Por Carlos Madeiro
UOL
O MP-RN (Ministério Público do Rio Grande do Norte) está investigando ao menos 24 bets ilegais que operam ou operavam com base em uma regulamentação local, dada pelo município de Bodó, cidade de 2,3 mil habitantes.
Em apenas dez meses —entre novembro de 2024 e setembro de 2025—, a investigação revelou uma movimentação de R$ 415 milhões das plataformas “legalizadas” pela prefeitura.
A investigação apura cinco crimes e contravenções:
- Lavagem de dinheiro;
- Induzimento à especulação;
- Exploração de jogo de azar e loteria não autorizada;
- Associação criminosa;
- Crime contra as relações de consumo.
O cálculo da movimentação foi feito com base no repasse obrigatório de 2% da receita bruta dessas casas à Prefeitura de Bodó — que anunciou ter recebido R$ 8,3 milhões dessas bets no período.
Nesta semana, a Justiça do Rio Grande do Norte determinou o bloqueio e sequestro de bens no valor de R$ 145 milhões de pessoas envolvidas no esquema.
“Esse foi o valor que a gente aferiu de movimentação fraudulenta”, diz o promotor Augusto Lima, chefe do Laboratório de Tecnologia contra Lavagem de Dinheiro do MP-RN.
Foram bloqueadas contas bancárias, aplicações financeiras, planos de previdência, imóveis e veículos dos suspeitos.
Em fevereiro, a coluna revelou que o município lançou, em outubro de 2024, um edital de chamamento de empresas interessadas em uma regulamentação para atuação em apostas de cotas fixas — algo que é competência exclusiva da União. A medida fez Bodó ser apelidada de “paraíso das bets clandestinas”.

