Não existe político inatacável. Numa disputa política critica-se o adversário e se elogia o aliado. É assim desde que a política passou a mover o mundo.
Quando autores da Análise do Discurso publicam trabalhos sobre política é quase sempre abordando os confrontos entre os políticos e nisso entra a desconstrução dos adversários.
Isso é recorrente em obras de Courtine e Charadeau, apenas para ficar entre autores franceses. O que acontece em Mossoró se repete em maior ou menor grau em todos os lugares.
Faz parte do debate político a desconstrução dos adversários. O prefeito Francisco José Junior (PSD) não teria a impopularidade estratosférica que atingiu sem ter adversários bem articulados para desconstruí-lo. Não seria meramente o mau desempenho administrativo por si só que levaria a popularidade dele à bancarrota. Teve muita “propaganda de boca”.
Agora o alvo é a ex-governadora Rosalba Ciarlini (PP). Líder nas pesquisas, favorita, tida como “mito” para muitos, idolatrada por setores significativos do eleitorado mossoroense e com um cartel variado de temas para ser vidraça.
Assunto não falta. A ex-governadora prefere a defensiva e a posição de vítima sempre que confrontada. Quanto menos satisfação der, melhor. Foi assim no encontro com panificadores no último domingo. O que deveria ser meramente uma sabatina acabou se tornando um confronto entre ela e o prefeito que partiu para o confronto direto.
A reação da militância nas redes sociais foi de colocá-la no papel de vítima e de cobrança de propostas do prefeito e demais adversários. Por trás desse discurso há implícito um pedido para “não falar da Rosa”. Como se ela fosse uma divindade inatacável e sem erros.
Parte da mídia, por motivos variados, embarca nesse discurso que serve muito mais para animar a militância rosalbista e fomentar a intolerância à dialética tão saudável ao debate político.
A ex-governadora e o prefeito em maior grau que os demais candidatos têm muita satisfação a dar ao eleitor mossoroense. O eleitor desapaixonado agradece.