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Silvério Filho faz bolsonarismo provar do próprio veneno com uma diferença: não apela para fake news

Num cenário em que a extrema direita domina o direito de colocar apelidos nos políticos de esquerda e fazer discursos estridentes contra adversários do bolsonarismo, surge no Rio Grande do Norte a figura de Silvério Filho que adotou uma postura de confronto usando a sátira como recurso para chamar atenção nas redes sociais.

Mas tudo isso com um tremendo diferencial: ele não apela para fake news. Silvério já tem mais de 18 mil seguidores no Instagram e planeja ir além do jornalismo no debate público.

Assim, ele faz a extrema direita e adjacências sofrer do mesmo veneno que por anos inoculou nos adversários.

Com criatividade ele tornou Rogério Marinho, defensor dos golpistas de 8 de janeiro, o “Rogério Golpinho”; O prefeito Allyson Bezerra (UB) com seu perfil autoritário e midiático virou o “Coroné Popstar”. O senador Styvenson Valentim (PODE), é o “senador de veia facial de peculiar diâmetro” ou “Styvenson Arrogante Valentim”; e o prefeito de Natal Paulinho Freire (UB), é “Paulinho Petropólis”, numa alusão ao perfil elitista do burgomestre. O ex-prefeito Álvaro Dias (Republicanos), é “Buraco Dias”.

Também sobrou para os coleguinhas da imprensa. O jornalista Gustavo Negreiro, virou o “Gustavo Destemperado Negreiros”, devido aos estilo loquaz do jornalista.

Já o apelido “Leão Lobo Potiguar”, que também pegou, por causa do noticiário do bolsonarista que costuma trazer fofocas da elite local, foi dado pelo comunicador Gustavo Braga.

Bruno Giovanni, o “BG”, virou “Bolsonarista Giovanni” e a Tribuna do Norte, virou “Rogério On Line”, numa lembrança de que o jornal/portal se tornou porta-voz do líder do bolsonarismo no Rio Grande do Norte.

Mas Silvério não se limita a sátira. Tem muita informação e conhecimento. Ele é advogado de formação com especialização em direito constitucional, que por cinco anos foi auxiliar de juízes e está voltando a advocacia militante. “Retornarei à advocacia militante e pretendo inclusive utilizar essa carteira da advocacia para exercer também, para ajudar nas nossas estratégias de comunicação, que você já deve ter percebido, a gente também utiliza sempre uma estratégia jurídica por trás de arcabouço”, explica ao Blog do Barreto.

Silvério é filho de Silvério Alves, blogueiro conhecido na Região do Potengi. Ele começou com o pai e desde 2022 foi aos poucos se inserindo no jornalismo natalense e começou a ganhar notoriedade em 2024 quando atuou fortemente nas eleições com o Blog Silvério Filho. “A gente mapeou e percebeu que havia a ausência a nosso ver de um blog de opinião de esquerda um blog que fosse um pouco mais ácido, ainda não nesse formato tão ácido que nós utilizamos hoje, mas no estilo do Conversa Afiada de Paulo Henrique Amorim”, explica.

Silvério decidiu avançar na ousadia ao perceber que havia um vácuo na blogsfera de esquerda com a falta de jornalismo de opinião em Natal. “Não tínhamos um blog de opinião de esquerda. E aí eu pensei em fazer um blog de opinião de esquerda, só que é um passo à frente. Analisando essa questão da nova dinâmica das redes, utilizando os formatos de Instagram, dos memes e dos vídeos que a gente ainda não utiliza muito especialmente o Reels. Alguns utilizam o YouTube inclusive, acompanhavam o seu Foro de Moscow, mas em termos de Reels ainda tem pouco na área progressista do Rio Grande do Norte, e é algo que já existe há muito tempo. E aí eu comecei a utilizar esses formatos, só que depois eu decidi ir mais além novamente”, acrescentou.

Silvério afirma ter decidido entrar na disputa por corações e mentes no debate público que está dominado pelo bolsonarismo. “Por que a necessidade desse formato de combate? Porque na atual dinâmica das redes nós vivemos uma disputa constante pela história. De um modo mais rápido do que era antigamente, que era uma disputa pelo discurso histórico. Hoje é uma disputa pela própria compreensão da realidade que as pessoas têm no dia, no momento, na semana, em razão dessa velocidade da informação. Então, eu percebi que para a mídia progressista, contentar-se então somente de falar a verdade era um atestado de derrota, era já aceitar a derrota”, frisou.

“Raposismo”

Silvério explica que está construindo um método próprio, chamado de “Raposismo” que se dá através de organização estratégica da militância. “O meu interesse na verdade, para além de ter um blog, é fazer formação. Eu não tenho interesse, por exemplo, de ganhar dinheiro, enricar com isso, mas eu quero fazer uma formação. Então, o meu interesse é sair discutindo em seminários progressistas ao redor do estado do Rio Grande do Norte, inclusive em Mossoró, como nós podemos disputar a história, disputar a atenção das pessoas no atual momento da história”, disse.

Exposição dos mentirosos

Uma estratégia de Silvério é a exposição dos jornalistas bolsonaristas, que classifica como mentirosos, para fortalecer o campo progressista na guerra de narrativas.

“Você que é jornalista, eu não sou, mas sabe que existe uma espécie de contrato tácito que jornalista não critica jornalista em razão da ética e tal… E eu, como não sou jornalista, não estou sujeito a essa ética. Então, pela compreensão que eu tenho, que se a gente se contentar em falar a verdade, a gente já perdeu a disputa narrativa, eu comecei a expor os mentirosos, expor os blogueiros, expor os portais, expor as rádios e desmascarar o que eu considerava ser mentira”, relatou.

 

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Discreto, evangélico fervoroso, bolsonarista e “secretário de fato” da saúde. Conheça o vice de Allyson, o desconhecido que pode ser prefeito por quase três anos

Marcos Antonio Bezerra de Medeiros (PSD) é o obscuro candidato a vice do prefeito Allyson Bezerra (UB) pinçado dos bastidores para compor a chapa favorita das eleições deste ano em Mossoró.

Um nome com zero capacidade de agregar votos ao prefeito, mas escolhido pelo critério da confiança para se encaixar nos planos de Allyson de vencer a eleição de outubro com votação consagradora e em abril de 2026 largar a Prefeitura de Mossoró nas mãos de um desconhecido para se aventurar na disputa pelo Governo do Estado, um plano traçado à régua e compasso pelo oligarca José Agripino, presidente estadual do União Brasil e mentor do “Pobrezinho”.

Mas quem é Marcos Antonio Bezerra de Medeiros? Trata-se de um servidor carreira da Universidade Federal Rural do Semiárido (Ufersa) que assumiu o cargo de diretor executivo da Secretaria Municipal de Saúde de onde saiu em março.

O Blog conversou com diversas pessoas que transitaram e transitam no esquema político de Allyson Bezerra e classificaram ele como uma pessoa discreta, escorregadia, que participava das reuniões da Secretaria Municipal de Saúde e saia logo após falar.

É visto com uma pessoa de muita confiança do prefeito que sempre tinha o cuidado de nunca se comprometer com nada em relação a pedidos. Há quem diga nos bastidores que ele atuava como “secretário de fato” na saúde, mas a controvérsia aponta que sempre teve muito poder na pasta, mas não a ponto de esvaziar a secretária Morgana Dantas.

Outro traço de Marcos Medeiros é ser um evangélico fervoroso, destes que vai ao culto todos os domingos. Antes de fazer essa reportagem, o Blog analisou o feed do Instagram de Marcos que era dominado sobretudo por registros de idas ao culto.

Outro aspecto de Marcos é o gosto político. Ele é bolsonarista.

Esse é o desconhecido que pode ganhar de bandeja 2 anos e 8 meses a frente da Prefeitura de Mossoró num dos maiores estelionatos eleitorais já visto na história do segundo maior município do Rio Grande do Norte.

 

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Arrecadação do ICMS cai no RN e sobe na Paraíba

O Rio Grande do Norte e a Paraíba seguiram caminhos opostos em relação ao Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS) no final do ano passado.

Enquanto no Estado vizinho o tributo mudou a alíquota básica de 18 para 20%, aqui no nosso Estado a redução foi no sentido contrário por decisão dos deputados estaduais de oposição.

O secretário estadual de administração Pedro Lopes apresentou números que mostram o impacto das mudanças nos dois estados.

Enquanto na Paraíba o ICMS teve alta de 21,4% entre maio e julho, no Rio Grande do Norte a queda foi de 3,6%.

Se ano passado, o nosso estado arrecadava mais que a Paraíba em números absolutos, hoje arrecada menos.

Confira a tebela:

“ICMS RN EM QUEDA | De maio a julho de 2024 a arrecadação de ICMS (na modal de 18%), reduziu R$ 75,7 milhões em relação ao mesmo período de 2023 (modal 20%) – queda de 3,6%. Na Paraíba, que teve o movimento inverso de modal (2023,18%; 2024,20%), a arrecadação cresceu R$ 422,5 milhões, ou 21,4%”, comentou Pedro nas redes sociais.

“Os dados mostram com clareza o erro de diagnóstico dos deputados da oposição e segmentos empresariais que defenderam a redução da modal do ICMS, tornando o RN mais frágil em relação aos estados vizinhos”, acrescentou.

O Blog do Barreto divulgou esta semana projeção do Banco Santander que aponta que a economia do RN crescerá menos que a média nacional e do Nordeste (leia AQUI), o que demonstra que a promessa de que a redução do ICMS aqueceria a economia não se cumpriu.

Além disso, registra-se piora nos serviços públicos e recentemente o desembargador Cláudio Santos suspendeu o reajuste dos professores da rede estadual de ensino acatando pedido do Ministério Público que apontou falta de condições de o Governo do Estado cumprir o reajuste do piso da categoria que impacta em R$ 1,5 bilhão /ano no orçamento.

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Cotado para vice de Allyson é descartado por estar inelegível. Condenação é por falsidade ideológica

Um dos principais secretários da gestão do prefeito Allyson Bezerra (União), Kadson Eduardo está inelegível e por isso foi descartado da lista.

O atual secretário de administração, que até bem pouco tempo acumulava função a frente da pasta da cultura, foi condenado por falsidade ideológica e o caso encontra-se com status de trânsito em julgado porque houve perda de prazo para os recursos em segunda instância.

Consta na denúncia do Ministério Público Federal que no dia 29 de julho de 2016, Kadson falsificou um documento público e o apresentou em uma audiência na a 12ª Vara Federal, situada em Pau dos Ferros.

Kadson era advogado de uma ação sobre demarcação de terras particulares na cidade de Apodi. Ele teria falsificado um documento alterando a data da audiência. “Ocorre que, segundo se desnudou, nem essa suposta audiência designada anteriormente nem o número do processo informado pelo denunciado existiam de fato, razão por que KADSON EDUARDO FREITAS ALEXANDRE, ciente das consequências processuais que a conduta de mentir perante a Justiça poderia acarretar-lhe, forjou documento público, consistente na montagem da captura de tela (print screen) do Projudi do TJ/RN, e o apresentou a esse Juízo Federal, nos autos do Processo nº 0800079-21.2013.4.05.8404”, diz a denúncia do MPF que apontou que adulteração do número do processo.

A defesa alegou que houve uma falha no sistema tentando descartar má fé de Kadson. “O que aconteceu, durante toda essa lamentável situação, foi uma falha do sistema, que culminou com a apresentação de uma data para audiência de conciliação, sem que, tal viesse a ser inserida na pauta”, argumentou. “Ocorre, que após a realização das correções, foi alterado a data da audiência e o dígito verificador do processo, possivelmente como forma de permitir o ajuste sistêmico, repita-se, ante ao erro exclusivo do sistema”, complementou.

O argumento não convenceu o juiz Rodrigo Arruda Carriço que julgou procedente a denúncia. “Assim, resta claro o elemento subjetivo do tipo, consistente na presença do dolo do réu, que usou o documento falsificado por ele, estando presentes todos os elementos configuradores da culpabilidade, na medida em que este réu é de pessoa imputável, com potencial conhecimento da ilicitude de seu comportamento, impondo-se, pois, conduta diversa da adotada”, frisou.

Kadson foi condenado a dois anos de prisão e 10 dias-multa com base no artigo 304 do Código Penal em regime aberto. Cotado para vice, o secretário está impedido de disputar eleições por oito anos com base na Lei Complementar 64/90 por se tratar de um crime contra a fé pública.

Ele está nesta situação desde 17 de abril do ano passado quando foi emitida a certidão de trânsito em julgado informando que a condenação era definitiva desde 19 de janeiro de 2023.

Decisão foi recebida com apreensão, resultou e saída da Secretaria de Cultura e em recuo de filiação partidária

A notícia caiu como uma bomba no colo do prefeito Allyson Bezerra que tinha pretensões políticas para um de seus principais auxiliares.

Uma das primeiras medidas foi tirá-lo da condição de interino da Secretaria Municipal de Cultura por temor que o assunto viesse à tona e maculasse o estratégico Mossoró Cidade Junina 2024.

Outra medida foi o descarte de filiação partidário em dos partidos da base do prefeito por causa da condição de inelegível do auxiliar.

No entanto, Allyson reluta em demitir Kadson da pasta da administração por considerá-lo de confiança.

Confira o processo na íntegra AQUI 

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Preços das passagens da linha aérea Mossoró/Natal disparam chegam a subir até 900% após aumento de demanda

Diário do RN

Os preços variam de R$ 100 a mais de mil reais. As passagens da LATAM no trecho Natal-Mossoró-Natal às vezes são um atrativo, mas outras crescem cerca de 900% para o mesmo trecho de cerca de 280 quilômetros. Com o rompimento da ponte entre os quilômetros 204 e 206 da BR-304, entre Lajes e Caiçara do Rio do Vento, no dia 31 de março, a demanda do trecho tem aumentado e os preços têm sofrido uma variação maior.

A reportagem do Diário do RN entrou em contato com a VoePass Linhas aéreas, responsável pelo serviço, para obter informações sobre a ocupação dos voos e sobre a política de definição de valores, mas a empresa “informa que, por motivos estratégicos, não compartilha as informações solicitadas”.

Antes do incidente na única BR que liga a capital à segunda cidade do estado, a ocupação estava abaixo de 40%, o que acendeu sinal de alerta no Governo do RN e em entidades produtivas sobre a possibilidade de suspensão dos voos. Entretanto, nos últimos dias, houve um incremento, conforme informou o presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas Mossoró (CDL), Stenio Max, uma das entidades que vem monitorando as linhas que atendem Mossoró e região.

“Com a interrupção da BR, a ocupação aumentou bastante. Antes do rompimento da barragem era em torno de 40% Natal-Mossoró; e Mossoró-Natal 50%, mas aumentou bastante agora. Realmente houve um rumor de interromper o voo, mas a informação que eu recebi ontem é que estão mantidos os voos”, explica.

Sobre os altos valores das passagens, o presidente indica que o valor em torno de 100 reais “foi um atrativo inicial, mas deve fica num patamar em torno de R$ 300”, afirma.

A secretária do Estado do Turismo do RN, Solange Portela, que tem acompanhado, juntos às entidades e empresa aérea, as demandas e procura dos serviços, cita a lei da procura e da oferta, e observa que com a atividade econômica o “Estado não tem como influenciar”, embora não tenha citado a dificuldade e os altos valores para acesso ao aeroporto Aluísio Alves, em São Gonçalo do Amarante, o “aeroporto de Natal”.

O Governo do RN, Prefeitura de Mossoró, Fecomercio, CDL Mossoró, Sindlojas, Mossoró Convention Bureau e outras entidades estão, a partir do alerta ligado pela própria VoePass em reunião com a secretaria de Turismo do RN, monitorando e mobilizando ações para estimular a procura pelos voos.

“Essas entidades de Mossoró se prontificaram a fazer uma ação de maior divulgação do voo junto aos seus associados, porque uma das coisas que o próprio pessoal falou é que muita gente em Mossoró não sabe que tem essa opção de vir para Natal de avião de uma forma mais rápida.

Vamos também fazer uma ação promocional nas redes sociais e o Mossoró Convention Bureau vai organizar a estrutura e passeios para que façam a divulgação do destino e do voo”, explica a secretaria.

Para o presidente da CDL, há ainda um “problema de logística” que pode ser resolvido com o aumento da frequência de voos.

“A ideia é provocar a própria LATAM para que esse voo seja diário. Hoje tem o voo segunda, quarta, sexta e domingo e aí a gente às vezes quer ir pra Natal, vai e tem que pernoitar. Então tem dois problemas com esse pernoite, é o custo do pernoite e o deslocamento do aeroporto. Se tiver esse voo diário com certeza apesar de aumentar o número, também deve aumentar a demanda de voos. E esse é um pleito que a gente está protocolando junto a LATAM”, diz.

Outros voos

Segundo informações repassadas pela secretaria de Turismo, o trecho Mossoró a Fortaleza, da mesma companhia, não passa pelo problema; e o trecho Mossoró a Recife, realizado pela Azul Companhias Aéreas, também apresenta boa ocupação. Mesmo assim, os trabalhos também envolvem as demais linhas.

“Também vamos incentivar o voo pra Recife, já que são duas companhias aéreas que voam para Mossoró. Então a ideia é a gente divulgar como um todo. Estamos fazendo ações de marketing digital, os horários e tudo mais para incentivar”, enfatiza Portela.

Após reativação do Aeroporto Dix-Sept Rosado, em Mossoró, os voos da Azul passaram a operar desde 2017. Já após o apelo das entidades empresariais para incrementar a operacionalização na segunda cidade do estado e, depois da cessão, pelo Governo do RN, do aeroporto para a Infraero, no ano passado, a Latam passou a operar em outubro.

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Eleição da Ufersa começa com marcas deixadas pelo impedimento candidato vencedor de tomar posse em 2020

A disputa pela Reitoria da Universidade Federal Rural do Semiárido (UFERSA) começa no rescaldo dos traumas causados em 2020 quando Rodrigo Codes venceu em todos os três segmentos, mas foi impedido de tomar posse graças a um entulho autoritário que permite ao presidente da República nomear qualquer um dos três primeiros colocados.

Para azar da instituição, o presidente era Jair Bolsonaro que escolheu a terceira colocada Ludmilla Oliveira. Ela assumiu o cargo e sem se dar conta da falta de legitimidade política e do impacto da quebra de uma regra não escrita da democracia (a de sempre nomear o mais votado) mergulhando a Ufersa num caos institucional.

Foram quatro anos de turbulências dentro da instituição que ficou com a imagem arranhada.

Na eleição deste ano os três primeiros colocados de 2020 serão os concorrentes. Codes, o vencedor que não levou, a reitora que ficou em terceiro, e Jean Berg, que ficou em segundo lugar.

A história de 2020 será um dos motes da eleição da Ufersa e a retomada da legitimidade do voto na escolha do próximo reitor(a) será uma virada de página de uma crise que parecia não ter fim.

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Busca por fugitivos do presídio federal de Mossoró tem semelhanças com caso Lázaro

Por Herculano Barreto Filho

UOL

As buscas por dois fugitivos do presídio de Mossoró (RN), a primeira da história das unidades prisionais federais, têm semelhanças com o caso Lázaro Barbosa. Ele foi capturado e morto em junho de 2021, após 20 dias de operação, suspeito de matar uma família no Distrito Federal e cometer outros crimes em Goiás.

O que aconteceu

Buscas em áreas rurais. O cenário das buscas são áreas rurais, que dificultam o trabalho das forças de segurança por causa do clima e do tamanho dos territórios.

Reféns. Rogério da Silva Mendonça, 35, e Deibson Cabral Nascimento, 33, os dois fugitivos de Mossoró, fizeram uma família refém em 16 de fevereiro, dois dias após a fuga. Comeram e levaram de lá dois celulares. Acusado de matar quatro pessoas da mesma família, Lázaro adotou a mesma tática durante a sua fuga, passando por chácaras e fazendo reféns.

Comparsas. A PF prendeu três suspeitos de ajudar os detentos do presídio de Mossoró na fuga. Assim como eles, Lázaro recebeu ajuda de um ex-patrão e de um funcionário dele, segundo as investigações da época das buscas.

Reforço nas forças de segurança. Nas buscas por Lázaro, os trabalhos foram coordenados pela SSP-GO (Secretaria de Estado da Segurança Pública). Foram mobilizados mais de 270 agentes. Entre eles, as Polícias Civil e Militar de Goiás e do Distrito Federal, Polícia Federal, Polícia Rodoviária Federal, Diretoria Penitenciária de Operações Especiais (DF) e Corpo de Bombeiros Militar. A força-tarefa empenhada em encontrar os fugitivos de Mossoró tem agentes estaduais e federais envolvidos.

Longo tempo de buscas. Lázaro foi encontrado pelas equipes de segurança após 20 dias de investigação. Ele foi morto aos 32 anos, com mais de dez tiros da cintura para cima, incluindo a cabeça. A advogada dos fugitivos de Mossoró teme pela vida deles. “Não há nada que comprove que eles saíram do presídio vivos”, disse ela ao pedir acesso às imagens do presídio.

Preocupação de familiares. Em junho de 2021, a família de Lázaro tinha esperanças de que ele se entregasse à polícia. A mãe do fugitivo disse que ele não tinha condições de contratar um advogado e relatou ter recebido ameaças. No caso dos fugitivos de Mossoró, as mães também fizeram apelos às autoridades. Nelita Nogueira da Silva, mãe de Rogério, pediu aos agentes que capturem os detentos, para que eles voltem à prisão e cumpram suas penas. Maria Auxiliadora Nascimento Vieira, mãe de Deibson, disse ao UOL temer que o filho seja morto.

Pegadas, uniforme e apreensões em Mossoró

Ao menos três pessoas foram presas em flagrante por suspeita de ajudar os fugitivos. Dessas, duas foram presas em flagrante e outra preventivamente. Na quarta-feira (22), a Polícia Federal cumpriu nove mandados de busca e apreensão nas cidades de Mossoró, Quixeré (CE) e Aquiraz (CE) contra possíveis envolvidos no fornecimento de apoio aos foragidos.

Apreensão de drogas, armas e um carro. Segundo a PF, em uma das casas alvo das buscas, em Aquiraz, havia drogas — o que originou a prisão em flagrante. Foram apreendidos ainda telefones celulares e um carro que teria sido utilizado no apoio aos fugitivos para fornecer armas.

Forças policiais federais e estaduais fazem buscas num raio de 15 quilômetros de distância do presídio federal. O ministro da Justiça e Segurança, Ricardo Lewandowski, anunciou na segunda (19), o emprego de mais cem agentes da Força Nacional para atuar nas buscas.

Desde o dia da fuga, secretarias de Segurança Pública de três estados atuam juntas para fiscalizar divisas. Rio Grande do Norte, Paraíba e Ceará aumentaram o policiamento terrestre e aéreo da região.

Monitoramento aéreo e por estradas. O governo do Rio Grande do Norte informou que faz buscas aéreas, com o auxílio de aeronaves, e terrestres, nas divisas dos estados do Ceará e Paraíba. O Ministério da Justiça e Segurança Pública mobilizou ainda a Polícia Rodoviária Federal para a recaptura dos presos por rodovias federais.

Alerta à Interpol. A PF foi orientada a colocar os nomes dos fugitivos no Sistema de Difusão Laranja da Interpol e a incluí-los no Sistema de Proteção de Fronteiras.

Luminária, teto e tapume: como foi a fuga

Detentos abriram uma parede do presídio e fugiram pela luminária. Deibson e Rogério, que fazem parte do Comando Vermelho do Acre, fugiram pelo telhado do presídio de Mossoró na madrugada do dia 14.

As celas onde estavam os presos passam por perícia. Pertences dos detentos, como lençóis e objetos pessoais, também são examinados.

Roupas e pegadas foram encontradas por equipes da força-tarefa dois dias depois. Calçados e camisetas — que podem ser dos dois fugitivos — foram localizados em uma área rural de Mossoró e, por isso, as buscas se intensificaram na região próxima à penitenciária.

Camiseta de uniforme de presídio foi encontrada em região de mata. De acordo com o órgão, a roupa foi localizada na zona rural e pode ter sido usada por um dos detentos que fugiu do presídio. Contudo, os objetos encontrados ainda passarão por perícia.

Fugitivos tinham planos de chegar ao Rio de Janeiro. Secretários de segurança pública estão em contato após indícios de que os detentos poderiam chegar ao Rio de Janeiro, estado onde estão as principais lideranças do Comando Vermelho.

Quem são os fugitivos

Presos estiveram em rebelião em presídio, em 2023, e pertencem ao Comando Vermelho. Deibson e Rogério foram transferidos para a unidade federal após terem participado de uma rebelião no presídio Antônio Amaro Alves, no Acre, em julho do ano passado.

Fugitivos são “matadores do CV”. Fontes ouvidas pela reportagem indicam que os fugitivos não integram o alto escalão da facção e que são conhecidos por executarem pessoas condenadas no “tribunal do crime” do Comando Vermelho do Acre. O UOL não localizou os advogados deles.

Deibson cumpria pena de 33 anos por assalto a mão armada. Conhecido como Tatu, ele também responde a processos por tráfico de drogas.

Rogério tem suástica tatuada na mão e condenação de cinco anos por tráfico. Martelo também responde a processos por homicídio qualificado, roubo e violência doméstica.

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Maioria dos potiguares se declaram pardos

Os dados do Censo Demográfico 2022 evidenciam que a população residente no Rio Grande do Norte é formada por 1.680.960 pessoas pardas (50,9%), 1.304.317 brancas (39,5%), 302.749 pretas (9,2%), 9.385 indígenas (0,3%) e 5.237 amarelas (0,16%). No Brasil, a população parda equivale a 45,3% do total geral, a branca 43,5%, a preta 10,2%, a indígena é 0,8% e a amarela 0,4%.

A população residente mostrou mudanças na sua composição por cor ou raça entre os Censos Demográficos de 2010 e 2022. O percentual de pessoas pretas do estado saiu de 5,2% para 9,2%, um aumento de 3,9 pontos percentuais (p.p.), enquanto o percentual de brancos, pardos e amarelos caíu 1,7 p.p., 1, 6 p.p.  e 0,9 p.p., respectivamente. Já o percentual de pessoas indígenas cresceu 0,2%. De uma maneira geral, há 127 municípios do Rio Grande do Norte onde a maioria da população é parda e 40 municípios onde a maioria da população é branca. Os dados são de mais um módulo do Censo 2022 publicado hoje (22).

Em comparação com 2010, o número total da população indígena do estado foi a que mais cresceu (351,4%) saindo de cerca de 2,6 mil pessoas para pouco mais que 11 mil, seguido da população preta (82,3%) que era de 166 mil em 2010 e foi para pouco mais que 302 mil em 2022. A população amarela foi a única que apresentou decréscimo (-84%).

Analisando a distribuição relativa das categorias de cor ou raça segundo os municípios do estado, em 2022, os municípios de Ouro Branco, São Fernando, Santana do Seridó e Jardim de Seridó eram os que concentravam o maior percentual de população branca, representando mais de 60% da sua população. Os demais municípios apresentavam um peso relativo da população branca abaixo de 60%, sendo 106 deles abaixo do peso estadual de 39,5%.

O município com maior concentração de população preta era Portalegre com 19,50%, bem acima do percentual estadual (9,2%), assim como outros 54 municípios do estado. Monte das Gameleiras e Frutuoso Gomes apresentavam o menor peso relativo da população preta em sua população residente, com 2,9% e 3,3% respectivamente, seguido de Riacho de Santana (3,7%) e Ouro Branco (4%).

A população amarela mostrou a maior proporção na população residente no município de Pedro Avelino com 0,8%, seguido por Pedra Grande e Ipueira, ambas com 0,6%. A população parda era o grupo com maior peso relativo na população residente em Ruy Barbosa (69,8%), Lajes Pintada (68%) e Bento Fernandes (67,5%). Outros 109 municípios apresentaram percentual de população parda acima do peso relativo do estado, que era de 50,9%.

A análise da estrutura etária por cor ou raça mostra que entre 2010 e 2022 houve maiores decréscimos nas faixas de idade até 29 anos para as populações parda, branca e amarela, nessa ordem, enquanto houve maiores acréscimos nas faixas a partir de 45 anos para as populações parda, branca e preta, também na ordem. Indígenas (pela pergunta de cor ou raça) mostraram acréscimo em todas as faixas de idade.

O índice de envelhecimento mostra a relação de idosos de 60 anos ou mais de idade em relação à população que tem entre 0 e 14 anos. Quanto maior o valor do indicador, mais envelhecida é a população. Quando analisado por cor ou raça, esse índice mostra um envelhecimento da população entre 2010 e 2022 para todas as classes de cor ou raça, exceto para a população indígena (pela pergunta cor ou raça). Em 2022, a população preta apresentou o maior índice de envelhecimento (158,5), seguida da amarela (122,6).

Quando a análise é feita por cor ou raça e sexo, temos decréscimos tanto entre mulheres e homens de cor ou raça branca, amarela e parda, sendo os maiores para homens pardos (-1,3%) e mulheres brancas (-0.8%). Já os maiores acréscimos foram vistos no percentual de homens e mulheres pretas, que subiram de 2010 a 2022, ambos, cerca de 2%.

Quanto à razão de sexo por cor ou raça, o Censo Demográfico 2022 mostrou, para o Rio Grande do Norte, uma razão de sexo maior para pessoas pretas, indicado indicando haver 112,3 homens pretos para cada 100 mulheres pretas.

Conceitos importantes:

Princípio da autoidentificação

  • O pertencimento étnico-racial é investigado respeitando o critério de autoidentificação.
  • Cada informante responde ao IBGE a sua percepção sobre a sua cor ou raça e sua percepção sobre como os outros moradores se autoidentificam numa das cinco categorias.
  • O mesmo ocorre nos quesitos de pertencimento étnico indígena e quilombola do bloco de identificação étnico-racial do Censo Demográfico.

Cor ou Raça

  • A pergunta sobre cor ou raça não retrata apenas a “cor” ou apenas a “raça” da população, pois, além de existirem vários critérios que podem ser usados pelo informante para a classificação (origem familiar, cor da pele, traços físicos, etnia, pertencimento comunitário, entre outros), as cinco categorias estabelecidas na investigação (branca, preta, amarela, parda e indígena) podem ser entendidas pelo informante de forma variável.
  • Vale lembrar ainda que o IBGE utiliza o conceito de “raça” como uma categoria socialmente construída na interação social e não como um conceito biológico.
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Setor cultural do RN ocupou 64 mil pessoas em 2022

O setor cultural ocupava, em 2022, 64 mil pessoas no Rio Grande do Norte, representando 4,6% do total de ocupados no estado (1,4 milhão). A maioria delas eram homens (69,2%), pessoas de cor ou raça branca (54,6%), que tinham entre 30 e 39 anos de idade (51,1%) e nível de instrução com ensino médio completo e superior incompleto ou equivalentes (49,6%). Se comparado ao total das ocupações do estado no mesmo ano, dois indicadores chamam atenção por diferirem do padrão geral: para o mesmo ano, nos números totais de pessoas ocupadas, o percentual de homens era 59% e pessoas de cor ou raça branca era de 38,3%, ou seja, 10,2 e 16,3 pontos percentuais abaixo do verificado para o setor cultural. Os dados são do Sistema de Informações e Indicadores Culturais (SIIC) levantados pelo IBGE em pesquisas diversas e compilados para o período de 2011 a 2021.

Mulheres

Em 2022, nas atividades culturais no Rio Grande do Norte, os homens (R$ 2.047,00) receberam um salário mensal médio superior ao das mulheres (R$ 1.410 ou 68,9% do salário dos homens). Quando o recorte foi feito por cor ou raça, os pretos ou pardos (R$ 1630,00) receberam cerca de 80 % do salário médio mensal dos brancos (R$ 2036,00).  No geral, o salário médio mensal pago no Rio Grande do Norte no setor cultural em 2022 foi de R$ 1852,00. No Nordeste esse valor foi de R$ 1783,00 e nacionalmente foi de R$ 2815,00.

Cerca de 50% das pessoas ocupadas no setor da cultura no Rio Grande do Norte em 2022 pertencem ao grupo dos que trabalharam entre 40 e 44h semanais, seguido dos que trabalharam entre 15 e 39h (39%). Aqueles que trabalharam até 14h foram 6,4% e os que trabalharam acima das 45h foram 4,1%. Na capital, o percentual de quem trabalhou acima das 45h é maior que a média estadual, ficando em 9,1%, enquanto metade (50,3%) trabalhava entre 15 e 39h e outros 37% entre 40 e 44h.

Empresas

Segundo o Cadastro Central de Empresas, em 2021 havia 3,4 mil unidades locais empresariais atuando nas atividades culturais do estado, as quais ocupavam 12,5 mil pessoas, com salário médio mensal de R$ 1.999,00. Só a capital, Natal, foi responsável por mais de 50% dessas unidades e por mais de 60% do pessoal ocupado no setor. Na comparação com 2011, houve um acréscimo de 9,4% no número de unidades locais culturais no RN, mas, apesar da variação positiva, a dinâmica de entrada e saídas de empresas mudou pouco o percentual de participação das atividades culturais no total das atividades econômicas do estado.

Em 2011, as unidades locais do setor cultural correspondiam a 5,2% do total do Cadastro de Empresas do RN, enquanto em 2021 esse número foi 5%. Em termos de pessoal ocupado, a cultura permaneceu na casa dos 2% da população ocupada no estado, se comparados 2011 e 2021. Já quanto à média de salários pagos, em 10 anos houve uma variação relativa de -8,7%, já que em 2011 esse valor era de R$ 2.189,00. Em 2021, na capital do estado, o salário médio mensal pago é de R$ 2.424,00, cerca de 21% a mais que a média estadual. Nacionalmente, esta média é de R$ 4,121,00 e regionalmente é de R$ 2.250,00, para o Nordeste.

Já o total dos gastos públicos (estadual e municipal) alocados no setor cultural aumentou de aproximadamente R$ 85,2 milhões, em 2011, para R$ 183,3 milhões, em 2022. Nesse período as esferas de governo (estadual e municipal) apresentaram variações da participação da cultura no total de gastos no país: em 2021, 0,7% e 1,4% respectivamente e, em 2022, 0,8% e 1,9%. Em nível de despesas totais do estado, o RN saiu de 0,32% de despesas com o setor cultural em 2012 para 0,19% em 2022.  depois de três anos em queda, os governos municipais foram a esfera de governo que mais utilizou seu orçamento com o setor cultural, ampliando sua participação em 2022.

Os valores captados por produtores culturais no Rio Grande do Norte via incentivo fiscal subiram cerca de R$ 380 mil, saindo de R$ 1,2 milhão em 2021 para R$ 1,6 milhão em 2022. Dos 167 municípios do estado, 137 tiveram distribuição de recursos da Lei Aldir Blanc em 2021. Desses, 12 utilizaram menos de 50% dos recursos, 37 utilizaram entre 50 e 90%, e 82, entre 90 e 100%. Quanto aos tipos de grupos para onde os recursos da lei foram distribuídos pelos municípios, as categorias de Musical, Artesanato e Dança foram as mais contempladas em 2021.

Desigualdades

Em 2021, 16,8% dos municípios potiguares tinham teatro ou sala de espetáculo no próprio município, 2,4% tinham cinema e 26,9% tinham museus. Apesar disso, a maioria dos municípios que não tinham os equipamentos culturais estavam a menos de uma hora de deslocamento de um outro que possuía.

Isso resulta em que 49,4% da população potiguar morava em municípios sem museu, 42% sem teatro ou sala de espetáculo e 63,8% sem cinema. Quanto ao tempo médio de deslocamento que essa população precisa despender para chegar ao museu, teatro e cinema mais próximos, observou-se que o equipamento cultural que leva o maior tempo de deslocamento para acesso é o cinema (53 minutos), enquanto para o museu leva-se cerca de 17 minutos, e, para o teatro, 24 minutos.

Proporcionalmente, a população preta ou parda do Rio Grande do Norte mostrou-se a que tem menos acesso potencial a esses equipamentos culturais: em 2021, 66% dela vivia em municípios sem salas de cinema, ao passo que, entre os brancos, o percentual era de 60,6%. A diferença ocorreu, ainda, em relação ao acesso a museus (52,1% ante 45%) e em menor grau a teatros ou salas de espetáculos (42,2% ante 41,9%).

Quanto ao sexo, 52,2% das mulheres e 49% dos homens do Rio Grande do Norte tiveram acesso potencial a museus em 2021. Esse número aumentou quando o equipamento cultural considerado foram teatros ou salas de espetáculo (58,3% de homens e 57,6% de mulheres) e caiu substancialmente quando se referiu à cinemas (34,9% dos homens e 37,4% das mulheres). Pessoas sem instrução ou fundamental incompleto mostraram maior privação nesse último quesito (70,7%).

 

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Reportagem

Estadualização da UERN é o maior legado político e da educação de Padre Sátiro

Padre Sátiro Cavalcanti será para sempre lembrado como líder a estadualização da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte em sua curta, porém rica passagem pela Reitoria da instituição entre 5 de agosto de 1985 e 8 de janeiro 1987.

Esse é o seu principal legado político pela capacidade de articulação demonstrada ao unir a comunidade acadêmica, movimentar todos os segmentos políticos do Estado, acionar ministros, convencer prefeito, governador, candidatos a governo, vereadores e deputados estaduais a formarem consenso na transferência de uma universidade de um município para um estado.

Na educação é o maior legado pelo que a UERN se tornou a partir da estadualização, deixando de ser uma universidade que sobrevivia a duras penas para se tornar uma referência de inclusão social com 89% de seus alunos oriundos de escolas públicas. Nada disso aconteceria sem estadualização cujo protagonista foi Padre Sátiro.

Mas para entender essa história é preciso voltar 38 anos na história. Padre Sátiro assumiu a então Fundação Universidade Regional do Rio Grande do Norte (FURRN) após uma crise política que derrubou o então reitor Laplace Rosado. Na época era uma instituição municipal que era pública, mas não gratuita porque cobrava mensalidades dos estudantes. Ainda assim ela não conseguia se manter.

A universidade devia seis meses de salários aos professores e funcionários quando Padre Sátiro assumiu o cargo.

A missão dele era clara: encontrar uma solução para a FURRN. Padre Sátiro recebeu carta branca do então prefeito Dix-huit Rosado para acabar com aquela agonia que a instituição vivia e foi se mexendo nos bastidores, unindo os segmentos da comunidade acadêmica e conquistando apoio político.

O reitor dedicou boa parte de sua agenda no primeiro semestre de 1986 a Brasília onde participou de uma série de reuniões e contou com o apoio do então ministro da administração Aluízio Alves. Ele discutiu o reconhecimento de cursos e ao mesmo tempo defendia a federalização da instituição.

Sátiro tentou contatos com o então ministro da educação Marco Maciel, que chegou a ser paraninfo das turmas concluintes da FURRN em 1986. Chegou-se a se discutir a possibilidade de a FURRN ser anexada a antiga ESAM, atual Ufersa, mas a ideia não avançou. A anexação pela UFRN também foi uma das alternativas discutidas na época.

Nem federalização, nem Esam e muito menos UFRN. Todas as hipóteses foram descartadas porque esbarravam no argumento da mentalidade da época de que uma universidade federal era suficiente para o Rio Grande do Norte e ela era a UFRN.

O destino da FURRN era ser UERN e o de Padre Sátiro era liderar o processo como reitor. Assim, a página da ideia da federalização de 1985 deu lugar à luta pela estadualização ao longo do primeiro semestre de1986. Em abril, Padre Sátiro chegou a admitir que os campi de Patu, Pau dos Ferros e Assú seriam fechados caso não aparecesse uma solução para a crise. Em maio até o fechamento da universidade chegou a ser avaliado.

A virada de chave aconteceu em junho.

Padre Sátiro com a ajuda dos técnicos, alunos e professores lotou 10 ônibus e foi bater a porta do então governador Radir Pereira após a histórica assembleia do Cine Pax do dia 8 de junho que decidiu que era hora de focar na estadualização.

Radir gostou da ideia, mas disse que ficaria pouco tempo no poder e que os candidatos que disputariam a eleição na quele ano precisariam concordar.

O processo foi rápido. Padre Sátiro conseguiu arrancar dos candidatos ao Governo do Rio Grande do Norte João Faustino, Aldo Fonseca Tinoco, Sebastião Carneiro e Geraldo Melo a garantia de que eles dariam continuidade ao processo de estadualização da FURRN. Esse compromisso foi fundamental.

Em setembro a Câmara Municipal de Mossoró já tinha autorizado e o então prefeito Dix-huit Rosado assinado a lei autorizando a estadualização. Em novembro daquele ano a Assembleia Legislativa já tinha aprovado a estadualização e a FURRN já tinha sido incorporada ao patrimônio do Governo do Rio Grande do Norte.

A estadualização foi oficializada em 7 de janeiro de 1987.

No dia 8 de janeiro, e após rodar 35 mil quilômetros no Passat para encontrar uma solução para a FURRN, Padre Sátiro cumpriu a promessa de que após a missão dele como reitor ser cumprida renunciaria. A missão era resolver o maior problema da universidade que agora era além de pública, finalmente gratuita e poderia se manter como estadual.

Padre Sátiro renunciou ao cargo voluntariamente dando lugar a Antonio Capistrano e voltou ao curso de direito de onde ajudou a futura UERN no processo de reconhecimento de seus cursos no Ministério da Educação.

A estadualização da UERN é o maior marco de um líder religioso que se mostrou um hábil político e um batalhador da educação.

Confira o depoimento completo de Padre Sátiro numa entrevista que ele concedeu ao editor desta página e a jornalista Aglair Abreu: