Domingo, dia futebol: As máquinas tricolores

Por Gustavo Azevedo

Muitos dos torcedores do Fluminense que conheço, e são poucos, não esquecem o time campeão brasileiro de 1984, não esquecem Paulo Victor, Aldo, Duílio, Ricardo Gomes, Branco, Delei, Jandir, Assis, Romerito, Washington, Tato, alguns deles sequer sabe essa escalação, contudo, tratam esse timaço como a segunda máquina tricolor. Mas se é a segunda, porque não lembrar da primeira? A seleção de craques que o Presidente Francisco Horta montou durante os anos de 1975 e 1976 torna esse time de 84 como time de aspirantes. No dia seguinte de sua posse, Horta contratou Rivelino, depois vieram Félix, Toninho Baiano, Marco Antônio, Pintinho, Manfrini, Gil e Paulo César Caju, que trataram logo de ganhar o campeonato carioca.

Em 1976, foram contratados, no troca-troca com outros clubes, promovido pelo Presidente tricolor, o goleiro Renato, o tricampeão Carlos Alberto Torres, Edinho, Doval e Dirceu. Com isso vieram resultados expressivos como o bicampeonato carioca, com direito a goleadas nos rivais: 3 a 0 no Vasco e 5 a 1 no Botafogo e o Torneio Viña del Mar, no Chile, após vitória por 1 a 0 contra o Union Española e empate sem gols contra o Everton, ambos times chilenos. O Fluminense ainda teve fôlego para conquistar mais títulos em 1977, como o Troféu Tereza Herrera, na Espanha, ao vencer Feyenoord (Holanda) por 2 a 0 e golear o Dukla Praga da Tchecoslováquia (base da seleção campeã da Eurocopa de 76) por 4 a 1 e o Torneio de Nice, na França. Contudo, o mais inquietante para o torcedor tricolor é saber que essa constelação de craques não conseguiu ganhar o campeonato brasileiro, talvez por conta das inúmeras viagens a Europa para participar de torneios e amistosos ou seria o Internacional de Falcão melhor que essa máquina? Talvez a invasão corintiana ao Maracanã em 76, seja a responsável pelo fracasso no torneio nacional.

O que mais importa nisso tudo é justamente a junção de craques num mesmo elenco, a coragem ou a loucura de Francisco Horta, se bem que não foi a primeira vez que isso ocorreu nas Laranjeiras. Em meados da década de 30 o clube também investiu pesado, contratando os jogadores paulistas: Batatais, Hércules, Tim e Romeu Pellicciari, onde conquistaram o tricampeonato carioca de 36, 37 e 38 e o bi de 40 e 41. Portanto, mais vale a lembrança perpetuada das máquinas tricolores, do que a presença inútil de um ex-craque, como Ronaldinho Gaúcho, em fim de carreira, que rescinde um contrato pelo simples fato de não ter conseguido encerra-la no momento oportuno à sua trajetória esportiva.

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Reportagem especial

Canal Bruno Barreto