Por Gustavo Azevedo
O que dizer de um time de garotos recém-promovidos a profissionais, enfrentarem e vencerem o Santos de Pelé? Pois foi isso que aconteceu com Tostão, 19 anos, Dirceu Lopes, 20 anos e Wilson Piazza, 23 anos, que se tornaram campeões da Taça Brasil de 1966. O esquadrão cruzeirense contava com a segurança de Raul Plassmann, o goleiro das camisas amarelas, uma zaga deveras violenta e um ataque infernal.
Raul; Pedro Paulo, William, Procópio e Neco; Piazza e Dirceu Lopes; Natal, Evaldo, Tostão e Hílton Oliveira, impuseram ao Santos um acachapante 6×2 no primeiro jogo, dia 30 de novembro, realizado no Mineirão, com a presença de quase 90.000 espectadores que viram um time de branco sendo dilacerado por uma máquina azul. Mas o jogo da volta, no dia 07 de dezembro, era em São Paulo e o Santos tinha Pelé num Pacaembu tomado por 30.000 santistas esperançosos, ainda mais quando Pelé e Toninho Guerreiro fizeram 2×0 aos 25 minutos do primeiro tempo. Contudo os meninos cruzeirenses já tinham perdido o respeito pelos craques paulistas e viraram o jogo para 3×2 com gols de Tostão, Dirceu Lopes e Natal.
Esse timaço do Cruzeiro também ganhou cinco campeonatos mineiros seguidos, de 1965 a 1969, para desespero dos atleticanos. Quanto Tostão se transferiu para o Vasco da Gama, em 1972, e em seguida abandonou o futebol, o clube ainda teve fôlego para formar outro grande time com a chegada de Jairzinho e a ascensão de Palhinha, Joãozinho e Nelinho, onde venceram a Taça Libertadores da América de 1976, superando o River Plate de Kempes, Fillol e Perfumo e só não ganhou o mundial interclubes porque teve de enfrentar o Bayern de Munique num campo coberto de neve.
Até o ano de 1965, o futebol brasileiro se resumia as forças dos times de São Paulo e Rio de Janeiro. Santos, Botafogo, Palmeiras, Fluminense, Vasco, Flamengo, Corinthians e São Paulo, nesta ordem, eram as potências que ditavam o esporte no país. Os clubes de estados como Minas Gerais e Rio Grande do Sul sequer figuravam nessa lista, se restringindo as competições estaduais. Apenas o Bahia, em 1959, que conseguiu quebrar por um momento essa ordem quando levantou a primeira edição da Taça Brasil. Mas a partir de 1965, graças a esses mineirinhos, bons de bola, um clube azul de Minas Gerais deu as caras e mostrou ao Brasil um futebol brilhante e inesquecível.