Desfile de tanques foi patético, mas não deixou ser grave e simboliza retrocesso político

A ameaça a democracia também corre de forma patética (Foto: reprodução)

Uma coisa é a zoeira na internet com as imagens patéticas dos tanques fumacentos circulando em Brasília no dia em que o presidente estava prestes a ser derrotado na Câmara dos Deputados em sua cruzada pelo voto impresso.

Outra coisa é não separar isso da gravidade de um presidente que usa as forças armadas para fins políticos.

Isso por si só já é grave por termos em curso um retrocesso institucional no Brasil com o envolvimento de militares na política.

Nas democracias mais avançadas do planeta, militares não se envolvem em política.

Não adianta argumentar que a maioria dos militares são contra dar um golpe de estado. Com base em que podemos garantir isso? Não há levantamento que aponte para essa conclusão e as falas de insatisfação na imprensa são sempre em off. Pode-se argumentar que os militares não falam publicamente em nome da disciplina, mas para intimidar o STF no julgamento do habeas corpus do ex-presidente Lula a fala foi em on e sem recriminação. Para não punir o ex-ministro Pazzuelo por participar de uma manifestação política (proibida) também não se furtaram.

A democracia morre aos poucos e o retorno dos militares à política, um retrocesso dos grandes, colabora para que isso ocorra lentamente.

O Brasil virou chacota mundial, os militares foram humilhados e ainda assim são com essas armas fubentas que eles podem golpear a democracia brasileira, o que torna tudo ainda mais patético.

Bolsonaro hoje não teria condições para dar um golpe, mas o precedente perigoso vai sendo aberto dia a dia e a queda das democracias são assim mesmo: de forma gradual.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto