Empresário relata conselho de Allyson após cobrar pagamento: “quem não sabe perder não sabe ganhar”

Allyson teria dito frase emblemática a irmão de fé (Foto: arquivo)

Apesar do calote de R$ 481.002,94 relatado na segunda reportagem desta série (leia AQUI), o construtor Francisco Erinaldo da Silva continuou mantendo contatos com Eudócio Mota e com o secretário de infraestrutura Rodrigo Lima, homem de extrema confiança do prefeito Allyson Bezerra (UB).

Essa segunda etapa da história transcorre já em 2022. Mais precisamente no primeiro semestre daquele ano. Enquanto Erinaldo ainda cobrava o restante do pagamento de 2021, lhe foi oferecido novas reformas das seguintes praças: a que fica em frente a UPA do Alto de São Manoel, a das Barrocas, do Basquete no Santa Delmira e dos Abolições III e IV. Ele foi levado por Luiz da FFJ para uma parceria com outro Luiz, o da Octa Engenharia.

Erinaldo condicionou aceitar o serviço, para o qual não estava habilitado via licitação, uma reunião com Allyson e Rodrigo Lima. O prefeito não foi a reunião, mas lhe foi apresentadas garantias como fazer o empresário reaver o lucro das obras anteriores via equilíbrio e reajuste das obras das praças das Barrocas, Basquete, Abolições III e IV.

As obras foram concluídas em dois meses e ele foi alertado que ao longo desse período o reajuste e o reequilíbrio deveriam ter sido publicados, o que não aconteceu. Após várias promessas no estilo “vamos ver”, a ficha caiu para Erinaldo ao ser informado, que pelo fato de as obras terem sido inauguradas, não seria possível fazer as publicações. Após ameaçar não prestar mais serviços como subcontratado de empreiteiras vencedoras de licitações, a demanda foi atendida.

Faltava apenas a Praça do Basquete. Foi aí que surgiu uma nova confusão. Erinaldo estava com 80% da obra pronta e já sabia que a Octa tinha recebido a parte dela. Foi neste momento que ele foi informado que os pagamentos travaram porque Rodrigo Lima teria dito que era necessário devolver 5% da propina em relação ao que já tinha sido pago.

Foi aí que no dia 5 de novembro Erinaldo foi convidado para uma reunião no gabinete do prefeito com a presença de Rodrigo Lima e do então secretário de serviços urbanos Miguel Rogério. Também estavam a chefe dos fiscais de obras Vanesca Rebouças e de Sariny Nobre, uma parente de Allyson, que trabalhava como fiscal de obra. A reunião contou com a presença do empresário Luiz Augusto, da OCTA Engenharia.

Foi feito um novo acerto para dois pagamentos: um de R$ 50 mil de reequilíbrio de uma obra da academia de uma praça e R$ 200 mil das reformas das primeiras praças, lá de 2021. Outro acordo é que a partir daquele momento, Erinaldo passaria a acompanhar as contas bancárias da Octa para saber quando os novos pagamentos ocorreriam.

Mas depois desse acerto a licitação foi cancelada e a A & C assumiu o restante da obra. Segundo o relato a construtora recebeu como se tivesse executado em sua totalidade.

Após muitas idas, vindas e promessas descumpridas a respeito do recebimento do pagamento, Francisco Erinaldo da Silva acabou tendo uma conversa reveladora com o prefeito Allyson Bezerra.

Após ouvir tudo que aconteceu Allyson teria dito, segundo Erinaldo, a frase emblemática: “quem não sabe perder não sabe ganhar” num contexto em que o pagamento teria travado por falta de retorno de 5%.

A frase foi proferida em conversa na igreja, onde eles congregavam após várias cobranças e depois que o distrato com a Octa Engenharia que subcontratava a empresa de Erinaldo.

Retranca

“Allyson sabia tudo e eu não sabia”, diz empresário

Na conversa com o advogado antes de prestar o depoimento, Francisco Erinaldo da Silva afirma que após cair a ficha de que estava sendo enganado, ele concluiu que o prefeito Allyson Bezerra sabia do esquema

“Eu não sabia que ele já sabia de tudo e eu que não sabia. Na verdade, ele sabia de tudo e eu não sabia”, desabafou na conversa gravada antes de prestar depoimento denunciando o esquema ao Ministério Público.

Confira o áudio completo: