Numa manhã de domingo, em janeiro de 2024, a eletrotécnica Tayres Braga, foi visitar uma amiga na cidade de Serra do Mel.
Mal sabia ela quando saiu de casa, que numa conversa aleatória encontraria a solução para o problema que lhe atormentava há dois anos: encontrar condições dignas para educação do filho autista.
Uma situação que lhe gerou dívidas e sucessivas crises de depressão.
Na conversa, Tayres ouviu que a Prefeitura de Serra do Mel garantia o atendimento digno para as crianças atípicas com profissionais como fonoaudiólogos, psicólogos, psicomotricidade e natação. Além de buscar as crianças na porta de casa, com transporte gratuito.
Foi assim que Tayres, que também tem curso superior em segurança no trabalho, abandonou a carreira em Mossoró para viver como agricultora em Serra do Mel com o objetivo de garantir uma vida digna para o filho, que atualmente tem sete anos.
“Foi terrível ver meu filho só piorando e regredindo. Quando consegui a fono, ela saiu do CER, a psicóloga saiu do mesmo jeito e mais a gente saiu porque não tinha transporte para ir. Era altamente distante aí eu passei por uma nova depressão e quando fui falar com as pessoas só levava não”, conta.
Sim, durante dois anos essa foi a rotina de Tayres em Mossoró. Até ao judiciário ela precisou recorrer para matricular o filho na Rede Municipal de Ensino. Foram várias viagens perdidas as secretarias de educação e saúde, sem conseguir uma solução definitiva.
Tayres conta que conviveu com a situação insana de encontrar a vaga para o filho e ela sumir quando relatava que se tratava de uma criança autista. Para ter a oportunidade de estudar perto de caso foi necessário recorrer ao judiciário. “Só consegui a vaga na escola próximo de casa via judicial após um bom tempo porque só tinha vaga em escolas em lugares como o Abolição e eu morando no Alto São Manoel, mas só consegui porque o MP obrigou,”, conta.
A mesma celeridade não aconteceu com os tratamentos, o que obrigava ela a pagar um plano de saúde sobrevivendo do Benefício de Prestação Continuada (BPC). “Os tratamentos só saíram depois que já morava aqui em Serra do Mel, após uns dois ou mais anos de espera. Imagina esse tempo sem fono, psicólogo e psicomotricidade que ele faz aqui. Nada disso existia no meu tempo em Mossoró”, relata.
Atualmente o único apoio para o filho de Tayres em Mossoró é encontrado na Apae onde ele faz natação em um projeto em parceria com a Uern. O garoto também pratica esse esporte no Centro Especializado em Reabilitação (CER) de Serra do Mel.
“Eu só tenho a agradecer tanto a antiga gestão de serra do mel quanto a atual”, afirma. “Uma cidade bem menor e acerta mais mesmo com menos verbas que Mossoró. Aqui até a medicação você consegue com menos burocracia e nunca falta”, complementa.
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Uma das histórias que mais entristece Tayres foi o encontro que ela teve com o prefeito Allyson Bezerra (UB). Ela conta que fez uma cobrança e ele disse que iria resolver. Os dois tiraram uma foto que foi usada nos stories do burgomestre em uma postagem sobre colocação de asfalto em 27 de maio de 2023.
A conversa não era ela agradecendo, mas cobrando por condições dignas para o filho estudar. “Se aproveitou da minha imagem e ainda postou minha foto, mas não conseguiu nada pro meu filho novamente sobre as terapias”, relata.
Tayres chegou a conversar aos prantos com a então secretária municipal de saúde Morgana Dantas, que atualmente está como adjunta no desenvolvimento social. “Eu fui na secretaria de saúde. Eu chorei horrores, desesperada, tive depressão, quis morrer, aí Morgana conseguiu o neuro depois de muito tempo”, relata.
Mas a solução não foi definitiva, o que levou ela a mudar de cidade e de vida.
Hoje Tayres encontrou a paz necessária para criar o filho com a dignidade que ele merece.