Por Thiago Fernando de Queiroz*
Antes de Cristo, seriamos lançados de um penhasco,
Nos dias de Cristo, seriamos jogados aos leões,
E, depois de Cristo, passaríamos por muitas coisas,
Até mesmo, sermos vistos como coisas.
O fato de não termos uma perna,
Ou, não termos um braço ou expressar emoção,
Faltar a visão e a audição,
Não nos impede de sermos gente.
Como posso então ser visto como indigente?
Se minha mente não sente ou o meu corpo não reage,
Tão rápido como a dos demais rapazes
Que às vezes gostam até de nos zombar.
Em alguns casos somos até tão inteligentes
Que acham que não quero me inteirar,
Mas, de modo algum não me compreendem
Que tenho outras maneiras de me expressar.
Foi preciso no entanto tempo para ensinar
Que capacidade em nós de fato há
Só precisamos ao menos
De acessibilidade para voar.
Assim, conforme vimos durante anos com glórias,
Leis, decretos, portarias, medidas provisórias,
Foram escritas perante a história,
Todavia, todas essas letras não apagam as dores das memórias..
Alguns gritam e até gritam bem alto:
Não enxerga? Não ouve? Não anda?
Não sente? Não pensa? Não ama?
Que coisa! Nos jogaram nas prisões de uma cama.
Mas, as marcas das palavras e dos açoites sociais estão estampados
Estão com exatidão fincados em nossas histórias reais
Em palavras até nem precisamos mais
Dizer o que ficou para trás.
Com tudo isso estamos em busca da inclusão
Buscamos igualdade, oportunidades e compaixão
Buscamos os apoios de nossos irmãos
Vamos procurar de fato fazer inclusão!