Choro e traição são elementos da política

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Chorar faz bem. Dizem os médicos que é um analgésico natural no combate a dor da alma. O choro da primeira dama Amélia Ciarlini é o assunto do momento. Os sentimentos estão divididos em relação ao constrangimento sofrido por ela ao chorar diante de milhares de pessoas nas redes sociais.

No clima de passionalidade da campanha os militantes rosalbistas tratam o desabafo de Amélia com escárnio. Os silveristas prestam solidariedade. Há quem sinta pena, compaixão. Como existem os tratam com desdém.

O choro de Amélia não é o primeiro nem o último que vemos na política. Ir às lágrimas pode ser um gesto humano ou de fraqueza dependendo do ponto de vista de quem opina.

Os que hoje riem de Amélia não lembram que no passado Rosalba chorou em entrevista a Intertv Cabugi. O motivo das lágrimas era nobre: o sentimento de impotência diante de um pai que lamentava a morte de um filho num dos hospitais da rede estadual. Ela era a governadora.

Mas ela também já chorou por ter seus interesses contrariados como quando o DEM lhe negou o direito de disputar a reeleição. Como Francisco José Junior, Rosalba também sentiu no passado o sentimento da ingratidão desta feita de José Agripino, senador e presidente estadual do DEM. Ela sempre se manteve ao lado dele nas horas boas e difíceis, coisa rara na política. Mas também já ensaiou escapulir do agripinismo.

O próprio Francisco José Junior não pode reclamar de Robinson com tanta veemência. Ele e o pai, o ex-deputado Francisco José, têm um currículo de um verdadeiro camaleão da política. Já foram rosalbistas, sandristas, garibaldistas, henriquistas, agripinistas e há 11 anos mantinha a única relação política sólida na história política deles: a parceria com Robinson Faria.

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Não custa lembrar que Francisco José Junior já acompanhou Robinson em rompimentos, deixando a base de Fafá Rosado em uma curta passagem pelo governismo em 2006. O mesmo fez em 2011 quando o então vice-governador abriu dissidência com Rosalba. Mas Francisco deixou a mãe, Lúcia Bessa, no comando do Hospital Regional Rafael Fernandes durante toda gestão rosalbistas.

Nas eleições de 2012, Francisco José Junior passou o pleito inteiro tendo que reafirmar apoio a Larissa Rosado. Os boatos de que ele apoiava Cláudia Regina “por debaixo dos panos” era recorrente. Antes da posse de Cláudia ele já estava na base dela num acordo que lhe garantiu a presidência da Câmara e a possibilidade (confirmada) de ver cair em seu colo a Prefeitura de Mossoró. No cargo, ele deixou Cláudia para trás, pensou nele. Errado? Na política não existe certo ou errado. Há sobrevivência. É cada um por si.

Osmundo Faria

O próprio Robinson não é santo. Já foi do PMDB, pulou para o PFL (atual DEM) para se aliar a José Agripino, filho de Tarcísio Maia que impediu o pai de Robinson (Osmundo Faria) de ser governador indicado pela ditadura militar em 1974. Na era Wilma de Faria (2003/10), Robinson preferiu se aliar ao governo dando de ombros a Agripino. Quando se viu impedido de disputar o governo em 2010 por falta de apoio de Wilma, Robinson não só passou a atrapalhar a gestão dela como se juntou com a oposição para ser vice de Rosalba e em menos de um ano se tornar um governador dissidente.

A crise entre Robinson e Rosalba não foi uma mera querela política. Ela ficou indignada porque o então vice foi mais rápido e tomou para si a criação do PSD. Rosalba sonhava com um novo partido para ter alforria partidária e evitar os problemas de 2014. Rosalba ficou sem um partido novo que lhe abrisse as portas do Palácio do Planalto.

E Wilma? Essa é um caso à parte. Surgiu na oligarquia Maia, foi aliada dos Alves, depois se tornou a alternativa a polarização Alves/Maia, obrigou as forças tradicionais a se unirem a ela e por fim terminou abraçada com os adversários de outrora. Transitou entre PT e DEM sem qualquer constrangimento. Foi chamada de traidora e corajosa. A camaleoa da política hoje tenta um recomeça pela Câmara Municipal da capital.

O PMDB de Henrique e Garibaldi já foi de tudo. Se juntou e separou na velocidade dos próprios interesses. Também não pode apontar o dedo a ninguém.

Apenas me limitei a alguns fatos no plano local. Choro e traição, traição e choro são elementos da política. No Rio Grande do Norte há muita história para contar.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto