Aécio Neves entra num centro espírita com a esperança de receber uma carta psicografada do avô Tancredo Neves. O senador mineiro sonha com conselhos políticos do histórico líder.
O médium recebe o espírito do ex-presidente que nunca exerceu o poder de fato por morrer antes de assumir o cargo mais importante da nação.
E a carta começa:
“Querido netinho,
Estou preocupado com os últimos acontecimentos em nosso país. Não foi para isso que lutei tanto por uma redemocratização negociada. A conciliação é a chave da política. Entre o embate e o acordo fique com a segunda opção. Foi assim que a frente liberal deixou o PDS e me ajudou a ser eleito presidente da república em 1985.
Meu netinho, seu comportamento está desonrando o meu legado. Fico triste quando te vejo conspirando um golpe por não aceitar a derrota nas urnas.
Em 1961, me tornei primeiro ministro para evitar que João Goulart fosse injustamente deposto pelos militares. Sem desespero pelo poder e respeitando a tradição presidencialista brasileira, trabalhei para que o presidencialismo fosse reestabelecido no plebiscito de 1963. Deixei de ser chefe de governo com a consciência tranquila.
Lutei contra a deposição de Vargas em 1954, combati o golpe de 1964, quis muito a emenda Dante de Oliveira no movimento “Diretas Já” e sempre fiquei na linha de frente contra o regime militar até ser eleito presidente.
Morri sem exercer a presidência, mas em paz por ter ficado do lado certo da história.
Agora vejo todo esse legado ser atacado pelo seu comportamento político após ser derrotado nas urnas pela presidente Dilma Rousseff, que do jeito dela lutou contra a ditadura também.
Meu netinho, saia dessa conspiração e espere a chance que 2018 lhe reserva. Tenha o espírito público que sempre tive e poupe o Brasil de uma crise política desnecessária.
Do seu avô Tancredo Neves”.