Eu acuso!*

Eu acuso o HRTM de oferecer um ambiente insalubre, penoso e perigoso para os que ali trabalham, bem como para os pacientes.

Eu acuso o HRTM de não cumprir a legislação e normas básicas para a instalação de um serviço de saúde. Exibir funcionamento irregular, com várias inconformidades em todos os setores.

Eu acuso a UTI do HRTM de ter uma taxa de mortalidade muito superior ao máximo descrito na literatura médica.

Eu acuso o HRTM de não realizar efetivamente nenhuma ação em Saúde do Trabalhador, não ter Comissão Interna de Prevenção de Acidentes e não obedecer as RESOLUÇÕES do Conselho Federal de Medicina: CFM nº 2.056/2013 e CFM Nº 2.073/2014, nem muito menos a NR 32, que é a Norma Regulamentadora que tem por finalidade estabelecer as diretrizes básicas para a implementação de medidas de proteção à segurança e à saúde dos Trabalhadores em Serviços de Saúde, instituída pela Portaria 485, de 11/11/2005, do Ministério do Trabalho e Emprego.

Eu acuso o HRTM de submeter os seus servidores a sobrecarga de trabalho, apresentar deficiências de materiais, equipamentos, medicamentos dentre outras, produzindo repercussões físicas e psicológicas nos profissionais, causando-lhes doenças e prejudicando o atendimento prestado aos pacientes.

Eu acuso o HRTM de sonegar informações acerca de acidentes do trabalho e doenças ocupacionais e do trabalho, prejudicando os seus servidores.

Eu acuso o HRTM de não oferecer Equipamentos de Proteção Individual em número suficiente e compatível com as atividades desenvolvidas pelos trabalhadores.

Eu acuso o HRTM de não atualizar os dados enviados ao CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde), de modo que, várias informações referentes ao hospital são falsas e/ou incompletas.

Eu acuso o HRTM de realizar pagamento de médicos cooperados através de CAIXA DOIS, tendo em vista que não consta no CNES (Cadastro Nacional de Estabelecimentos de Saúde) que o mesmo tenha convênio com cooperativas.

Eu acuso o HRTM de crime ambiental, já que o esgoto de setores altamente contaminados é jogado in natura na rede doméstica.

Eu acuso o HRTM de não ter Laudo Técnico do Corpo de Bombeiros, o que coloca em risco a vida de trabalhadores e pacientes, já que a instalação elétrica é de 1986 e já teve um incêndio na UTI.

Eu acuso o HRTM de não oferecer atendimento digno a muitos pacientes que padecem nos corredores e no chão do hospital.

Eu acuso o HRTM de não oferecer condições adequadas para que os profissionais de saúde possam sequer LAVAR AS MÃOS.

Eu acuso o HRTM de oferecer equipamentos em precárias condições, em especial os Esfigmomanômetros (aparelhos de pressão) não calibrados periodicamente, induzindo a erros na aferição da Pressão Arterial, com consequências trágicas para os pacientes.

Eu acuso o HRTM de permitir que alguns servidores façam uso político de seus serviços.

Eu acuso o HRTM de não fiscalizar o cumprimento da jornada de trabalho de alguns servidores, permitindo que profissionais recebam indevidamente sem trabalhar.

Tenho o dever de falar, eu não quero ser cúmplice. Minhas noites seriam assombradas pelas almas dos inocentes que perderam a vida no HRTM.

Dirijo meu clamor, a todos os cidadãos e cidadãs potiguares, com toda minha revolta de ser humano honesto e temente a Deus.

Desafio todos os homens corretos a tomarem conhecimento do RELATÓRIO DAS CONDIÇÕES DO HRTM elaborado pela OAB subseção de Mossoró/RN, assinado por mim, pelo Presidente da OAB – subseção de Mossoró/RN, Dr. Francisco Canindé Maia, bem como pelo Presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB – subseção de Mossoró/RN, Dr. Rogério Barroso de Oliveira, sem que seus corações encham-se de indignação e não gritem de revolta, vendo a condição desumana a que estão submetidos os pacientes e trabalhadores daquele hospital.

Para tentar justificar as iniquidades do HRTM foi elaborada esta “NOTA DE ESCLARECIMENTO SOBRE PONTOS DO RELATÓRIO DA OAB”, contendo inverdades e calúnias contra mim, na tentativa vã de “tapar o sol com a peneira”. Eu recuso este documento, recuso-o com todas as minhas forças! Um documento ridículo e mentiroso. Escondendo-se atrás de legítima emoção, tenta fazer calar as bocas, confundindo os corações e pervertendo os espíritos. Assistimos a esse espetáculo infame, homens perdidos em crimes que se proclamam inocentes, enquanto tentam manchar a minha honra.

A verdade começa irresistivelmente a aparecer, chegaria um momento que a tempestade explodiria. As coisas estão apenas começando, pois somente agora os fatos estão claros: de um lado, os culpados que não querem que a verdade apareça; de outro, os honestos que darão sua vida para que ela se revele. Quando a verdade fica soterrada, ela toma corpo, e ganha tal força explosiva que, quando explode, leva tudo consigo.

Por fim, eu acuso o HRTM de omissão e de ser responsável por muitas mortes que não precisariam ter ocorrido.

Fazendo essas acusações, não ignoro enquadrar-me nos artigos 138 e 139 do Código Penal Brasileiro, que pune os delitos de calúnia e difamação. E é voluntariamente que eu me exponho.

Quanto às pessoas que eu acuso, não as conheço, não nutro por elas nem rancor nem ódio. Não passam para mim de entidades, de espíritos da malevolência social. O ato que aqui realizo não é nada além de uma ação revolucionária para apressar a explosão da verdade e da justiça.

Não tenho mais que uma paixão, uma paixão pela verdade, em nome dos pacientes que perderam a vida no HRTM e outros que tanto sofrem e que tem direito à felicidade. Meu protesto inflamado nada mais é que o grito da minha alma. Que ousem, portanto levar-me perante o tribunal e que o julgamento se dê à luz do dia!

Espero.

Elsias Nascentes Coelho Neto
Advogado – OAB/RN 12.961 # Médico – CRM/RN 7.991
* Inspirado na CARTA DE ÉMILE ZOLA SOBRE O CASO DREYFUS.

Comments

comments

Reportagem especial

Canal Bruno Barreto