babaca, chora mais, pode chorar muito mais. Esse post exemplifica o embate verbal característico das discussões políticas online, no qual a apresentação de uma posição contrária, ou qualquer questionamento de posturas, conduta e informação, conduz à troca de insultos e agressões verbais. Tais insultos, por sua vez, são reflexo das diferentes ideologias simplificadas em frases, etiquetas e apelidos construídos com base na percepção do outro grupo. No comentário de TS, o tom é agressivo desde a sua introdução, quando o autor do post dirige-se ao comentarista anterior, insultando-o (“Esquerdopata facista e analfabeto”). Os termos empregados por TS identificam o outro (ao qual são dirigidos) como inimigo político, uma vez que se trata de um “esquerdopata”, termo empregado pelos simpatizantes da direita (e especificamente de Jair Bolsonaro) para referir-se aos partidários da esquerda, eleitores do PT e defensores de Lula. O termo “esquerdopata” é uma combinação do radical da palavra “esquerda” e do prefixo grego “pato” (patologia), como a indicar uma tendência extrema, doentia, por parte dos partidários do PT. O autor acrescenta o termo “fascista”, reforçando o insulto, na medida em que associa os partidários da esquerda ao grupo extremista italiano de Mussolini. Essa combinação é, em si mesma, reveladora de uma outra tendência, associada à direita brasileira, que é a de afirmar que tanto o Nazismo como o Fascismo europeus foram tendências de esquerda. A tentativa de distorção dos fatos em favor da própria causa é digna de nota, pois histórica e academicamente as posições de intolerância estão associadas não à esquerda, mas à direita. Comparar a esquerda política brasileira aos movimentos extremistas europeus de finais da década de 1930, tal como TS faz no excerto em questão, visa ao objetivo de alterar a percepção sobre esses movimentos, alimentando a noção errônea de que são os partidários da esquerda os intolerantes. Esse ponto de vista é proposto sem qualquer problematização e apenas pela presunção de um valor limitado aos termos esquerda e direita, descontextualizados. Mesmo que o Nazismo e o Fascismo tivessem sido movimentos de esquerda, trata-se de partidos políticos de tendência e ideologia mais identificáveis com as novas manifestações de extremismo da direita, que enfatizavam e promoviam o nacionalismo exacerbado, às custas do bem-estar e até da vida de milhões de pessoas, incluindo minorias, e.g., judeus, ciganos, ou outros grupos considerados inferiores. De fato, foi entre os eleitores de partidos políticos atuais mais alinhados à direita e caracterizados por uma tendência de extremo nacionalismo, tanto nos Estados Unidos como na Europa, e até no Brasil, que houve manifestações próximas a ideologias nazistas. Nos Estados Unidos, por exemplo, um resgate da simpatia por Hitler foi visto em manifestações públicas que incluíam, dentre outros reforços, a reconhecida saudação ao líder do partido alemão. Em Charlottesville, no estado da Virgínia, foi depois de uma marcha de simpatizantes do bem conhecido grupo extremista Ku Klux Klan, durante a qual era possível ouvir o canto “Os judeus não irão nos substituir”,5 que houve mais violência e confronto físico, posteriormente resultando na morte de uma pessoa, conforme matéria no jornal The New York Times, em 12 de agosto de 2017. São os simpatizantes dessas tendências também aqueles aos quais têm-se associado defensores de posições extremas em relação a outras minorias, incluindo negros e imigrantes. TS também acrescenta o termo “analfabeto” ao insulto no seu post, mais um indicativo de preconceito em relação aos membros da esquerda, associando-os a um baixo nível de instrução formal. Trata-se de um estereótipo associado à imagem do líder da esquerda, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ele mesmo um indivíduo com poucos anos de educação formal. De fato, um dos insultos mais frequentemente endereçados ao ex-presidente relacionava-se aos erros gramaticais e aos desvios de registro (especificamente a utilização de linguagem excessivamente coloquial em situações que exigiriam uma expressão com maior nível de formalidade) que, frequentemente, eram marcas do seu discurso. Esses mesmos traços, curiosamente, eram parte do que tornava Lula tão acessível e atraente como candidato das massas, dada a facilidade com que sua mensagem poderia chegar a um tão largo grupo de eleitores, sobretudo àqueles nas camadas menos privilegiadas economicamente. Mais do que saber como atuar como um bom político popular, Lula era (ou é) um político cujas origens e narrativa de experiência pessoal alinhavam-se com as de muitos indivíduos nunca antes representados no universo político do Brasil. O ataque da direita, porém, visava a enfraquecer o apelo de Lula por salientar como fraqueza o seu relativo despreparo educacional. Na sequência, o autor do comentário endereça a reação do leitor anterior, atacando o mérito, ou a substância, da posição contrária ao governo eleito como mera oposição política (“esse discurso decorado dos petralhas”). Essa oposição, por sua vez, é interpretada por TS como uma estratégia para desviar a atenção da corrupção do PT (“para tentar encobrir as falcatruas de 16 anos roubando o Brasil”). A essência da defesa dos partidários da esquerda, de acordo com TS, porém, não teria qualquer credibilidade (“não convence ninguém”), senão dentre os eleitores do PT, que aqui são classificados com um insulto semelhante ao que é frequentemente empregado contra os eleitores do atual presidente, denotando adesão total e acrítica ao seu líder (“manada de jumentos que segue”). O insulto ao ex-presidente Lula também é exacerbado com a fusão do seu nome à palavra “ladrão” (“luladrão”), um recurso lúdico, mas que aqui tem a função de intensificar a caracterização do líder do PT como desonesto. A adição da informação de que o ex-presidente se encontrava preso (“que está preso em Curitiba”) também intensifica e reforça o caráter da sua suposta desonestidade, uma vez que nenhum outro dado sobre o contexto da prisão de Lula, em si um tópico controverso e gerador de polêmicas, é indicado. A sequência do comentário de TS, de modo direto, mais uma vez dirige-se ao autor do post anterior, retomando o insulto e agressão iniciais (“Você, esquerdopata fascista”), dessa vez enfraquecendo qualquer caráter de indagação ou dúvida propostos (“não quer saber de nada”), e afirmando que se trata apenas de oposição vazia (“quer apenas postar idiotices para mostrar que não gosta do novo governo”). Essa oposição infundada, na opinião de TS, é também causada pela preferência e defesa do PT, aqui referido com mais um insulto (“e que defende uma quadrilha de bandidos.”). TS, então, conclui o post com mais uma expressão de agressão e insulto, na qual expressa desprezo e falta de simpatia pela posição do antagonista (“O choro é livre, babaca”). A intensificação da posição de TS, de vitorioso, em face ao oponente derrotado é expressa pelo paralelismo das frases finais do post (“chora mais, pode chorar muito mais”), nas quais há também a implicação de que as condições não vão mudar, e consequentemente, manter-se-ão as respectivas situações de poder. Os exemplos analisados neste capítulo dão conta de uma pequena fração da manifestação de posições prejudiciais e agressivas no discurso político corrente no Brasil. O tema carece de uma consideração detida e detalhada, que talvez pudesse ser tema de um único livro, pois a cada dia surge uma riqueza de notícias, desenvolvimentos e fatos que impulsionam novas expressões de antagonismo no cenário político do país. O capítulo, porém, visava a dar conta das manifestações dessa linguagem agressiva, que apresenta traços de preconceito similares a outros tipos, analisados em outras seções. O objetivo era também descrever os mecanismos pelos quais as posições políticas ganham expressão online, esboçando uma riqueza de recursos, salientando a criatividade, o caráter lúdico, mas também intensa e expressamente antagônico, com que se tem travado o debate atual no Brasil.

Fonte: Flannery, Mércia Regina Santana. Nós versus eles . Cepe editora. Edição do Kindle.