CPI da covid é a versão (no mau sentido) da lava jato no RN

Moro sem Dallagnol, Kelps denunciou, julgou e condenou na CPI (Foto: João Gilberto)

A CPI da Covid da Assembleia Legislativa encerrou ontem com um final que surpreendeu um total de zero pessoas: o pedido de indiciamento da governadora Fátima Bezerra (PT).

As investigações não conseguiram encontrar nada que desabone a integridade de Fátima, mas isso é o que menos importa. A estratégia desde o início era encontrar algum fato e não encontrando inventar qualquer coisa que rendam manchetes.

Diante de uma realidade insofismável, restou a segunda alternativa. A governadora foi indiciada por “não ter como não saber que os respiradores estavam sendo comprados pelo Consórcio Nordeste”. O argumento agita as redes bolsonaristas e confunde os mais desavisados, mas quem entende do que se trata sabe que isso na prática só comprova que não encontraram crimes a atribuir a governadora.

Se der a lógica qualquer promotor ou juiz de bom senso vai colocar esse relatório em um arquivo.

Indiciar a governadora por ela “não ter como não saber” lembra o então procurador Deltan Dallagnol denunciando Lula sem provas, mas com base em convicções e o então juiz Sérgio Moro condenando o ex-presidente por fato indeterminado.

A CPI só teve como efeito prático tirar o presidente da comissão Kelps Lima (SD) da decadência política. Espécie de Sérgio Moro sem Dallagnol, ele vazava informações sobre documentos sigilosos ciente de que não poderia fazer isso.

Ele denunciava, julgava e condenava em suas entrevistas as redes bolsonaristas.

O problema é que fora fazer Kelps ganhar corações bolsonaristas, a CPI não atingiu os objetivos políticos. Fátima segue liderando as intenções de voto tanto no primeiro como no segundo turno e sua popularidade permaneceu estável durante todo processo.

Restou a CPI um último ato de desespero que tende a caminhar rumo ao arquivamento.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto