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Por Rafael Duarte
Agência Saiba Mais
O clima esquentou na sessão desta quinta-feira (25), na Assembleia Legislativa, pouco antes da votação do reajuste dos profissionais da Educação. O líder do governo na Casa George Soares (PR) e o deputado Allyson Bezerra (Solidariedade) bateram-boca e precisaram ser contidos pelos colegas.
A polêmica começou no debate sobre o projeto enviado pelo Governo que reajusta em 4,17% o salário-base dos professores e especialistas em Educação, mas descambou para o lado pessoal e provocou constrangimento geral entre os parlamentares e o público que acompanhava a sessão nas galerias.
Allyson Bezerra questionou a constitucionalidade da proposta, que na avaliação dele tratava servidores ativos e aposentados de forma diferente, o que não é permitido por lei. O curioso é que o deputado do Solidariedade é membro da Comissão de Constituição, Justiça e Redação, fórum adequado para questionar a legalidade do projeto, que passou pela CCJ aprovado por unanimidade pelos sete membros da comissão.
Na defesa da proposta, Soares afirmou que estranhava a atitude do colega exatamente pela proposta ter sido aprovada à unanimidade na CCJ e, numa alusão clara ao parlamentar mesmo sem citar nomes, disse que “alguns deputados” estavam usando o regime da Casa em benefício próprio:
– Me estranha do deputado Allysson não ter levantado esse ponto na comissão. A quem serve ao regimento interno ? À sociedade ou à interesse particular, com intenções eleitorais ? Há comportamentos dúbios nesta Casa. Tem deputado que tem uma posição na comissão e outra posição no plenário. Tem gente falando nesse plenário em causa própria, chegando ao ponto de querer macular a imagem desta Casa se fazendo passar por bonzinho. E possa ser que não seja. Esse projeto tramitou em três comissões antes vir para cá (plenário). Essas indagações são inoportunas”, disparou.
O desabafo revoltou Allysson Bezerra, que levantou, foi até a mesa de George Soares, falou algumas palavras com o dedo em riste e se sentou novamente. Ele pediu a palavra para responder o colega, mas só conseguiu o microfone ao final da votação:
– O deputado George foi bastante infeliz em algumas colocações. E vou falar olhando no olho dele. Ele que se coloca como o arauto da experiência já mostrou que não tem. Eu só aprovei o projeto na CCJ porque vossa excelência me fez um pedido para dar celeridade à pauta. Política se faz com diálogo, e não no grito”, respondeu, listando sete críticas a Soares.
Na réplica, o líder do Governo foi ainda mais duro nas críticas ao colega e chamou de “palhaçada” a reação de Allyson nos desdobramentos da votação do projeto que concedeu o 13º salário aos deputados, além do terço de férias:
– Só pela palhaçada que vossa excelência fez naquela votação infringiu o decoro parlamentar. Vossa Excelência pode ser cassado. Vossa Excelência abriu mão do auxílio-saúde certamente porque deve receber (o benefício) onde é concursado (Allyson Bezerra é servidor da UFERSA). Eu sou homem igual a Vossa Excelência.
Allyson Bezerra ainda tentou pedir a tréplica, mas o presidente da ALRN Ezequiel Ferreira de Souza (PSDB) interveio para encerrar a discussão:
– A briga pessoal dos deputados está atrapalhando a votação de um projeto importante para a sociedade, que é o reajuste dos professores”, disse.
Após o bate-boca, os deputados aprovaram o projeto de reajuste dos professores com 19 votos a favor e nenhum contra. Ubaldo Fernandes, Kelps Lima e Raimundo Fernandes estavam cumprindo agenda fora da ALRN; Albert Dickson assinou o ponto e foi embora antes da votação e Gustavo Carvalho saiu do plenário na hora da votação e quando voltou pediu para constar seu voto pela aprovação.