É possível fazer educação inclusiva

Por Thiago Fernando de Queiroz*

A Constituição Federal da República Federativa do Brasil de 1988 em seu artigo 205 diz que a educação é um direito de todos e que é um dever do Estado garantir as condições mínimas de permanência e de aprendizado de sua população desde a infância e ao longo de toda a vida. A Constituição ainda aborda que a educação também é de responsabilidade da família, e, que a sociedade deve colaborar.

Porém, quando se fala de educação de pessoas com necessidades especiais e de pessoas com deficiência, parece as vezes que não há tanto interesse. Contudo, pode-se afirmar que no estado do Rio Grande do Norte existem pessoas que se preocupam com a educação inclusiva, no campo da pesquisa inclusiva, pode ser citado o nome da Professora Ana Lúcia Aguiar da DAIN/UERN e a Professora Luciana Mafra da CAADIS/UFERSA, no campo da gestão, pode ser citado a Professora Selma Bedaque, e, do Atendimento Educacional Especializado, pode-se citar a Professora Josselene Maria Marques Ferreira. E, é da Professora Josselene que será exposto um pouco do trabalho dela no município de Mossoró.

A Professora Josselene Marques é referência quando se fala em Sala de AEE, ela se esforça muito para garantir a inclusão dos alunos com necessidades especiais e com deficiência no município de Mossoró. Ela é Especialista em AEE e também é Especialista em Psicologia Escolar e da Aprendizagem. Passou no concurso para atuar na educação de Mossoró em 1999 e só começou a trabalhar em sala de AEE em 2008.

Quem motivou a Professora Josselene a trabalhar em Salas de AEE foi a Professora Selma Bedaque. A Professora Selma Bedaque é referência em educação especial, ela é responsável a mais de cinco anos pelas ações da política inclusiva no município de Mossoró, e, vale destacar que ela tem livros e artigos científicos com pesquisas na área da educação especial.

O mais emocionante quando conversamos com a Professora Josselene é perceptível o amor e o carinho dela pela educação especial. Fica clarividente que ela tem empatia e alteridade em suas ações. Ela até aborda dizendo para que haja de fato uma educação inclusiva, é preciso “olhar a pessoa” na sua singularidade. Ela aplica os ensinamentos de HerinWallon quando expõe que é a afetividade que transforma a educação, e, isso a Professora Josselene aplica constantemente, pois, ela se preocupa com o aprendizado do aluno e procura todos os recursos e metodologias possíveis para garantir a aprendizagem de seus alunos.

Um dos fatos que mais emociona a Professora Josselene é quando ela conheceu a aluna Glória, uma criança com deficiência visual que não interagia na sala de aula, pois, até então, os professores da sala regular não sabiam aplicar metodologias inclusivas que permitisse a interatividade da aluna com os conteúdos de sala. Porém, a Professora Josselene quando conheceu Glorinha, procurou observar a aluna e vendo suas potencialidades, identificou que ela era muito hábil em criar histórias. A partir daí, a

Professora Josselene começou uma peregrinação, motivou a escola e professores, bem como familiares e amigos, e, assim, fizeram o livro de Glorinha, que hoje está na terceira edição. Mediante a esse trabalho do livro de Glorinha, a Secretária de Educação do Município de Mossoró parabenizou seu trabalho.

Para ter o sucesso em seu trabalho que a Professora Jossele Marques vem tendo, ela procura realizar um trabalho que tenha a participação de todos os agentes necessários para uma educação inclusiva, o corpo gestor da escola, os professores, os familiares dos alunos, e, pode até se citar seus próprios familiares, pois, muitos dos materiais pedagógicos que ela utiliza, é produzido com o apoio de sua família.

Ela enfatiza por diversas vezes que o trabalho que ela vem exercendo acontece de fato pelo o apoio da Gestão Escolar, e isso a alegra muito; contudo, ela traz uma mensagem: “É preciso cuidar da família. ”

O mais interessante de tudo é que ela tem arquivado as atividades realizadas com todos os alunos que ela atuou como educadora inclusiva. Ela anota tudo e vai descrevendo os avanços. Ela conta com muita emoção que o primeiro atendimento dela como Professora do AEE aconteceu no dia 15 de junho de 2008, o aluno tinha paralisia cerebral e hoje, esse aluno se encontra no ensino médio. Ela conta ainda de uma aluna que tem paralisia cerebral e dislexia, e hoje, essa aluna cursa Serviço Social na UERN, isso prova que é possível um aluno com necessidade especial e com deficiência vencer, basta se dedicar e acreditar.

De fato, a Professora Josselene Marques é um exemplo de professora, esperamos que o exemplo dela venha ser seguido, e, que mais professores como ela atuem promovendo a transformação social que Josselene Marques vem realizando. Assim, convido a todos a lutarem por inclusão, vamos juntos nessa batalha, porque, juntos somos mais fortes.

*É pesquisador em Inclusão e nos Direitos das Pessoas com Deficiência.

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