Debate da Band mostra que eleição no RN será um deserto de propostas

Debate pecou pela falta de propostas (Foto: reprodução)

Ontem a Band RN promoveu o primeiro debate com os candidatos a governador do Rio Grande do Norte. O evento movimentou as redes sociais e gerou mais de 65 mil visualizações no Youtube.

O melhor do debate foram as regras diferenciadas. O formado de sabatina em que cada bloco um candidato era questionando pelos adversários garantiu que todos fossem perguntados uns pelos outros.

A liberdade para os candidatos escolherem os temas das perguntas também foi uma boa.

Em geral o nível do debate foi sofrível. Uma ausência angustiante de ideias de como levar o Rio Grande do Norte para o rumo do desenvolvimento.

Um deserto em termo de propostas.

A governadora Fátima Bezerra (PT), como era de se esperar, foi o foco da pancadaria verbal. Ela manteve o controle emocional e tentou usar resultados positivos de seu governo para se defender. A petista teve extrema dificuldade nas áreas de saúde e educação. Na segurança, onde tem números positivos, pecou ao não apresentar os números de redução de violência dando brecha para os adversários falarem que a única pessoa que teve a segurança melhorada foi ela mesma. Isso ganha eco na sociedade porque a sensação de insegurança ainda é alta.

Apesar dos passares Fátima sobreviveu.

O senador Styvenson Valentim (Podemos) não decepcionou porque fez o que era esperado: vomitou moralidade e se embananou ao abordar temas mais técnicos. O parlamentar chegou a dizer que a UERN poderia colaborar mais com o Estado, sobretudo nos cursos de engenharia. Detalhe: a UERN não tem cursos de engenharia. Ele também mostrou descontrole ao fazer caretas enquanto os adversários falavam, isso quando não baixava a cabeça, numa demonstração de arrogância. Ao ser questionando por Fátima sobre o tema violência contra a mulher vestiu a carapuça por falas do passado como a expressão “tapa bom” usada quando um policial bateu numa mulher durante a ocorrência de violência doméstica ou quando ironizou hematomas da deputada federal de São Paulo Joyce Hasselman. Por outro ele mandou bem quando cobrou da governadora a aplicação da emenda que enviou para o Hospital Regional Tarcísio Maia.

O ex-vice-governador Fábio Dantas (SD) é sem sombra de dúvidas o mais eloquente entre os candidatos, mas é uma pena que ele use essa qualidade para contar mentiras. Disse que nunca assumiu o Governo do RN para se desvencilhar da associação de sua imagem a do ex-governador Robinson Faria, disse que a única obra inaugurada por Fátima em Mossoró foi o nome de uma rodovia e distorceu números da administração estadual ao seu bel prazer. Gastou a boa retórica com mentiras.

A ex-vereadora de Grossos Clorisa Linhares (PMB) estava nervosa, se enrolou com alguns dados e parecia mais preocupada em agradar o eleitor bolsonarista. É séria candidata a virar o primeiro meme nacional destas eleições ao fazer uma oração na hora das considerações finais.

Danniel Morais (PSOL) também nervoso no começo, mas deixou a impressão de ser uma pessoa inteligente e que pode se sair melhor nos outros debates se estiver mais tranquilo. Assim como todos os outros candidatos pecou por não apresentar propostas.

A síntese do debate foi uma preocupação grande em desqualificar o Governo Fátima Bezerra sem dizer como faria diferente e a petista se defendia com alguns dados do governo sem aprofundar a discussão.

Ninguém propôs nada. Um deserto de ideias que reflete o atual quadro político do Rio Grande do Norte nos últimos anos.

 

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto