É comum em qualquer parlamento do mundo a concessão de honrarias. Acho justo que pessoas que fazem algo por um determinado lugar recebam o reconhecimento.
Mas a banalização das honrarias incomoda o cidadão. Nos tempos em que Daniel Gomes era vereador qualquer pastor de fora ou cantor evangélico que viesse a Mossoró recebia um título de cidadania até que um dia o plenário foi obrigado a praticar a deselegância de rejeitar uma dessas homenagens.
Mas esse foi um lapso de bom senso perdido na década passa. A Câmara Municipal é perdida nesse sentido. Chegou ao absurdo de, através de uma proposição de Claudionor dos Santos (PMDB), conceder título de cidadã a Graça Foster. Justo ela que não só nunca veio a Mossoró como foi a presidente da Petrobras responsável por diminuir o peso da estatal na economia da cidade. Puro masoquismo.
Para aumentar o constrangimento, Foster nem veio nem muito menos mandou representante.
Homenagem sem merecimento provoca repulsa mesmo quando é para figuras que beiram a unanimidade como o poeta Dorgival Dantas que tem o respeito até de quem não gosta de forró.
Dantas será homenageado hoje com título de cidadão mossoroense por sugestão de Jório Nogueira (PSD). Fica aberta uma série de perguntas: qual a contribuição do artista para o povo de Mossoró? Ele divulga a nossa cidade por onde anda? Tem alguma obra social por aqui? Gera empregos? A resposta em todos os casos é não. O máximo que ele faz é vir aqui duas ou três vezes por ano trazer um pouco de lazer para nós. Vem, se apresenta e vai embora com o dinheiro no bolso do cachê.
Na capital em meados da década passada, às vésperas do Carnatal, cantores de axé como Ricardo Chaves, Cláudia Leitte e Durval Léllis receberam títulos de cidadão natalense. O povo se revoltou.
Por coincidência o polêmico título de cidadão para Dorgival Dantas acontece às vésperas de uma vaquejada cuja parte festiva tem nele uma das atrações principais.
Lamento a ingratidão da Câmara Municipal com seus filhos. Eu mesmo já sugeri a vários vereadores, inclusive o próprio Jório Nogueira, que colocasse nomes de ruas homenageando o jornalista Nilo Santos e o radialista Nazareno Martins. Não era amigo de nenhum dos dois, mas entendo que ambos merecem esse reconhecimento.
Até hoje eles nunca tiveram seus nomes eternizados como tantos outros que se estabeleceram por aqui que seguem gerando empregos e colaborando com a nossa sociedade e são ignorados.