Diáspora no PRB expõe ilusão da “síndrome do partido independente”

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O ano é 2004. Um grupo de suplentes de vereador e nomes novos com bom potencial está unido para ser a novidade na Câmara Municipal. O projeto partia de uma ideia simples: todos em pé de igualdade disputando vagas na Câmara Municipal e tirando proveito da regra proporcional.

Com isso Sargento Osnildo elegeu-se para uma das 13 vagas mesmo sendo o 26º candidato a vereador mais votado. A ideia foi um sucesso que se repetiu em 2008 com o mesmo PSL. Bem acomodado na primeira gestão de Fafá Rosado (2005-09), a agremiação conseguiu manter o grupo coeso e forte para repetindo a estratégia eleger mais dois vereadores.

Ficaram entre os 13 eleitos Flávio Tácito (que na verdade foi o 15º mais votado) e Maria das Malhas (a 25ª mais sufragada nas urnas). A estratégia era definitivamente um sucesso.

Mas o tempo passou e o grupo crescido passou a ter muitas divisões. Resultado: uma parcela significativa migrou para o PTN. Com a mesma estratégia, novo sucesso em 2012 elegendo Genilson Alves e Narcízio Silva. Osnildo (que não se reelegera em 2008), Maria das Malhas e Flávio Tácito foram para o DEM. Somente o último conseguiu sobreviver e agora tenta a reeleição pelo PPL. Mas a semente estava plantada e a ideia passaria a ser copiada.

Naquele pleito o PTB tinha formado grupo para eleger dois parlamentares sozinho, mas não seguiu à risca a cartilha do PSL e terminou aceitando um vereador, Ricardo de Dodoca, e se coligou numa chapa forte. Só Ricardo saiu vitorioso nas urnas. Lucélio Guilherme terminou assumindo o mandato quando Luiz Carlos (PT) renunciou para assumir como vice-prefeito.

O PT do B foi a grande surpresa de 2012 na proporcional. Com nomes poucos conhecidos, mas com um trabalho bem feito conquistou os mandatos de Soldado Jadson e Heró Silva. Em menos de um ano os dois não estavam mais na mesma agremiação. Jadson foi para o Solidariedade. Heró foi para o PROS e depois para o PTC. Semana passada ele oficializou a desistência da reeleição por não enxergar condições de entrar numa disputa em igualdade de condições na coligação PTC/PSC/PRTB.

Isso sem contar o PV que com a estrutura do Palácio da Resistência montou uma chapa tão forte que elegeu Francisco Carlos, Alex do Frango e Celso Lanches.

Nenhum daqueles grupos de 2012 existe mais. Assim como Jadson e Heró todos se dispersaram. O grupo do PTN, que foi do PSL antes, agora está no PMN. Só Genilson Alves segue junto. Narcízio foi para o PR. Lucélio ficou tão só no PTB que está com a reeleição inviabilizada numa coligação com um PT do B totalmente diferente de quatro anos atrás. O PV de hoje tem uma coligação forte, mas com outros atores e num cenário que nada lembra o de 2012. Francisco Carlos hoje é do PP, Celso do PSC e Alex do Frango está no PMB.

Cenário atual

partidos-1Hoje PRB, PHS, PMN e o próprio PV tentam repetir o sucesso da estratégia do PSL de 2004. Os problemas de dispersão acontecem já dentro da campanha.

O PRB, por exemplo, vive uma verdadeira diáspora. Termo grego que significa dispersão e é usado para explicar as migrações do povo judeu (primeiro no Século IV A. C. e em 70 D. C.) que se espalhou em diversas parte do mundo. O comparativo não é exagero, afinal de contas o grupo unido do PRB que fechou com o prefeito Francisco José Junior (PSD) se espalhou entre os adversários.

Já o PMN tenta se encaixar de forma coesa em algum grupo embora já tenha anunciado que está fora da chapa do prefeito. O PHS está em sua maioria com a ex-governadora Rosalba Ciarlini (PP), mas tem filiados no grupo de Tião Couto. Já o PV, pelo menos em tese, ainda está com o prefeito.

Todos esses grupos se uniram na expectativa não só de fazer cadeiras na Câmara Municipal, mas de fechar no atacado um bom acordo financeiro com os candidatos majoritários. Pura ilusão de quem não compreendeu que as regras mudaram, que não existe mais financiamento empresarial e o caixa 2 está sendo fiscalizado intensamente.

São grupos que se formam sem qualquer afinidade ideológica ou programática. O objetivo utilizar-se da regra proporcional para ver quem se elege e quem é eleito vira as costas para o partido e espera quatro anos para se encontrar em uma nova sobra política que lhe possa garantir a reeleição. Coisas de um país com sistema partidário caótico.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto