Julho chegou. No calendário político será o mês das convenções. Agora as conversas mudarão de patamar. Agora é hora de definir, de descer do muro e das conjecturas migrarem do campo do imaginário para o da prática.
Mas como estão os nossos políticos? Todos afundados numa maré profunda de indefinições. É muita incerteza. Ninguém é de ninguém na orgia política que temos em curso na segunda maior cidade do Rio Grande do Norte. Com exceção do PT e dos partidos da extrema esquerda todo mundo pode fechar aliança com qualquer um. Estão juntos e misturados.
A ex-governadora Rosalba Ciarlini (PP) é a favorita para retornar ao Palácio da Resistência. Mas ela vive incertezas acerca das alianças. Vai fechar com o DEM? O cenário mostra que não. Há um afastamento político em relação a ex-prefeita Cláudia Regina. Pior: setores do rosalbismo já andou rejeitando o senador José Agripino, presidente nacional do DEM.
Vai fechar com o PMDB? Mas a mágoa em relação a Agripino é a mesma em relação ao ex-ministro Henrique Alves, líder da legenda no Estado. Essa aliança traz para o palanque da “Rosa” o desgaste de políticos citados na Operação Lava Jato. Henrique caiu do Ministério do Turismo justamente por ter contas suspeitas no exterior. A indicação de um vice peemedebista subiu no telhado.
Tudo pode ser deixado de lado em nome do tempo de TV como deixou bem claro o deputado federal Beto Rosado (PP) em recente entrevista ao Meio-Dia Mossoró da 95 FM.
Até aqui o rosalbismo tem tido dificuldades em conquistar aliados porque tem oferecido apenas a garantia de vitória com base nas pesquisas que apontam o favoritismo da ex-governadora.
E o grupo de Sandra Rosado (PSB). Vai insistir na indicação do vice da ex-governadora? Vai fazer uma adesão incondicional ao grupo da outrora adversária ferrenha? Vai colocar a ex-deputada estadual Larissa Rosado (PSB) mais uma vez para sacríficio?
E o prefeito Francisco José Junior (PSD)? Impopular ele tenta mostrar um caráter positivo as ações da Prefeitura de Mossoró. Aposta na obra do Parque da Cidade. Até aqui ele não é possível mensurar se o Mossoró Cidade Junina melhorou a imagem da gestão.
O burgomestre conta com um arco de alianças que reúne mais de 15 partidos e uma bancada de 14 vereadores. É preciso fazer essa viabilidade política se converter em viabilidade eleitoral. Além de segurar os apoios, o que não será tão simples, ele precisa manter-se afinado com o governador Robinson Faria (PSD) que anda distanciado da cidade.
O pré-candidato Tião Couto (PSDB) até aqui bate cabeça. Apesar de ter sido o primeiro nome posto ele ainda não cresceu aproveitando o vácuo da insatisfação popular com a classe política. Alguns erros colaboram para isso; 1) escolheu o PSDB e no clima odiento da política nacional começar uma vida pública por PT e PSDB é muito arriscado; 2) ele não tem um posicionamento político claro em Mossoró, tem se mantido distante das discussões de temas pertinentes. A pré-campanha dele foi até eficiente do ponto de vista da aproximação com a periferia, mas falta visibilidade principalmente nas redes sociais. Diria que Tião estaria indo bem na política do Século XX, mas precisa chegar ao Século XXI.
Nas candidaturas alternativas o cenário é confuso. Vai ter Frente de Esquerda? O candidato é Gutemberg Dias (PC do B) ou Genivan Vale (PDT)? Serão os dois? E o PSOL de Cinquentinha vai sair unido? E Josué Moreira (PSDC), que rumo vai tomar?
O desacerto segue na disputa proporcional. Ninguém ainda sabe o que fazer. O período das convenções começa no dia 20 de julho. O mundo político tem até o dia 5 de agosto para encontrar um rumo.