Entre doutrinação e educação

Por Tales Augusto*

Ano 1987, a Campanha da Fraternidade tinha o Lema, “Quem acolhe o menor, a mim acolhe…”. Tinha então 9 anos de idade, perguntei ao meu irmão se podia ir para o microfone falar o que eu achava do tema. Ele disse que eu podia ir.

De 1987 para cá, continuo cristão, fui catequista da primeira eucaristia e crisma, onde doutrinei muitas pessoas. Nas Missas e novenas também, quando me convidaram nestes meus 45 anos de vida, para dar meu testemunho, pregar.

O que um professor faz é diferente de um padre ou pastor, é incrível como algumas pessoas não sabem diferenciar isto e ainda tentam fazer com que as pessoas acreditem que professores são doutrinadores.

O que rege a Fé de alguém? Depende da religião, mas os cristãos usam a Bíblia.

E a Educação? Bem, dentre os vários documentos, há a LDB (Lei de Diretrizes e Bases da Educação), no caso do IFRN, o PPP (Projeto Político Pedagógico).

E para todos, cristãos, religiosos de outros credos, ateus, homens, mulheres, galera LGBTQIAP+, crianças, adultos, todos estão sujeitos (ou protegidos) pela Carta Magna.

Nas minhas aulas, alunos ouvem e veem críticas que faço à direita e esquerda, a Lula e Bolsonaro, ao cristianismo e outras religiões, inclusive também criticar o ateísmo. Tudo isso, quando necessário, em sala de aula não sou o cristão, mas o professor. Este usa a ciência, no meu caso, a História.

Leciono tem mais de 20 anos e sou cristão há mais de 40 anos, sei separar ambas as identidades que cultivo. Mas sei também que não cabe fazer da sala de aula um lugar de doutrinação, assim como púlpito partidário. Falaram sobre a Escola Sem Partido, mas ela tem que ter partido sim.

Deve tomar partido contra o racismo, homofobia, em relação à violência contra a mulher, não pode se calar de violências contra crianças, animais, dentre tantas outras temáticas.

A Educação é um processo holístico, sistêmico, o entender requer estudos, onde os Professores são parte de uma categoria que nunca para de estudar.

Tenho Bíblia, base que me protege na Fé e no meu íntimo. Mas também tenho também a Carta Magna, onde tenho direitos e deveres, num Estado Laico que respeito e amo!

*É Professor do IFRN.

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